Por Inês Boaventura e Paulo Curado
«A Fundação Aragão Pinto, a quem a Câmara de Lisboa se prepara para concessionar a exploração do Pavilhão Carlos Lopes, pretende que este edifício histórico volte a ser palco de eventos desportivos e de concertos. Mas o projecto da fundação prevê também outras actividades, como “passagens de modelos, festas e até uma discoteca mais intimista”, com “bares de apoio”.
A explicação é de Bruno de Carvalho, presidente daquela fundação de solidariedade social, criada em 2009 com a missão de apoiar crianças e jovens carenciados e com necessidades especiais. Em entrevista ao PÚBLICO, o também candidato à presidência do Sporting afirmou que a reabilitação do edifício, avaliada em cerca de sete milhões de euros, será assegurada “por fundos da fundação e através de acordos com parceiros que irão fazer a exploração de actividades que não estão na esfera da fundação, nomeadamente ao nível do estacionamento e da gestão hoteleira e de espectáculos”.
“Vamos fazer a recuperação total do pavilhão, mas vamos manter toda a traça a nível exterior. A nível anterior, toda a arena vai desaparecer e será construída uma nova”, refere Bruno de Carvalho. O empresário acredita que, depois desta intervenção, o pavilhão poderá albergar “grandes eventos europeus e mundiais desportivos”, bem como “concertos de todo o tipo de música e teatro”. Vão também realizar-se concertos de Verão no exterior, “mais relacionados com as várias culturas regionais do país”.
“Vamos ter uma sala que é lindíssima e que pretendemos alargar. Pensámos fazer ali eventos, passagens de modelos, festas e até uma discoteca mais intimista. Terá também bares de apoio interiores e nas galerias exteriores”, descreve Bruno de Carvalho. Está prevista ainda a instalação no local do “Museu Carlos Lopes” e a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, valência cuja necessidade é destacada pelo empresário atendendo a que “o pavilhão vai passar a ter uma utilização diária”.
Bruno de Carvalho não nega que este projecto da Fundação Aragão Pinto (que passará a ter no pavilhão a sua sede e secretariado) poderá também servir ao clube a cuja presidência é candidato: “Caso ganhe as eleições no Sporting, este espaço poderá ser uma belíssima ajuda para as modalidades do Sporting. Servirá de espaço para treinar, mas não irá inviabilizar a construção de um pavilhão perto do Estádio José de Alvalade.”
A votação da proposta que previa a entrega à fundação do Pavilhão Carlos Lopes, na sequência de um concurso público lançado em 2012, chegou a estar agendada, mas a Câmara de Lisboa acabou por adiá-la até que aquela entidade apresentasse uma garantia bancária e esclarecesse quais as formas de financiamento de que dispunha para financiar o projecto. “Este foi um concurso público internacional e o júri deu-nos a vitória, o que significa que nós cumprimos na totalidade os regulamentos e as suas exigências, quer ao nível do projecto de arquitectura, quer ao nível de explicação de memória descritiva, quer ao nível do modelo de sustentabilidade financeira”, reage Bruno de Carvalho.
Rita Magrinho, que foi vereadora com o pelouro do Desporto, considera “um bocado estranho” o projecto agora apresentado para o edifício. A deputada do PCP na assembleia municipal é contra a concessão do espaço, defendendo que este devia permanecer nas mãos do município, que podia promover a sua reabilitação com as contrapartidas do Casino de Lisboa (uma parcela de 1,7 milhões de euros foi destinada para esta reabilitação e não se sabe que destino tiveram) e com verbas comunitárias, através de candidatura ao QREN.
Edifício definha à espera de reabilitação
Aqui há vidros partidos e paredes rabiscadas
Encerrado em 2003 por falta de condições de segurança, o pavilhão criado na década de 20 do século passado para celebrar o 100.º aniversário da independência do Brasil, é hoje uma sombra do que já foi. Tomado de assalto por pombos e outra passarada ruidosa que vê nos vidros partidos uma oportunidade, o edifício está rabiscado e rodeado de ervas daninhas que crescem sem que ninguém lhes ponha um travão. Junto às estátuas em pedra representando a arte e a ciência, que ladeiam o pórtico nobre, há ainda sinais de um dos vários projectos para o Pavilhão Carlos Lopes que não passaram disso mesmo. As faixas anunciando a criação de um Museu Nacional do Desporto, a inaugurar em 2011 segundo os planos do Governo de José Sócrates, lá continuam, ainda que rasgadas e com uma cor desmaiada que deixa adivinhar o abandono a que o edifício foi votado nos últimos anos. “É uma dor de alma o estado de degradação em que se encontra o pavilhão”, dizia António Costa em 2008. Resta saber o que diria hoje.»
Que tal chamar-se Calor da Noite de Lisboa?
ResponderEliminarA CML está a promover a "dinamização cultural" do património do Centro Histórico com discotecas e bares por todo o lado, sem planeamento e sem cuidar dos fortes impactos sobre o ambiente urbano, com a justificação de que hoje não existem fronteiras entre cultura, entretenimento e lazer!!!
ResponderEliminar