Dr. António Costa,
Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas
Dr. Daniel Gonçalves,
Exmo. Senhor Director-Geral da Associação de Turismo de Lisboa
Dr. Vítor Costa
Como é do conhecimento de Vossas Excelências, o estado actual do Pavilhão dos Desportos/Pavilhão Carlos Lopes, sito no Parque Eduardo VII, inspira os maiores cuidados a todos quantos se importam com o património de Lisboa, conforme reportam as fotos em anexo, tiradas recentemente, e a reportagem da SIC emitida há poucos meses - há, inclusive, portas abertas para o exterior, pessoas a pernoitarem no interior e foram já danificados azulejos dentro do espaço.
Escusado será lembrarmos as vicissitudes várias por que tem passado este legado da Grande Exposição Internacional do Rio de Janeiro, de 1923, designadamente quanto ao encontrar uma solução definitiva acerca da sua recuperação e viabilização como equipamento ao serviço da população de Lisboa. Este edifício, aliás, embora tenha sido concebido para ser temporário, terá ganho considerável reforço construtivo aquando das obras de adaptação para o mundial de hóquei em patins de 1947.
Trata-se, a nosso ver, além de um belo exemplo da Arquitectura Ameaçada dos Séculos XIX e XX, enquanto pavilhão de gosto ecléctico e revivalista, como o atestam a sua silhueta, a sua planta e os seus elementos decorativos, dos azulejos às esculturas das fachadas e interior; de um equipamento fundamental para a revitalização de que todos ansiamos para o Parque Eduardo VII e a sua envolvente, cuja fruição pelos lisboetas continua a ser insuficiente, dado o potencial evidente, e efémera, sobretudo em função da Feira do Livro e de outros acontecimentos esporádicos.
Ultrapassados que estão os projectos, mais ou menos megalómanos, de recuperação deste Pavilhão, que passavam, alguns deles, pela total demolição do interior do edifício, pela adulteração da fachada a nascente com intervenção de cariz "contemporâneo", outro, e por investimentos de grande escala, todos ; solicitamos a Vossas Excelências, enquanto responsáveis máximos das entidades a quem cabe encontrar uma resolução do problema, CML (proprietária), Junta de Freguesia das Avenidas Novas (órgão eleito pela Freguesia respectiva) e Associação de Turismo de Lisboa (o Pavilhão tem, antes de mais, um extraordinário potencial turístico-económico-cultural), que cheguem a um entendimento quanto ao futuro imediato do Pavilhão, permitindo-nos sugerir que esse entendimento passe pela:
1. Efectivação de um convénio entre a CML, Junta de Freguesia das Avenidas Novas e Associação de Turismo de Lisboa (ATL), no qual a CML proceda à cedência provisória do Pavilhão conjuntamente àquela Junta e à ATL, por um período de 3 anos (até final do corrente mandato), renováveis por 4 anos por acordo mútuo e consoante os resultados entretanto atingidos, com vista ao desenvolvimento e à implementação urgente de um projecto de recuperação total do edifício.
2. Nesse protocolo, a Junta de Freguesia e a ATL assumiriam a recuperação do edifício como sendo um projecto estruturante para a Freguesia e para o turismo da capital, responsabilizando-se por:
2.1 Encetarem, urgentemente, um levantamento exaustivo das condições estruturais do edifício e das necessidades do reforço imediato das mesmas, recorrendo a:
a) Protocolo com entidade independente de reconhecido mérito na área da engenharia de estruturas, com vista à elaboração e acompanhamento de projecto.
b) Mecenas na área da hotelaria e afins, existentes nos limites geográficos da Freguesia e ao “crowdfunding”, para efeitos de angariação dos fundos necessários a esse fim.
2.2 Planearem, calendarizarem e desenvolverem a intervenção de recuperação total do edifício, exterior e interior, assente no recurso a verbas próprias e ao mecenato, “crowdfunding”, Orçamento Participativo (ex. parte específica da obra - reparação do telhado, reparação da fachada principal, restauro da azulejaria) e aos instrumentos existentes de apoio à reabilitação urbana e à valorização turística.
2.3 Desenvolver, em parceria com os pólos universitários existentes na Freguesia, o necessário estudo de mercado sobre que projecto de ocupação/exploração futura do Pavilhão (ex. uma solução mista entre a prática(ensino) desportiva possível e/ou mercados Campo de Ourique/Ribeira e saraus e eventos culturais/artesanato?), de modo a que seja possível garantir a boa prossecução dos objectivos propostos, isto é, garantir o resgate definitivo do Pavilhão e o seu pleno usufruto pela população, contribuindo em última instância para a melhoria significativa da oferta turística da capital e para o "upgrade" do Parque Eduardo VII.
3. Em resultado disso, seja lançado o necessário concurso público para viabilizar o desiderato do ponto anterior, seja pela concessão global de todo o edifício, seja parcial.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, José Filipe Soares, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Martins, Pedro Henrique Aparício, Alexandre Marques da Cruz, Miguel de Sepúlveda Velloso, Júlio Amorim, Paulo Lopes, Jorge Manuel Batista, Virgílio Marques, Inês Beleza Barreiros, Gonçalo Maggessi
Cc. AML, DGPC e Media
Quer-me parecer que seriam mais bem sucedidos se fosse solicitada ao arq. Salgado a demolição de todo o interior do edifício e a transformação do espaço num local de eventos deixados á imaginação do vereador Sá Fernandes.
ResponderEliminarEu sei que a intenção é boa, mas não me parece que alguém esteja disposto a recuperar o edifício, ainda mais com constrangimentos arquitectónicos, para o devolver à CML após 3 anos.
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