Ciclistas descontentes com faixas para bicicletas na Avenida da Liberdade
Por Ricardo Garcia in Público 15-11-2012
Duas associações de utilizadores de bicicletas dizem que misturar um corredor bus com uma faixa ciclável é um perigo e pode levar a acidentes graves. Câmara de Lisboa diz que não há incompatibilidade
Pela primeira vez na sua história recente, a Avenida da Liberdade, o mais emblemático eixo viário de Lisboa, tem uma faixa para bicicletas. Mas os ciclistas não estão satisfeitos e dizem que a solução adoptada pela Câmara Municipal de Lisboa é perigosa. "Está para acontecer ali um acidente grave", alerta João Barreto, da MUBi - Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta.
O que está em causa é a forma como os ciclistas foram contemplados no rearranjo viário da Avenida da Liberdade, em vigor desde 16 de Setembro. Um dos principais problemas, segundo Barreto, é o facto de se terem colocado as bicicletas numa faixa estreita, junto ao corredor bus, sem qualquer separação física. Os ciclistas, que circulam a 15 quilómetros por hora (km/h), convivem lado a lado com veículos que andam a 50 km/h e que os ultrapassam em tangentes de poucos centímetros.
"Está muito mal feito tecnicamente", afirma João Barreto. Para a MUBi, esta configuração gera graves riscos de segurança, não permitindo margem para desvios inesperados, seja das bicicletas, seja dos automóveis. Uma colisão com tal diferença de velocidades pode ser letal, segundo a associação.
Outro perigo, sustenta a MUBi, está no chamado "gancho à direita" - a viragem dos carros que estão na Avenida da Liberdade, cruzando a faixa bus. Preocupados antes com os autocarros e táxis, os condutores poderão não ver as bicicletas, alerta João Barreto.
Para minorar este risco, seria necessário ajustar os semáforos para um funcionamento em várias fases. Mas a solução ideal, segundo João Barreto, é outra: colocar os ciclistas nas vias laterais, onde estão agora proibidos de andar. João Barreto argumenta que ali os carros circulam a baixa velocidade e seria até possível criar uma faixa ciclável em contra-sentido. "É o sítio natural para se andar de bicicleta", diz.
A Câmara de Lisboa chegou a cogitar esta hipótese. O vereador Fernando Nunes da Silva, responsável pela área da mobilidade, concordava com a ideia da utilização da via lateral, mas diz que ela foi rejeitada por outra associação, a Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta. "É um problema entre duas associações", afirma o vereador.
Seja como for, Nunes da Silva assegura que não há incompatibilidade entre uma faixa para bicicletas e um corredor bus, lado a lado, e diz que esta é uma solução já utilizada em vários países. "Se é compatível em todo o mundo, por que é que não seria compatível em Portugal?", indaga.
A própria Federação Portuguesa de Cicloturismo rejeita, no entanto, a solução que acabou por ser adoptada, dizendo que ela se afasta da que a organização tinha proposto. "No corredor central, é necessário um corredor segregado para as bicicletas", afirma Miguel Barroso, membro do conselho consultivo da federação, para a área da mobilidade sustentável.
Tal como está, sem qualquer separação física entre bicicletas e os demais veículos, a ciclovia inspira na federação o mesmo tipo de receios do que os manifestados pela MUBi. "Concordamos que a solução actual não funciona", diz Barroso, citando os riscos de colisão e do "gancho à direita", e acrescentando outro: "O piso está numa condição péssima".
Passar os ciclistas para as vias laterais, segundo a federação, só faria sentido se houvesse condições de segurança. Andar junto a carros estacionados - que podem abrir uma porta a qualquer momento - ou a cargas e descargas cria mais riscos do que benefícios. "É uma situação muito perigosa", afirma Miguel Barroso.
Câmara diz que modificações estão a funcionar
As modificações na Avenida da República e na Rotunda do Marquês de Pombal estão a funcionar, segundo uma avaliação da Câmara de Lisboa apresentada na sexta-feira a comerciantes, empresas, associações e cidadãos. O volume de tráfego na hora de ponta, medido no primeiro mês das novas medidas, caiu para 1200 automóveis, contra 1500 em 2011, segundo informação da autarquia. Os dados apresentados mostram que a tendência de queda de tráfego na avenida vem já desde 2005. A poluição do ar, em concentração de partículas, também caiu no último mês. A informação disponibilizada na Internet pela câmara não esclarece se outros factores, além do trânsito, podem também ter contribuído.
E eu descontente com os ciclistas que circulam à balda e a toda a velocidade por cima dos passeios, com a maior calma em sentido proibido, não param nos semáforos, etc etc
ResponderEliminaró anónimo deves ser mais um badocha raivoso.
ResponderEliminarse criassem ciclovias de jeito os ciclitas não iam pelos passeios pois na estrada há muito selvagem como o senhor
A "ciclovia" da Avenida da Liberdade é, de fato, um convite ao acidente. Infelizmente a topografia de Lisboa não ajuda a potenciar a utilização da bicicleta mas no minimo deviam tornar a circulação segura para todos.
ResponderEliminarO que eu penso é que a CML tem problemas um bocadinho mais graves e logo importantes para tratar e era melhor que redefinisse prioridades rapidamente. De que nos adiantam ciclovias no meio de prédios entaipados, lixo e buracos? Onde guardamos as bicicletas no centro histórico se a maior parte das casas não tem nem garagem nem arrecadação?
Os atrasados mentais das bicicletas a espumarem de raiva porque o Estado não lhes dá o que querem: um corredor todo chique na Av. da Liberdade.
ResponderEliminarPeçam antes melhores tempos de semáforos para os peões atravessarem.
Peçam antes uma ciclovia em Chelas ou na Ameixoeira, bando de cobardolas. Ah, esperem, nessas zonas há muito pobre e essa gente que coiso.
Mais uma vez, só vejo é generalizações sem nexo; há bons e maus condutores e bons e maus ciclistas.
Sim, a CML tem mais prioridades como a que o Paulo Nunes referiu. Já chega de dar tanto protagonismo à Avenida da Liberdade.
O meu comentário de à uns dias não foi aprovado!!!!
ResponderEliminarEm Chelas tambem há ciclovia na Rua Pardal Monteiro onde dantes era a Feira do Relógio.