«Lisboa tornou-se nos últimos anos uma cidade sem lei a partir da noite.
O actual executivo camarário promove uma cultura de desrespeito pelos moradores o que torna a vida destes num inferno. Esquece os mais elementares direitos dos cidadãos, consagrados na Constituição da República Portuguesa, que pelos vistos só invocam quando lhes interessa defenderem os seus próprios interesses.
Os direitos ao sossego, ao repouso, à qualidade de vida, à segurança ao respeito pelas pessoas e bens são violentados sistematicamente por opção política do executivo camarário.
Apesar dos alertas sucessivos, petições, abaixo assinados, queixas ao Provedor de Justiça e reuniões com responsáveis autárquicos, este executivo camarário não se compadece e mantém-se inamovível na sua estratégia, activamente promovida nos mercados turísticos internacionais, de colocar Lisboa, e sobretudo os Bairros Históricos, no mapa dos destinos da noite, isto em total detrimento dos seus moradores, fomentando o consumo desregrado de álcool, os comportamentos aberrantes na via pública, a destruição sistemática da propriedade pública e privada dificultando a regeneração dos bairros históricos da cidade que continuam a definhar e a apodrecer.
Grande parte dos estabelecimentos não estão licenciados, não têm as mínimas condições para albergarem milhares de visitantes, as casas de banho são a via pública e as portas das casas, o lixo é deixado por todo o lado acordando os habitantes de manhã numa poça de urina e excrementos fétidos e no meio de uma lixeira depois de uma noite sem dormir por causa do barulho ensurdecedor de multidões que se deslocam de zona em zona em busca de mais álcool e mais divertimento como se estivessem permanentemente num festival de música ao ar livre.
No que toca ao estacionamento, os moradores e comerciantes pagam à EMEL para terem direito a estacionar na zona onde vivem, mas se por acaso regressam mais tarde a casa não o conseguem fazer porque todas as zonas de estacionamento estão ocupadas, mais as passadeiras, as esquinas, a frente de muitas garagens, os lados das ruas que não têm estacionamento autorizado, a própria faixa de rodagem, etc. Se houver uma emergência, é impossível um carro de bombeiros passar em muitos locais.
Nem isso demove o executivo autárquico da sua decisão abrir mais bares, fechar ruas com o objectivo de aumentar o consumo de álcool chegando ao cúmulo de fechar uma rua pública com o patrocínio do Absolut Vodka para promoção da sua marca.
• Onde está a fiscalização da idade para consumo de álcool?
• Onde está a fiscalização sobre o pagamento de IVA nos vários tipos de estabelecimentos de venda de bebidas a partir da noite?
• Onde estão afixados os horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais?
• Onde estão afixados os quadros de pessoal e respectivo horário?
• E porque não actua a Policia à noite sobre as praças de Táxi em segunda fila, o estacionamento caótico, o vandalismo, o barulho ensurdecedor na via pública, o desrespeito pelo cumprimento da lei da idade do consumo de álcool?
• Onde está a ASAE que antes fiscalizava tudo e agora não fiscaliza NADA?
• E no meio de tudo isto onde está o “ nosso “ presidente Dr. António Costa? O principal responsável da Câmara, mais preocupado com a sua carreira politica do que com a cidade que o elegeu, demitiu-se das suas responsabilidades, e entregou a gestão nas mãos dos seus vereadores, os quais resolveram brincar aos autarcas, fazendo experiências ao sabor do seu gosto pessoal, esquecendo-se dos seus munícipes. Não se pode desculpar com o inimputável ex-BE José Sá Fernandes, agora convicto PS, pois colocou-o novamente na sua lista. Os grandes massacrados são os moradores dos Bairros Históricos, em particular, Bairro Alto, Cais do Sodré, Santos, Príncipe Real, mas o fenómeno está a alastrar para outras zonas e outras cidades do país.
