Essa importância parece ter sido confirmada pelo IGESPAR, que tem este imóvel classificado como Imóvel de Interesse Público (ver aqui). Eu supus muito ingenuamente, durante algum tempo, que património classificado gozasse de uma proteção especial que o protegeria de muitas malfeitorias, como a destruição por negligência ou dolo, mas também contra as modas do tempo que querem transformar peças arquitetónicas de períodos históricos em exemplos híbridos de construção contemporânea, onde não pode faltar, para dizer-se moderno e adaptado às necessidades dos nossos dias, os tais pladures e cozinhas/casas de banho minimalistas, pseudo-design, pseudo-modernas.
Pois na realidade para que serve a classificação se os técnicos do IGESPAR, ou antes as suas chefias, vêem como normal que edifícios como os da Marinha no Terreiro do Paço, o Mosteiro de São Vicente de Fora e este palácio - enumeração conservadora, porque há mais, muitos mais - vêem as suas janelas originais substituidas por outras de alumínio, as tais com os perfis por dentro, entre o vidro duplo. Algumas até têm vidros fumados!
Não me venham, por favor, com o argumento da manutenção. Quem não quer habitar em construções históricas e ter os custos inerentes tem uma série de opções em Lisboa e arredores. Quem tem a guarda de edifícios históricos não pode, nem deve sonhar alterá-los senão segundo critérios de rigor científico na preservação do valor patrimonial.
O que fazer para fazer sentir aos portugueses aquilo que outros lá fora sabem desde sempre, que este tipo de coisas só denota incultura, que por aqui passa desapercebida - somente uns quantos gritam e reagem - mas que aos de fora é mais uma prova do nosso subdesenvolvimento, da nossa "casticidade".
A quem levar estes assuntos já que o IGESPAR está perfeitamente de acordo, a julgar pela sua inação?
O Palácio Bramão ou Ceia, com a janelas originais. |
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