11/10/2012

Directora do Museu Júlio Pomar custará 2800 euros mensais à Câmara de Lisboa.



Directora do Museu Júlio Pomar custará 2800 euros mensais à Câmara de Lisboa
Por Ana Henriques in Público
Fundação gere atelier-museu, mas autarquia paga à directora
Vereador social-democrata fala em clientelismo e diz que autarquia podia ter recorrido a funcionários municipais

O futuro atelier-museu Júlio Pomar já tem uma directora. Sara Marques Matos, de 34 anos, é especializada em curadoria e artes plásticas e vai custar aos cofres da Câmara de Lisboa 2800 euros mensais, isentos de alguns dos cortes salariais decretados para os cargos públicos.
Feita através de ajuste directo, a contratação foi ontem aprovada pelo executivo municipal, apesar de ter levantado alguma polémica. Não por causa do currículo mas pelos custos que implica. O vereador Victor Gonçalves, do PSD, fala mesmo num "certo clientelismo" que "se tem vindo a registar na Câmara de Lisboa, sobretudo na área cultural". Para o autarca, no actual contexto, "é completamente despropositada a contratação de uma jovem especialista, quando se encontraria com muita facilidade" no seio da autarquia "alguém para desempenhar o cargo sem custos acrescidos". O autarca recorda que a Fundação Júlio Pomar, que irá gerir o atelier-museu, "é composta por ilustres socialistas, como Mário Soares", tendo tido recentemente "uma avaliação muito fraca por parte do Governo".
Polémica suscitou igualmente a aquisição de mobiliário para o Cineteatro Capitólio, uma vez que a câmara vai comprar equipamento para um edifício situado num recinto do qual não conseguiu ainda tomar posse administrativa, o Parque Mayer. Em causa está o facto de o tribunal ter anulado a permuta através da qual o município trocou metade dos terrenos da Feira Popular pelo antigo recinto do teatro de revista.
"Se o Parque Mayer é da Bragaparques, não faz sentido que a câmara esteja a apetrechar o Capitólio com quatro mil euros em equipamentos", referiu à Lusa o vereador do PSD. Também o vereador do CDS-PP António Carlos Monteiro alertou para a possibilidade de a autarquia "não ser ressarcida" deste valor. "Não me parece que este comportamento de risco por parte da câmara seja a melhor forma de gerir o Parque Mayer", disse. Por sua vez, o vereador da CDU Ruben de Carvalho salientou que "não há a garantia de que o Capitólio fique na posse da câmara", caso se confirme a nulidade da permuta. "O presidente da câmara em exercício, Manuel Salgado, afirmou que quaisquer que sejam os resultados do processo, e mesmo que haja reversão, os três teatros são propriedade da câmara. Mas nós não temos essa garantia", observou Ruben de Carvalho.
Outra contratação, desta vez para a empresa municipal que gere os bairros sociais, do ex-comandante da Autoridade Nacional da Protecção Civil, Gil Martins, suspeito de peculato e falsificação de documentos, suscitou pedidos de esclarecimento na reunião. Mas a vereadora Helena Roseta desresponsabilizou-se: "Não houve co-decisão, também não pode haver co-responsabilização", declarou, numa alusão ao facto de o assunto, que diz respeito ao seu pelouro, ter, alegadamente, sido decidido sem o seu conhecimento. com Lusa

3 comentários:

  1. A Fundação NÃO gere o Atelier-Museu. Basta isso para retirar toda a credibilidade à suposta notícia que a Lusa divulgou, o Público copiou sem confirmar e o blog repete.

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  2. O artigo não diz que a fundação gere, mas sim que "irá gerir". Que não se desvie as atenções do assunto central, que é o facto de uma senhora de 34 anos (idade que não lhe dá tempo de ser portadora de um currículo que por si só a autorize a ocupar um cargo destes) ir dirigir um museu paga por todos nós. Nós, os que pagamos impostos, claro!

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  3. Júlio Pomar é sem dúvida um grande pintor, quis uma fundação, quis um edifício e o município de Lisboa fez-lhe a vontade e gastou nas obras 900 mil euros e na compra do imóvel uma centenas de milhares de euros.
    Não seria mais sensato ampliar o Museu da Cidade e expor a colecção de arte moderna e contemporânea da CML - onde o espólio de Júlio Pomar. Ganhavam os visitantes, a arte portuguesa, o Museu da Cidade e evitava-se a dispersão do nosso património e dos meios cada vez mais diminutos

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