26/01/2013

COSTA E O “GRUPO ORGANIZADO”



( ...) COSTA E O “GRUPO ORGANIZADO” Do lado dos críticos – foi a ala socrática que mais se levantou a pedir eleições já – aguarda-se a definição do líder. António Costa é desejado como alternativa por este grupo, mas o autarca de Lisboa fecha-se em copas.

Ontem falou publicamente o presidente do PS-Lisboa (um costista), que fez o mesmo que Costa: atirar a decisão para Seguro e deixar tudo em aberto. “É uma decisão que o secretário-geral tem de tomar. É uma decisão difícil e eu não gostava de estar no lugar dele. Deve marcar o congresso de forma a não afectar, não interferir, com o processo autárquico e também permitir o surgimento de todas as alternativas”, disse Marcos Perestrello.

Nesta frente, o argumento é que os objectivos do partido – simples oposição, liderança a dois anos, preparar alternativa para uma crise política – são decisivos para a marcação de calendário. A verdade é que António Costa tem mais pressa que Seguro. Por duas razões: tem de definir já os moldes de uma recandidatura a Lisboa (e se ela avança) e esperar pelas autárquicas pode ser arriscar a oportunidade de chegar a líder – se as eleições correrem bem ao PS, Seguro sai reforçado.

Depois há um ponto a resolver por Costa: ainda há dois anos dizia que “o PS precisa de um líder a tempo inteiro e Lisboa de um presidente de dedicação exclusiva”. À sua volta clama- -se que “os tempos excepcionais do país” justificam a acumulação de funções, mas o autarca não diz nada (nem sobre Lisboa nem sobre o PS) até saber o que fará Seguro. Francisco Assis (que se aproximou de Seguro depois de disputar a liderança com ele) veio ontem empurrar Costa para um caminho, afastando-o de outro, ao dizer que “vai certamente – seria uma grande surpresa se não fosse – travar uma das mais importantes disputas autárquicas do PS, a Câmara de Lisboa”.

Neste braço-de-ferro entre as duas forças socialistas têm-se jogado apoios das distritais. O i sabe que na reunião da próxima semana a direcção vai querer confrontar os críticos, incomodada com o que chama “intoxicação” de um “grupo organizado” (que junta a ala socrática e apoiantes de Costa) nos últimos três meses nas estruturas do partido, enquanto a direcção preparava as autárquicas. Ontem, no Facebook, o candidato do PS a Oeiras, Marcos Sá (um segurista), acusou Perestrello de andar a fazer uma campanha contra o secretário-geral: “Basta de intrigas que só prejudicam o PS e os candidatos autárquicos.” A luta socialista continua intensa, mas por dentro.

Segunda parte do artigo :  PS. Seguro convoca partido para malhar nos críticos internos
Por Rita Tavares, publicado em 26 Jan 2013 in ( jornal) i online

2 comentários:

  1. Por isso mesmo António Costa ainda não definiu se é ou não candidato à CML. Claro. Enquanto não vir que há oportunidade para ascender a líder do PS e poder ser primeiro-ministro, não quererá largar o tacho para onde foi unicamente para ter protagonismo e não ser esquecido. Para ele, Lisboa foi apenas um trampolim político, à imagem do que foi para Sampaio. Tudo boa gente, portanto.

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  2. Trampolim ou não foi do melhor que já passou por lá durante os últimos anos...

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