Opinião in Público.
O papel do jornalismo no exercício da cidadania
Já se tinham ouvido rumores de uma inevitável crise de sustentabilidade financeira no PÚBLICO, que veio acentuar e agravar a crise de conteúdos e do jornalismo de qualidade nesta fase incerta de transição para o digital.
De qualquer maneira, em ambos os suportes (papel e digital) o desafio de um jornalismo de qualidade, sério, confrontador e acima de tudo amante da honestidade e fiel à verdade só se pode basear numa premissa. Ou seja, na busca dos factos sustentada por critérios rigorosos de investigação, baseada em fontes primárias ligadas à origem dos acontecimentos e respectivo processo de comparação com os testemunhos e declarações dos intervenientes.
Ora, perante a velocidade exigida pelo produto jornalístico no presente e acima de tudo no digital, perante uma crise financeira determinada pela crise de publicidade disponível, perante a tendência para produzir com jovens jornalistas inexperientes pagos em estágios baratos, o jornalista maduro, profissional, experiente e com quadro de seriedade e ética passa a ser visto como alguém demasiado lento, dispendioso, e "complicado" nos seus conteúdos analíticos e reflectidos. Alguém desenquadrado dos ritmos produtivos baseados no imediato e no efémero.
E acima de tudo alguém que incomoda.
Ora, incomodar, questionar, investigar, comparar e expor relatando de forma crítica e inquiridora os factos constituem a essência do bom jornalismo.
Quando exerce bem e de forma equilibrada a sua actividade, o jornalista torna-se no maior guardião e estímulo dinamizador da qualidade da democracia.
E agora, desta palavra democracia associada a uma insubstituível liberdade de expressão, passo a uma outra interligada: cidadania.
Com efeito, a progressiva tendência e tentativa de participação dos cidadãos nos processos de decisão está ligada a um amadurecimento da própria democracia, a uma crise de representatividade da própria democracia, mas também às crescentes tensões vindas da crise e de um novo meio de expressão e comunicação: a Internet.
No entanto, para não se limitar a uma cacofonia caótica inefectiva e auto-aniquiladora, essa mesma cidadania participativa necessita de enquadramentos e contextos condutores.
Ora, esse tem sido o papel dialéctico e enriquecedor de conteúdos e contextos que o jornalismo de qualidade da secção Local do PÚBLICO tem garantido.
Daí a minha profunda preocupação com a ideia de que esta equipa de jornalistas altamente profissionais, experientes e competentes do Local, que tanto tem representado, ao longo dos anos, para o país e para Lisboa, seja destruída e dispersa.
Perante a máquina manipulativa de criação de murmúrios e recados das agências de comunicação ou de jornalistas perversamente convertidos à "desinformação" e "neutralização", a democracia empobrece e com ela a nossa capacidade de discenirmento crítico, e, consequentemente, um perigoso sentimento de impotência e frustração.
No momento em que escrevo, desconheço o desfecho deste processo preocupante que o Local do PÚBLICO atravessa nesta crise.
Mas este testemunho de reconhecimento e de solidariedade transporta uma outra preocupação relacionada com a própria cidadania.
A cidadania terá de garantir a sua própria evolução e consolidação através de um amadurecimento organizativo, mantendo a sua dinâmica e autenticidade espontânea.
Mas, por agora, uma grande saudação aos jornalistas verdadeiros, amantes da verdade!
Historiador de arquitectura
De qualquer maneira, em ambos os suportes (papel e digital) o desafio de um jornalismo de qualidade, sério, confrontador e acima de tudo amante da honestidade e fiel à verdade só se pode basear numa premissa. Ou seja, na busca dos factos sustentada por critérios rigorosos de investigação, baseada em fontes primárias ligadas à origem dos acontecimentos e respectivo processo de comparação com os testemunhos e declarações dos intervenientes.
Ora, perante a velocidade exigida pelo produto jornalístico no presente e acima de tudo no digital, perante uma crise financeira determinada pela crise de publicidade disponível, perante a tendência para produzir com jovens jornalistas inexperientes pagos em estágios baratos, o jornalista maduro, profissional, experiente e com quadro de seriedade e ética passa a ser visto como alguém demasiado lento, dispendioso, e "complicado" nos seus conteúdos analíticos e reflectidos. Alguém desenquadrado dos ritmos produtivos baseados no imediato e no efémero.
E acima de tudo alguém que incomoda.
Ora, incomodar, questionar, investigar, comparar e expor relatando de forma crítica e inquiridora os factos constituem a essência do bom jornalismo.
Quando exerce bem e de forma equilibrada a sua actividade, o jornalista torna-se no maior guardião e estímulo dinamizador da qualidade da democracia.
E agora, desta palavra democracia associada a uma insubstituível liberdade de expressão, passo a uma outra interligada: cidadania.
Com efeito, a progressiva tendência e tentativa de participação dos cidadãos nos processos de decisão está ligada a um amadurecimento da própria democracia, a uma crise de representatividade da própria democracia, mas também às crescentes tensões vindas da crise e de um novo meio de expressão e comunicação: a Internet.
No entanto, para não se limitar a uma cacofonia caótica inefectiva e auto-aniquiladora, essa mesma cidadania participativa necessita de enquadramentos e contextos condutores.
Ora, esse tem sido o papel dialéctico e enriquecedor de conteúdos e contextos que o jornalismo de qualidade da secção Local do PÚBLICO tem garantido.
Daí a minha profunda preocupação com a ideia de que esta equipa de jornalistas altamente profissionais, experientes e competentes do Local, que tanto tem representado, ao longo dos anos, para o país e para Lisboa, seja destruída e dispersa.
Perante a máquina manipulativa de criação de murmúrios e recados das agências de comunicação ou de jornalistas perversamente convertidos à "desinformação" e "neutralização", a democracia empobrece e com ela a nossa capacidade de discenirmento crítico, e, consequentemente, um perigoso sentimento de impotência e frustração.
No momento em que escrevo, desconheço o desfecho deste processo preocupante que o Local do PÚBLICO atravessa nesta crise.
Mas este testemunho de reconhecimento e de solidariedade transporta uma outra preocupação relacionada com a própria cidadania.
A cidadania terá de garantir a sua própria evolução e consolidação através de um amadurecimento organizativo, mantendo a sua dinâmica e autenticidade espontânea.
Mas, por agora, uma grande saudação aos jornalistas verdadeiros, amantes da verdade!
Historiador de arquitectura
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