A lista de projectos que mais votos conquistaram inclui um
que foi apresentado pelo presidente da Junta de Freguesia de Campolide.
Por Inês Boaventura, Público de 12 Novembro 2014 | Imagem de Rui Gaudêncio
As ciclovias estão entre as prioridades dos lisboetas
As bicicletas voltaram a estar em destaque naquela que foi a 7.ª
edição do Orçamento Participativo de Lisboa, tal como já tinha acontecido em
anos anteriores: entre os 13 vencedores há três projectos que prevêem a criação
de percursos cicláveis na cidade e um outro relativo à criação de caminhos “que
promovam a mobilidade suave e de recreio” no Parque Florestal de Monsanto.
Os
vencedores foram anunciados esta terça-feira, numa cerimónia na Câmara de
Lisboa. Na concretização deste orçamento vão ser investidos 2,428 milhões de
euros, verba que a vereadora da Economia e da Inovação, Graça Fonseca, garantiu
que já está incluída no Orçamento para 2015.
A proposta que mais votos arrecadou foi a “U-Lisboa em
Bicicleta”, que prevê o estabelecimento de ligações cicláveis entre os
diferentes edifícios da Universidade de Lisboa, que se encontram dispersos pela
cidade. Na concretização deste projecto, no qual votaram 4588 pessoas, o
município vai investir 500 mil euros.
Segundo a coordenadora da área de sustentabilidade da reitoria
daquela universidade, está em causa um percurso com 24 quilómetros, que
permitirá unir a Cidade Universitária, a Alameda, a Ajuda, o Chiado e o
Quelhas. Márcia Valério admite que nalguns pontos do trajecto será possível
“reaproveitar” pistas cicláveis já existentes e que noutros a solução
encontrada passará pela partilha de espaço com os automóveis, frisando que este
será um projecto não só para os estudantes, mas “para a cidade”.
Em segundo lugar, com 2452 votos, ficou a proposta “Trilhos de
Monsanto”, que visa a criação de uma “rede hierarquizada de caminhos que
promovam a mobilidade suave e de recreio” em Monsanto e que tem um custo
estimado de 450 mil euros.
Entre os projectos com valor igual ou inferior a 150 mil euros
houve 11 vencedores, dispersos por várias freguesias da cidade. A
requalificação da Azinhaga das Carmelitas (Carnide), uma intervenção de arte
urbana na Rua Adriano Correia de Oliveira (Avenidas Novas), a criação de um
pomar na Quinta dos Lilazes (Lumiar), a requalificação do espaço exterior da
Escola Básica da Alta de Lisboa (Santa Clara) e a requalificação do Mercado de
Levante Sul (Alvalade) estão entre as propostas que vão ser concretizadas.
Os projectos que mais votos conquistaram incluem também um
“plano de divulgação associado à história da Igreja de São Cristóvão [Santa
Maria Maior] e seu acervo artístico”, “uma iniciativa de formação rápida de
programadores” e a criação de “uma aplicação móvel que permita aos cidadãos
colaborarem em tempo real com entidades responsáveis pela sua cidade”.
Em Campolide vai ser desenvolvido um projecto de “alternância de
materiais na calçada”, que tem a particularidade de ter sido apresentada pelo
presidente da junta. A ideia, como explicou ao PÚBLICO André Couto (PS), é
intercalar calcário e granito no chão de parte da zona antiga da freguesia,
onde vivem muitos idosos para os quais a locomoção na calçada tradicional
representa “uma dificuldade enorme”.
O autarca lembra que “todos os anos Campolide tem tido uma
proposta vencedora no Orçamento Participativo” e que o papel da junta tem sido
essencialmente o de divulgar os projectos que se localizam no seu território,
apelando ao voto nos mesmos. Mas desta vez a iniciativa de apresentação da
proposta foi mesmo assumida por André Couto. “Nasci e cresci na zona antiga de
Campolide e senti sempre este problema. E era uma bandeira da minha
candidatura. Era uma questão que me era muito querida e é um legado que vou
deixar”, justificou.
Integram ainda a lista de 13 vencedores dois projectos
relacionados com a melhoria das condições para a mobilidade ciclável, que foram
apresentados pela mesma pessoa e que se sobrepõem parcialmente no território. O
primeiro prevê a criação de “ligações cicláveis” entre o eixo Av. da
República/Av. Fontes Pereira de Melo/Av. da Liberdade e o eixo Av. Almirante
Reis/Av. Guerra Junqueiro/Av. de Roma. Já o segundo, de acordo com a descrição
distribuída aos jornalistas pela câmara, pede que se criem “condições para a
mobilidade ciclável” no último eixo mencionado.
Nesta que foi a 7.ª edição do Orçamento Participativo
registaram-se 36.032 votos, número que representa um acréscimo face aos 35.922
do ano passado. Segundo Graça Fonseca, desde 2008 os cidadãos apresentaram 4727
propostas à câmara, que já consagrou a esta iniciativa um total de 26 milhões
de euros. A vereadora reconheceu que ao longo desse período houve “vicissitudes
e atrasos”, mas preferiu destacar que “hoje a cidade tem equipamentos, espaços
e projectos que não existiriam se as pessoas não tivessem apresentado
propostas”.
A pista ciclável devia atravessar toda a Almirante Reira até ao Martim Moniz, aproveitando para se arborizar toda essa avenida como deve ser..
ResponderEliminarInfelizmente o Orçamento Participativo, tal como existe, é dado a que grupos de interesse possam votar vezes sem conta no projeto que propuseram ou que mais lhes convém.
ResponderEliminarO resultado é que poucos foram os projetos apresentados que realmente servem Lisboa e os seus cidadãos. E não me refiro apenas a esta edição do OP.
Dos restantes vencedores, a maior parte ainda está à espera que comecem obras ou a implementação do projeto.
Isto não é um verdadeiro OP.
Falta transformar a Av Infante D Henrique totalmente em pista ciclável para os excelentíssimos senhores ciclistas que ali preferem não ir pela ciclovia, que é muito estreitinha. E estão cheios de razão.
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