Orçamento da Câmara de Lisboa chumbado na assembleia
Por Marisa Soares in Público António Costa acusa o PSD de "cegueira", mas diz que não há "drama" para as finanças da capitalO orçamento da Câmara de Lisboa para 2013 foi ontem chumbado na assembleia municipal, com todos os partidos da oposição unidos a votar contra. O chumbo obriga a autarquia a funcionar com o orçamento transposto de 2012, superior em cerca de 180 milhões de euros ao que estava programado para este ano.
António Costa classifica o chumbo como "inconsequente e contraproducente", mas não mostra pessimismo. "Não haverá nenhum drama para a cidade de Lisboa", afirmou, garantindo que o seu executivo vai ser "responsável" e vai "congelar" os 180 milhões que estão a mais em relação à proposta agora rejeitada, que era de 730 milhões.
O documento, debatido ao longo de quase cinco horas a par das Grandes Opções do Plano 2013-2016, teve os votos contra do maior partido da oposição e da assembleia, o PSD, cuja abstenção bastaria para viabilizar a proposta. Votaram também contra os deputados do CDS, BE, PEV, PCP, PPM e MPT. Os votos favoráveis do PS e de cinco independentes não foram suficientes.
O líder da bancada do PSD, António Prôa, já tinha dito que não aprovaria o orçamento caso Costa não aceitasse uma condição: utilizar para "alívio fiscal" dos lisboetas a "folga" orçamental de 30 milhões de euros, parte dos 47 poupados com a diminuição de encargos do serviço da dívida, resultante da amortização de 271 milhões de euros de dívida em 2012, tornada possível pela receita obtida com a venda ao Estado dos terrenos do aeroporto.
"Esses 30 milhões de euros apenas serão devolvidos aos lisboetas em 2014, pela participação do município no IRS. Não percebemos por que é que em 2013 não é aplicado esse mesmo princípio", afirmou António Prôa, durante o debate. "A única explicação que encontro", disse depois aos jornalistas, "é que dá jeito que esses 30 milhões fiquem à solta para serem facilmente consumidos em ano eleitoral".
Costa, por sua vez, acusou o PSD de "cegueira", ao tentar "dificultar ao máximo o funcionamento da câmara". Sublinhando o "rigor na gestão orçamental" deste seu último mandato, que diz ter permitido chegar ao fim de 2012 com "nível de endividamento zero", o autarca afirmou que é "errada" a ideia de que o executivo tem uma folga orçamental.
Isto porque dos 47 milhões de euros de poupança no serviço da dívida, a câmara vai destinar 11 milhões à gestão do Parque das Nações, 3,5 milhões para compensar a perda de receita pelas isenções na derrama, 23 milhões para compensar a redução das taxas do IMI e ainda 4,1 milhões para o Programa de Emergência Social. Tudo somado, diz, a câmara contava usar 41,6 milhões, deixando uma margem "muito estreita" de 5,4 milhões, "facilmente absorvida por uma quebra na receita da derrama ou na receita do IRS".
O presidente da câmara disse ainda que para 2013 está prevista uma nova amortização da dívida em cerca de 48 milhões de euros e que, pela redução da taxa do IMI, é automaticamente reduzida a taxa de conservação de esgotos, que está indexada à primeira.
"Veremos mais tarde o doutor António Costa a dizer que o chumbo do orçamento foi uma maçada e assim justificar insucessos que lhe vão ser apontados", disse António Prôa, numa resposta ao presidente da câmara, depois de este lhe ter perguntado qual era o "verdadeiro motivo" do chumbo. Já em 2010, a oposição tinha chumbado o orçamento. A lei prevê que o município funcione com um orçamento transposto do do ano anterior, que foi de 912 milhões de euros.
Pois, e lá se falou da AML por uma vez. Próxima, daqui a 6 meses? Orçamento, para quê? já se viu que é tudo uma questão de "engenharia financeira". GOP, é nome de agremiação desportiva?, parece.
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