23/04/2013

Câmara viola as suas próprias regras no abate de árvores da Avenida da Ribeira das Naus


In Público
Por José António Cerejo

«Abates desrespeitam normas criadas por António Costa. Câmara ignorou proposta dos projectistas sobre informação no local

O abate de 18 árvores de grande porte efectuado nos últimos dias na Av. da Ribeira das Naus, entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré, não foi alvo de qualquer espécie de informação prévia, violando as regras estabelecidas num despacho emitido em Julho de 2012 pelo presidente da câmara. Durante a semana passada, o empreiteiro encarregue da segunda fase das obras do jardim da Ribeira das Naus procedeu ao corte de 18 árvores. Numa nota ontem divulgada, o gabinete de António Costa diz que a intervenção “está prevista no projecto concebido pelos arquitectos João Gomes da Silva e João Nunes” e inclui, além dos abates efectuados, a plantação de 58 árvores, a transplantação de 23 para outras áreas do mesmo espaço, a manutenção de 20 e a transplantação para outras zonas de mais 41.

A operação suscitou os protestos de moradores e organizações ambientalistas. No site do Fórum Cidadania Lisboa, o presidente da Associação Lisboa Verde, João Pinto Soares, classificou-a como um “hediondo crime” e um “arboricídio”.

Contactado pelo PÚBLICO, o arquitecto João Gomes da Silva, afirmou que as opções tomadas visaram manter todas as árvores que era possível manter e que “foi feito um juízo muito cuidado sobre os abates a efectuar”. O projectista entende que a intervenção está “legitimada” pela “discussão pública do projecto” e pela sua aprovação camarária. Gomes da Silva não garante, contudo, que a remoção do arvoredo tenha sido abordada nas sessões de discussão do projecto, nem sequer que então tenha sido disponibilizado o relatório do estudo fito-sanitário, que, afirma, foi efectuado para avaliar o estado de todas as plantas.

Em todo o caso, sustenta que as árvores já derrubadas estavam em locais que colidem com o traçado das vias previstas, ou com as estruturas arqueológicas a desaterrar. Outras estavam doentes, ou representavam um risco para segurança das pessoas. O arquitecto, salienta, porém, que há duas semanas propôs à câmara a montagem, no local, de um painel informativo com todos os dados sobre a intervenção. “A câmara entendeu não o fazer”, relatou.

No despacho que assinou em Julho, António Costa instituiu seis normas, uma das quais faz depender qualquer abate de árvores da sua autorização. As restantes incidem sobre a obrigatoriedade de informar os cidadãos da intenção camarária, seja através da distribuição de folhetos nas caixas de correio da vizinhança, da entrega de toda a documentação técnica às juntas de freguesia, ou da afi xação de placas junto a cada árvore a abater. Estas acções têm de ser efectuadas pelo menos 15 dias antes da intervenção e os folhetos a distribuir aos vizinhos têm de indicar os locais “onde é possível obter informação complementar e meios graciosos” para contestarem a intenção municipal. Nada disso foi feito e o “microsite” que, segundo Costa, deveria conter toda essa informação no site da câmara nunca foi criado.»

15 comentários:

  1. Cortam-se umas, crescem outras. Qual é o drama? Até parece que estão a falar de pessoas. Nem sequer árvores centenárias eram. Para que querem árvores num parque de estacionamento? Paga o autor do post a lavagem automática diária dos carros?

    Querem árvores, o país está cheio de florestas. Não têm é o conforto da cidade. Há que fazer escolhas.

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  2. O que é verdadeiramente aterrador, para quem vive em Lisboa, é a ausência de alternativas a nível da gestão autárquica.
    Se é lícito antever o futuro olhando para o próximo passado, vemos que TODOS os partidos têm tido responsabilidades na sua gestão (desde o CDS ao BE (passando por independentes) e os problemas da cidade mantêm-se ou agravam-se - nomeadamente os "pequenos-grandes problemas" a que ninguém liga:
    Estacionamento caótico, excrementos de cão, lixo, grafitos até mais não, mendicidade profissional, sarjetas entupidas, cargas e descargas, buracos nos passeios e no asfalto, faixas BUS e paragens da Carris indevidamente ocupadas, EMEL em roda-livre, a DT da PSP a vigiar obras da EPAL e mudanças de casa, árvores derrubadas, ervas daninhas, ecopontos catastróficos, casas a cair, um Metro cada vez pior, etc. etc.

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  3. Toda a gente sabe que quem nada na CML é o Salgado. Mas o Zé vai promover uma acção popular das que promovia dantes e a coisa resolve-se,

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  4. Correcção: quem MANDA (e não quem nada).

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  5. Filipe Melo de Sousa... e eu pergunto, quem é que quer parques de estacionamento num jardim? Farto de carros ando eu! Em vez de aproveitarem o espaço para criarem zonas de lazer que as pessoas pudessem usar, mandaram árvores abaixo e limitaram a zona ribeirinha a um passeio com 10 metros. Tudo para que os carros pudessem passar ali à beira rio. Mandem as árvores todas ao chão, façam-se mais estradas e mais parques de estacionamento. É isso que Lisboa precisa...

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  6. É assim, uns têm que se deslocar ao trabalho. E outros que vivem à custa dos que infelizmente necessitam de mobilidade andam "fartos de carros".

    Infelizmente a vida não é só lazer. Embora para alguns acredito que seja.

