Câmara
discute na quarta-feira o Regulamento de Ocupação da Via Pública, que prevê uma
"discriminação positiva" de quem cobrir os andaimes com
"instalações artísticas".
Por Inês Boaventura, Público de 25 Março 2014
A câmara quer melhorar a qualidade ambiental da cidade, incluindo a sua imagem
Imagem de José Fernandes
A Câmara de Lisboa quer que a ocupação da via pública com
estaleiros de obras deixe de ser a regra e passe a ser a excepção e que se opte
por “estruturas sobrelevadas” sempre que possível. Além disso, o município
propõe-se atribuir reduções de taxas quando as telas que cobrem os andaimes
reproduzirem as fachadas dos edifícios ou apresentarem “instalações
artísticas”.
Isto
mesmo consta da proposta de Regulamento de Ocupação da Via Pública com
Estaleiros de Obras, que vai ser discutida na reunião camarária desta
quarta-feira. Depois de aprovado, o documento, que visa substituir aquele que
está em vigor desde 1992 e que foi alterado pela última vez seis anos depois (e
que se intitula Regulamento sobre Ocupação de Via Pública com Tapumes,
Andaimes, Depósitos de Materiais, Equipamentos e Contentores para Realização de
Obras), deverá ser submetido a discussão pública por um período de 30 dias.
“Atenuar os impactos negativos” dos estaleiros de obras e
“simultaneamente melhorar a qualidade ambiental da cidade, nomeadamente a sua
imagem”, são os principais objectivos do novo regulamento, como explica o
vereador da Reabilitação Urbana e do Espaço Público.
Manuel Salgado defende, em declarações ao PÚBLICO, que esta era
uma medida “urgente”. Porquê? “Porque o regulamento em vigor está
manifestamente desactualizado relativamente às exigências que se colocam hoje
em dia ao nível da segurança dos peões e da libertação do espaço público”.
O que se pretende é que daqui para a frente os estaleiros fiquem
localizados “no interior da parcela ou lote de terreno onde decorre a obra”.
Quando isso não for possível, diz-se na proposta de regulamento, “pode ser
excepcionalmente autorizada a ocupação da via pública ou de outros espaços
públicos, preferencialmente com estruturas sobrelevadas, para que não seja
prejudicada a utilização daqueles espaços públicos, ao nível térreo”.
“Como se faz em muitas cidades por este mundo fora”, constata
Manuel Salgado. O autarca acrescenta um outro dado: quando a ocupação da via
pública for autorizada a ideia é que se reduza o tempo de permanência do
estaleiro “ao mínimo necessário” e que a área ocupada vá sendo libertada
faseadamente, à medida que a obra avance.
Está ainda previsto que, em articulação com o Regulamento
Municipal de Taxas Relacionadas com a Actividade Urbanística e Operações
Conexas, haja “uma discriminação positiva”, como lhe chama o vereador, quando
os estaleiros forem cobertos com telas que reproduzam as fachadas dos
edifícios. Ou quando apresentarem “instalações artísticas, que qualifiquem a
imagem do andaime e desde que não coloquem em causa a segurança e a
funcionalidade do mesmo”.
Na Baixa Pombalina e nos “arruamentos principais da cidade”,
incluindo as avenidas da Liberdade, Fontes Pereira de Melo, da República e
Almirante Reis, a intenção do município é que a reprodução da fachada seja a
regra sempre que o tempo de permanência dos andaimes se prolongue por mais do
que nove meses.
Quanto aos jardins e outros espaços verdes públicos, o documento
estabelece que “só em casos excepcionais” é permitida a sua ocupação “com
estaleiros e depósitos de materiais”. A emissão de uma licença para esse fim “fica
condicionada à prestação de uma caução, de valor a definir pela Câmara
Municipal”. Essa caução, explica Manuel Salgado, destinar-se-á a “recuperar o
que não tenha sido recuperado pelo empreiteiro”.
Do novo regulamento, o vereador destaca ainda o facto de este
definir que todas as obras deverão passar a ostentar uma placa, colocada “à
altura dos olhos” dos peões, com informações como “quem é o promotor, o que é
que vai ser feito, qual o prazo previsto para a conclusão da obra e para a
retirada do tapume, e qual o contacto a usar, por exemplo para denunciar o não
cumprimento de regras de segurança ou saber mais sobre a obra”.
Manuel Salgado reconhece
que algumas das novas determinações do município se vão traduzir em custos
acrescidos para os promotores das obras. “É preciso bom senso. Precisamos de
reabilitar mas também temos de ter em conta os cidadãos comuns, não os podemos sujeitar
aos riscos de acidentes. Tem de haver equilíbrio”, justifica.
Pois....e é favor PROTEGER devidamente arvores nas imediações dos estaleiros ! “Como se faz em muitas cidades por este mundo fora”
ResponderEliminarHummmm.....essa do "mundo fora" teve piada
Em frente do Jardim de Santos, há quanto tempo estará a ocupar a via pública uma geringonça junto a um local onde acabou por não ser construido nada (e onde até existe de há tempos para cá uma magnífica piscina de água da chuva)? Dois anos? Mais? E ninguém da JF ou da CML ou da Polícia Municipal - ou outra autoridade - reparou?
ResponderEliminarFrivolidades, devaneios e futilidades, numa equipa camarária que nada de jeito faz em Lisboa a favor dos munícipes. O importante não é a cobertura da obra com desenhos artísticos. O importante é que a obra em si fique bem feita, seja realizada legalmente e com respeito pelas normas de segurança e higiene no trabalho, e que o resultado da obra seja eficaz e se enquadre bem no meio envolvente. Mas isso parece pouco interessar ao executivo da CML ... e aos munícipes.
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