Leia-se o artigo da última Revista do Expresso (14/9/2013) sobre o consumo do álcool pelos jovens e atente-se no resultado devastador que as politicas seguidas pela Câmara Municipal de Lisboa têm sobre eles. Para Sá Fernandes, nada disso conta, o sossego dos moradores não é importante, urinar na via pública é normal, os graffitis/tags é uma moda, não tem solução e a sua limpeza é um custo que a Câmara tem de assumir. É fácil assumir custos com o dinheiro dos outros, das nossas taxas e impostos, é sem dúvida muito mais fácil do que promover uma fiscalização e sensibilização eficazes.
O que resta aos moradores? Mudar de casa? Comprar janelas com vidro duplo e corte acústico? Comprar ar condicionado e fechar as janelas? NÃO comprar casa nessas zonas? Então e aqueles que não o podem fazer, e os mais desfavorecidos, aqueles que não têm alternativa em relação às condições em que vivem? Estão sitiados nas sua casas onde de noite nem uma janela podem abrir por muito calor que tenham. Onde estão as preocupações sociais do Sr. Presidente da Câmara para com estes moradores?
Preocupações dessas não tem certamente o vereador Sá Fernandes que inaugurou de copo de Vodka Absolut na mão a rua cor-de-rosa, numa festa com barulho ensurdecedor, que acontece TODAS AS NOITES, esquecendo que ALI À VOLTA MORA GENTE.
Essa gente trabalha, estuda, tem horários a cumprir, paga impostos, cumpre a lei mas vive numa Cidade Sem Lei.
Isabel Sá da Bandeira (Nós Lisboetas)»
Face a estes problemas (que a autarquia cria ou não resolve), seria natural que nós, os prejudicados, apelássemos para a Oposição (a actual ou a que se perspectiva). Mas o que vemos? Um Santana Lopes mudo e quedo durante estes anos todos (só abriu a boca para declarar que "não tem tempo para ser vereador"!), e um Fernando Seara a quem não se conhece uma única ideia com pés e cabeça... E, no entanto, não faltam pontas por onde pegar no caos de Lisboa - vejam-se algumas dúzias [AQUI].
ResponderEliminarO Santana Lopes reclamar do forrobodó que é a night? Eheheh!
ResponderEliminarO deprimente da coisa é que muitos dos problemas de Lisboa resolviam-se, ou pelo menos reduziam-se (enquanto houver selvagens a literalmente mandar o lixo fora pela janela vai ser difícil manter as ruas limpas...), gastando pouco ou mesmo nenhum dinheiro (por exemplo, desconfio que pôr uma tampa duma caixa-de-visita direita custa o mesmo que a pôr torta...), geravam receita (aplicar o código da estrada ao forrobodó do estacionamento com certeza geraria receita...) ou até reduziam custos (obrigar as EDPs, EPALs, etc. a coordenarem as obras para não se andar em ciclos de vem um e esburaca, vem a câmara e asfalta a rua, vem outro e esburaca outra vez...).
Mas quando os 2 grandes partidos veem a Câmara de Lisboa como uma rampa de lançamento para outros cargos...
Mais uma vez
ResponderEliminarUfa....
Só mais uma vez, mas mesmo só mais uma......
Qual era a situação no cais do sodré antes de pintarem a porcaria da rua de cor-de-rosa? A quinta da marinha?
Muito difícil lidar com um povo destes, que diz mal sempre! De tudo. Vocês cansam. Cansam muito.
O lixo e o estacionamento indevido são praticas de uma população mal educada. As leis são para cumprir e as autoridades são responsaveis para fazer com que se cumpram.
Alquém tem a consciência de como era o Bairro Alto 15 anos atrás? Não que agora seja perfeito, que está longe de ser. E quanto valorizaram o preço das casas?
Se fizerem alguma intervenção em alcantara ou no gueto da mouraria ou outros, vamos ter de levar outra vez com esta lenga lenga não é?
Senhores, o estado de degradação, quer do espaço fisico quer social da cidade está a limitar todas as potencialidades que Lisboa tem.
Podiam lançar ideias para ajudar a levantar uma cidade que no geral mete nojo aos cães. Mas dizer mal é tão mais facil..........
E o que especialmente irrita é que essa malta VEM DE LONGE para se dedicar a essa rebaldaria. Se ao menos fossem habitantes das redondezas...