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  7. Transportes PÚBLICOS, será que este trabalhador inveterado de verdinho alface sabe o que são e que é neles que nas cidades civilizadas o pessoal se desloca?

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  8. Filipe,

    as suas intervenções neste espaço têm, de facto, flutuações inexplicáveis; uma vez consegue consistentemente sustentar as suas posições, concorde-se ou não, outras estão tão inquinadas por argumentos pueris que me leva a perguntar se devo dar-lhe alguma atenção como fiz até aqui - senão não estaria a responder-lhe.
    Se acha que o país está cheio de árvores é porque não tem muita informação aí na Holanda sobre o que se passa em Portugal e em Lisboa. E mesmo que tivesse está mesmo a suportar que a cidade não precisa de árvores? Saia do armário! Não quer uma vida melhor para todos, não quer um futuro equilibrado. Não finja que quer. Lanço já aqui um repto aos demais leitores. Acabem com o protagonismo destes que não têm uma única sugestão de equilibrio de vida urbana. O mais dramático é que você pertence a uma geração mais informada mas prefere aliar-se à ignorante geração que lhe deu origem. Parabéns!

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  9. Filipe,

    Não limite o seu conceito de mobilidade ao carro. Eu também trabalho e para o fazer tenho que me deslocar. Não uso o carro porque na cidade de Lisboa não faz sentido nenhum, pelo menos para a grande maioria da população que o faz por comodismo.

    Ainda assim, mesmo que houvesse a extrema necessidade de tornar esta frente "amiga do automóvel", certamente haveriam N alternativas ao abate das árvores, aqueles seres que purificam o ar que o seu carro emite e o ajudam a respirar melhor, lhe dão sombra e bem-estar.

    Carros em Lisboa, sim, q.b. Melhorias nos transportes, sim, definitivamente. Abate de árvores, não, NUNCA!

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  10. Caro anonimo, aquilo que chama inconsistência de argumentação é meramente uma adaptação do estilo aos leitores. Por vezes não exerço qualquer auto-censura, mas assim sendo reduzo o universo de pessoas que conseguem compreender o que escrevo. O Emanuel antes de cantar música pimba era um tecnicamente competente intérprete de música clássica. Mas sem aceitação entre os tugas.

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  11. Olá Filipe!
    Deduzo que você não percebe nada de arvores.
    Arvores como as que foram cortadas demoram muitos anos a crescerem até terem aquele tamanho.
    Não percebi aquela das florestas.
    Devo deduzir que defende o fim dos jardins dentro das cidades para se construir mais parques de estacionamento?

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  12. victor ribeiro10:17 da manhã

    Nem poode haver alternativas porque este Presidente da Camara é muito politico e congrrega as boas vontaddes doos "MEDIA" que dominam tudo na vida deste PAÍS"

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  13. Portanto caro Filipe Melo Sousa, se as árvores fossem centenárias e apesar de não se estar "a falar de pessoas", mereciam alguma consideração da sua parte... só não percebi como é que as árvores da sua rua e com a sua mentalidade camarária, chegam a centenárias...
    Árvores num parque de estacionamento? Eu quero. No verão não há melhor. Com a sua mentalidade camarária, pode sempre colocar uma petição a circular pela eliminação dos afídios. E dos pássaros. Dos afídios, pássaros e das árvores. E de tudo que lhe suje o carro.
    De resto, é a continuação da pobreza... olhe que pode ser chocante para si, mas há quem trabalhe e goste de árvores e de muitas outras coisas (de afídios não, mas paciência, não se pode gostar de tudo). -- JRF

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  14. victor ribeiro1:03 da manhã

    1º de Maio , passei esta madrugada pela Avenida Ribeira das Naus e fiquuei aterrado e perturbado com o espetaculo Dantesco que observei com a Desertifficação daquele local onde foram abatidas tantas, todas as arvores!
    Como é possivel tanta falta de sensibilidade e e semelhante barbaridade , ainda por cima sob a égide dum politico- Antonio Costa que é apontado por muitos como a Esperança para um Portugal melhor, mais justo e mais Humano!

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  15. o executivo da cml merece o mesmo destino das árvores da ribeiras das naus: abate a motosserra.
    a substituição daquelas arvores por bonsais ou oliveiras transplantadas é fácil de explicar: gastos com o abate + gastos com a remocao das arvores abatidas + gastos com a compra dos bonsais ou das oliveiras + gastos com o novo sistema de rega + gastos com os arranjos em pedra + gastos com a construcao civil + gastos com a iluminacao incluindo a remocao da existente + gastos com esgotos + etc....
    perceberam? sem gastos o dinheiro nao se mexe, e se o dinheiro nao se mexer, há quem nao ganhe! o cidadao nesta historia so entra na parte em que aparecem as facturas para pagar.
    para quem acredita na tese do aquecimento global é, no mínimo, imbecil substituir as fábricas de processamento do co2 (as arvores abatidas) por bonsais e relva (onde os canídeos hão-de ir defecar perante a indiferença dos queridos autarcas - em flagrante contraste com a pidesca perseguição aos carros estacionados em transgressão).
    esta camara é especialista a espatifar dinheiro (para que alguem o ganhe) A obra do marques de pombal é um excelente exemplo: bastava por os emaforos da av. da liberdade abertos 5 min para os peões e 1 para os carros para obter a reducao da poluicao. mas isso nao custava dinheiro e a treta da rotunda custa-nos a todos mais de 1.5 e6 €...

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