Até há pouco tempo tínhamos um enorme orgulho na calçada portuguesa: era uma herança que vinha já do tempo dos romanos, era bonita, era permeável, dava luz e brilho às cidades e vilas, enfim… era “nossa”! http://www.peprobe.com/peprobe-library/document/2533/calcada-portuguesa.pdf
Faziam-se campanhas internacionais de promoção divulgando esta arte. http://www.revista.portugalglobal.pt/AICEP/PortugalGlobal/revista49/?Page=17
Louvava-se, em programas da televisão e da rádio, o seu “sortilégio”. http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?audio_id=1776673&content_id=918070
Dignificava-se a profissão enviando mestres calceteiros para executar e reparar a calçada portuguesa que “exportámos” para as sete partidas do mundo.
http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id4.html
http://macauantigo.blogspot.pt/2013/02/calcada-portuguesa.html
http://noticias.sapo.mz/info/artigo/1100880.html
Em Lisboa, o amor à calçada era partilhado pela generalidade da população, residentes e comerciantes. Estes últimos utilizavam muitas vezes a calçada como meio publicitário, inscrevendo aí o nome e símbolos comerciais dos seus estabelecimentos. Era prestigiante ter o nome impresso a branco e negro na calçada e, ainda hoje, ela revela-nos um pouco da história do comércio lisboeta.
A Câmara Municipal de Lisboa utilizava a calçada como revestimento privilegiado em toda a cidade, dando-lhe carácter, beleza e uma coerência notáveis. http://www.gardenbreeze.co.uk/blog/lisbon.html
Foi assim ao longo de muitas décadas e mesmo em recentes intervenções, como as que realizou nas zonas da Expo e do Rossio, a Câmara Municipal de Lisboa, zeladora deste património, “assinou” orgulhosamente, com os seus símbolos, a calçada portuguesa mandada executar por vontade expressa do seu presidente.
E agora, de repente, todos parecem odiar a calçada.
Vá-se lá saber porquê!
Ana Maria Alves de Sousa
Uma das formas de desprezo pela calçada portuguesa vem dos indivíduos que trabalham para as empresas que acedem ao subsolo, através das "tampas de visita" - ao recolocá-las, metem-nas de qualquer forma. Neste 'post', a foto de baixo (tirada no Rossio, em frente à Casa da Sorte) documenta uma situação que já teve de ser corrigida (após indicação minha).
ResponderEliminarPode ver-se como chegou a estar [aqui].
Aqui vos deixo, à laia de anedota, uma história verdadeira:
ResponderEliminarNuma rua de Alvalade, foi necessário levantar parte da calçada para fazer obras. Ao refazê-la, o trabalho foi entregue a um analfabeto que, ao escrever (em pedras pretas) a palavra RESTAURANTE trocou o 1.º "R" por um "B".
E foi assim que o Bestaurante esteve anunciado durante algum tempo...
nem tanto para o mar nem tanto para a terra... nunca houve tanto amor assim como não há tanto ódio. talvez haja zonas que agora têm calçada que amanhã terão outra coisa, mas também haverá zonas que agora não têm nada e amanhã terão calçada.
ResponderEliminarTodos não direi, mas quando o presidente da câmara parece ser o que mais odeia, então estamos mal!
ResponderEliminarArriscando-me a passar por iconoclasta, não queria deixar de notar que a escolha das imagens é significativa. Os troços de calçada artística enchem o olho mas correspondem a menos de 1% da pavimentação em calçada na cidade de Lisboa. O resto é uma visão degradante, e um insulto aos mais de 30% de munícipes com mobilidade reduzida.
ResponderEliminarSeguramente é um lobby qualquer que quer fazer negócio com um novo pavimento e/ou obras...
ResponderEliminar..concordo !
ResponderEliminarA industria do "pronto a colocar" deve ver aqui grandes ngociatas no virar da esquina.