Terminado o debate, a Assembleia Municipal de Lisboa
vai discutir, a 25 de Março, uma proposta concreta para apresentar ao município
Por Inês Boaventura, Público de 12 Março
2014
Pelo menos numa coisa PS e PSD estão de
acordo: a melhor solução para a Colina de Santana é a elaboração de um Plano de
Acção Territorial, sem o qual não deverão ter seguimento os pedidos de
informação prévia já apresentados à Câmara de Lisboa para os terrenos dos
hospitais de São José, Santa Marta, Capuchos e Miguel Bombarda.
A ideia foi defendida esta terça-feira
por deputados de ambos os partidos, naquele que foi o quinto e último debate
sobre a Colina de Santana promovido pela Assembleia Municipal de Lisboa, por
sugestão da sua presidente. Para o dia 25 de Março foi já agendada a discussão
de uma proposta deste órgão autárquico sobre o tema, no seguimento da discussão
que se vem fazendo desde Dezembro de 2013.
“Ao longo deste debate foi possível
levantar problemas, suscitar questões, apresentar propostas”, resumiu a
presidente da Assembleia Municipal, lembrando que agora há que, “com toda esta
matéria, tentar construir uma posição em que a assembleia e os cidadãos se
revejam”. Tendo a plena consciência de que essa não será uma tarefa
fácil, Helena Roseta apelou aos deputados municipais para que “ponham a mão na
consciência” e para que se lembrem que são, neste processo, “aqueles que
representam o povo de Lisboa”.
“Dia 25 vamos prestar contas daquilo que
somos capazes de fazer”, afirmou a autarca, reconhecendo ainda assim que não
espera “um milagre”. Helena Roseta, que foi aplaudida pelos deputados
municipais e pelo público por esta sua iniciativa, recordou que houve vários
“velhos do Restelo” a dizer-lhe que este era “um debate inútil”. “Mas eu não
acredito que em democracia haja uma política de factos consumados
sistematicamente”, vincou.
Rui Paulo Figueiredo, o deputado
socialista que esta terça-feira presidiu à mesa, considerou que este tem sido
um debate “muito vivo, participado e que reflecte o verdadeiro papel da
Assembleia Municipal, como parlamento da cidade”.
Pelo PS, Rita Neves afirmou que o
Governo deve clarificar a sua posição relativamente ao futuro dos hospitais da
Colina de Santana, recusando que estes possam ser “pura e simplesmente
suprimidos”. É preciso, disse, que a prestação de cuidados de saúde e a sua
qualidade sejam garantidos.
Quanto ao futuro desta zona de Lisboa,
Rita Neves disse que os pedidos de informação prévia já apresentados pela
Estamo, a imobiliária de capitais exclusivamente públicos proprietária dos
terrenos em causa, “são apenas uma parte da solução”. Aquilo que o seu partido
defende é que seja elaborado um Plano de Acção Territorial, que planifique e
calendarize as acções a executar por cada um dos actores e que constitua “um
compromisso transparente e escrutinável”.
Também Victor Gonçalves, do PSD,
defendeu, como tinha já feito em ocasiões anteriores, a execução desse plano,
reconhecendo no entanto que um instrumento desse tipo não tem de ser
obrigatoriamente aprovado pela Assembleia Municipal.
Carlos Silva Santos, do PCP, sublinhou
que ao longo do debate a generalidade dos intervenientes defendeu que os
hospitais existentes na Colina de Santana e devem manter-se em funcionamento.
Já Isabel Pires, do BE, lembrou a necessidade de se promover uma reabilitação
desta área “que não destrua o património existente” e que permita “o
rejuvenescimento da cidade sem a descaracterizar por completo”.
Maria Luísa Aldim, do CDS, afirmou que
esta pode representar “uma verdadeira oportunidade para um projecto integrado
de reabilitação urbana”. O PEV e o MPT criticaram todo este processo e o fecho
anunciado dos hospitais, enquanto o PAN sugeriu que parte das verbas
resultantes da concretização dos projectos imobiliários fosse aplicada na
“renovação dos centros de saúde da zona”.
Finalmente, o deputado independente
Fernando Nunes da Silva frisou que o debate que agora termina foi uma
demonstração de que “esta Assembleia Municipal não está disponível para ser
remetida para um papel secundário”, em que se limite a aprovar “propostas
discutidas à porta fechada”.
Ah, mas então o PAT não é para ser aprovado pela AML?! Olha, teatro independente :-)
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