ResponderEliminarQuando forem votar no domingo, porque é que não escrevem qualquer coisa como "Acabem com o Ruído!"
ResponderEliminarJosé Ramos,
ResponderEliminaresse seu "ar blasé" de quem tem de explicar vezes sem conta aos pobres, ignorantes e mal agradecidos é totalmente dispensável e quem está a fazer figura tristes é, exatamente, você. Primeiro porque ainda não teve a sensibilidade de perceber os problemas e queixas legítimas de quem sofre diariamente estes abusos e mal-tratos (o que obviamente não é o seu caso ou ouviriamos outro discurso seu)e depois porque o que se critica é o tipo de vida noturna, não que ela haja de todo.
É uma ilusão que cabe-lhe tratar pensar que o que se está a fazer é recuperação. Não é! Iluda-se o quanto quiser mas não é, nem aqui nem na China. Mas se quiser continuar iludido, pelo menos mantenha a sua promessa e... que tenha sido a última vez.
Exmo. José Ramos
ResponderEliminarCordialmente, pensamos que tem que ter paciência e reflectir.
Neste espaço, há lugar para dar opiniões, o que não acontece em muitos lugares, como nas Televisões ou em outros Blogues.
Como era o Cais do Sodré ou o Bairro Alto há 50 anos?
Será que já tinha idade para fazer as reflexões que hoje lhe são permitidas?
Faça-as e não se limite a ficar impaciente.
Pode falar à vontade dos marinheiros, das prostitutas, das casas das meninas, da gente de trabalho e honrada que também havia e morava nessas Ruas.
Os Valores mudaram mas o respeito, o civismo, a coexistência com o semelhante, a vivência do Bairro, a solidariedade, a amizade, nada teve a ver com o Estado Novo.
Há Valores que sempre foram assumidos desde os tempos tribais.
A sociedade de consumo não nos deve tornar agiotas, ignorantes, egoístas, empacotando nos Lares os valores e os nossos semelhantes ou ascendentes.
Os Bairros, as Ruas, têm que ter tolerância e as pessoas têm que coexistir.
Como sabe e já deve ter visitado, por essa Europa há zonas onde não há comércio e onde se proibe o lincenciamento de comércio, para preservar o espaço residencial.
Em Amesterdão na zona vermelha não vemos algazarra.
Já em Espanha, a cultura do Sul, os brandos costumes, aparece o Botellón. Neste caso, como em Lisboa, o deixar andar, não tomar as medidas acertadas e aceitar novos licenciamentos.
No Cais Sodré, Lisboa também mudou, a prostituição amainou, o Porto de Lisboa perdeu protagonismo.
Fomentar e dinamizar o Comércio desta forma, trazendo à beira-mar os erros incrementados no Bairro Alto é uma Política camarária à deriva e preocupada a agradar a todos, preocupada com os votos.
Só que as contradições inerentes vêm ao cimo e instala-se a discórdia.
Há espaço em Lisboa para salvaguardar os interesses dos moradores e não deixar que o Comércio definhe.
São precisas políticas camarárias diferentes, mas acima disso, são precisas Políticas Nacionais diferentes.
Porque fomos todos a correr nos últimos 30 anos para a construção civil?
Porque a Economia precisou de sobreviver. A legal e a paralela.
Porque acabámos com a Indústria e liquidámos a Agricultura.
Já estamos a maçá-lo caro José Ramos.
Mas como deve saber há por essa Europa, exemplos, como à meia-noite acabar a bebedeira.
Quem suja, limpa.
Dá trabalho, reflectir?
O Costa é cem vezes melhor que o Santana, mas os interesses são muitos e é difícil querer perder a Câmara.
Porque não abdica e fica somente concentrado em vir a concorrer a primeiro-ministro ou a Presidente da República?
Com Bairros reabilitados, o que ainda não começou, Lisboa vai ter muito mais Comércio, muito mais Turismo.
Dá trabalho? Dá.
Mas os autarcas, têm de se concentrar só num trabalho.
Andarem a correr para as Televisões, inaugurações, conferências, Festas, Seminários, jogos de futebol,etc., dará audiências, mas o trabalho fica por fazer, por mais que tenham dezenas de assessores, técnicos, engenheiros, etc. a trabalharem na Autarquia.
Deixámos ideias, mas fica o repto, à sua reflexão.
Não fique impaciente, porque este Blogue vai continuar a manifestar estas contradições de Lisboa e deixe as suas sugestões.
Decerto que vai encontrar muitas soluções a contendo das partes, se não no mesmo local, mais perto ou mais longe.
Os comerciantes também não se dão ao trabalho de reflectir e apresentar alternativas.
As suas Associações têm a tónica de se queixarem, ou não apoiarem os seus sócios, como devem. Dá trabalho?
É mais fácil, apontar as baterias para os Impostos e queixarem-se da ASAE.
Desculpe José Ramos.
Ao Blogue obrigado pela Tribuna.
É preciso votar.
Eu dou as minhas opiniões da forma e com o tom que eu achar mais correcto, não fui nem nunca serei mal educado e não sei que é 'blasé'.
ResponderEliminarSe 10% dos lisboetas se preocupassem com a cidade, mesmo que para dizer asneiras iguais às minhas era bom sinal.
Sigo este blog desde o principio, devo ter lido todas as entradas nele contidas e concordo com 99% das opinões formas de pensar e visões dos participantes. Que não será como eu já expliquei o caso desta questão.
''Deixámos ideias, mas fica o repto, à sua reflexão.'''
Dizia alguém pelas 12h 44.!!
Li com atenção o seu texto e deixar ideias foi coisa que o sr, sra, não fez. Alguns desejos e convicções que todos de certeza concordamos, mas nada mais. E é precisamente isso que me faz vir aqui escrever num tom algo jucoso, admito. Não existe nenhuma capital europeia ocidental com o seu centro histórico tão porco, sujo, mal frequentado como este, buracos nas estradas, nos passeios, aberrações arquitetonicas, e tudo mais. Mas uma rua pintada de cor-de-rosa no cais-do-sodré, de cara lavada, que pode no futuro, não sei, não sabe ninguém, poderá trazer uma imagem mais agradavel na zona, é logo o fim do mundo.
Nós todos somos a identidade da cidade, e não nos podemos por de parte, porque consideramos que são só os outros que fazem lixo, falam alto, buzinam, etc.
Eu quando vejo alguma dessas situações eu tento fazer alguma pedagogia, a possivel!!
Outros só sabem teclar anonimamente.
José Ramos, Arroios
Caro José Ramos, de Arroios,
ResponderEliminarcomo morador de Arroios sabe, como eu que também lá moro, e estado da cidade.
Pintar-se a rua de cor de rosa, e aqui está o cerne do nosso desacordo, não é recuperar, não é sanear, não é projeto para futuro. É precisamente o contrário: fazer um besteirita para tirar ainda mais proveito da degradação, trazendo mais doença onde já há doença. Recuperar a sério não é, nem pode ser porque quem é que vai comprar lá e recuperar uma casa se depois tem este horror noturno? Eu recusei uma casa maravilhosa na Rua do Alecrim exatamente por esse motivo. Não se iludam com estes "jogos de luzes" porque a intenção por trás não é genuína, não está a favor de todos e a longo prazo não está a favor da cidade.
"É preciso votar" - resta saber em quem, porque quem quer que venha vai servir de bode expiatório.
ResponderEliminarEu sou parecido com esta rua.
ResponderEliminar-Sou feio e estou sempre sujo ( fachadas , cantarias, passeios...)
-Estou cheio de dente cariados e borbulhas (descaracterização das fachadas, acrescentos "saloios" continuam pregados nas fachadas e nos pisos térreos, ar condicionados, mobiliário urbano "duvidoso")
Estou sempre desmazelado, não tenho maneiras e sou negligente (desconsideração por edifícios pombalinos restaurados, falta de civismo, desrespeito pelos moradores) ...
Será que se eu me pintar de cor de rosa ficarei com um aspecto mais agradável, ou causarei uma melhor impressão?
Só se quiser passar de desleixado a palhaço!