A fiscalização da venda de bebidas para consumo na rua após a 1h deixa um grupo de moradores reticente. "Vai correr pessimamente", dizem, acusando ainda a câmara de ter medo de "impopularidade".As coisas mudaram pouco. Pelo menos é isso que dizem Isabel Sá da Bandeira e Miguel Velloso, elementos do grupo de moradores “Nós Lisboetas” que representa as zonas do Cais do Sodré e Santos. Desde sexta-feira passada, 23 de janeiro, entrou em vigor um despacho que obriga os bares a fecharem às 2h durante a semana e 3h aos fins de semana. As lojas de conveniência passaram a encerrar às 22h, quando antes estavam autorizadas a funcionar até às 2h. A medida “mais inovadora”, como lhe chamou Carla Madeira, presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia, prendia-se com a inibição de venda de bebidas alcoólicas para consumo na via pública a partir da 1h. Qual era o objetivo? “Diminuir o número de pessoas na rua”, explicou a presidente da junta. “Vai correr pessimamente. É impossível ter um polícia à porta de cada bar”, adivinha o grupo de moradores, que acusa ainda a câmara de “inércia” e de recear “impopularidade”.
“Não tenho fé nenhuma [nestas medidas]”, desabafa Isabel Sá da Bandeira, ainda que reconheça sinais positivos da câmara. “Temos de reconhecer qualquer coisa: até há seis meses éramos completamente ignorados. Há um passo dado. Isto também passa por uma mudança de mentalidade, mas é insuficiente. Está a anos-luz do que se faz lá fora.” O tal exemplo de fora, também referido por Carla Madeira na sessão extraordinária da CM de Lisboa de 13 de janeiro, diz respeito ao que acontece, segundo a mesma, em “Barcelona, Sevilha, Valência, Madrid, Paris, Estrasburgo, Praga, