A chuva intensa destes dias não deve estar a ajudar nada. A aparente suspensão dos trabalhos de requalificação dos Terraços do Carmo, que assegurarão a ligação entre a Rua Garrett e o Largo do Carmo, através do denominado Pátio B, poderá estar a pôr em perigo a estabilidade dos terrenos e dos edifícios em redor do Convento do Carmo. Por isso, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) prepara-se para aprovar a adjudicação de uma empreitada urgente visando a garantia de estabilidade e segurança dos taludes e respectivas zonas, edifícios e monumentos adjacentes. Tudo porque o empreiteiro está em dificuldades financeiras.
A proposta subscrita pelo vereador com o pelouro das obras, Jorge Máximo, e a ser apresentada esta quarta-feira (24 de Setembro), durante a reunião púbica do executivo municipal, prevê a “execução de trabalhos estritamente necessários e urgentes de estabilização, contenção, reforço, infra-estruturas e impermeabilização, das zonas A e B dos Terraços do Carmo e sua área envolvente”. A intervenção, que terá um custo estimado de 1,680 milhões de euros e um prazo de execução de 180 dias, nasce da constatação do impasse a que os trabalhos chegaram e das consequências que tal situação poderá acarretar para o património.
As obras de requalificação dos Terraços do Carmo, cujo projecto é da autoria de Siza Vieira – e acaba por funcionar como o encerramento do grande plano de reabilitação concebido pelo arquitecto para a área atingida pelo incêndio do Chiado de Agosto de 1988 -, iniciaram-se no Verão do ano passado. Mas, pouco tempo depois, foram suspensas. Isto porque a última fase dos trabalhos arqueológicos naquele local– iniciados em 2008, pelo Centro de Arqueologia de Lisboa, sob alçada da CML – revelou, além de diversos corpos de uma necrópole, uma série de achados considerados de grande relevância e, sobretudo, permitiu pela primeira vez observar das fundações da cabeceira do convento. Tal obrigou à reformulação do projecto original de Siza.
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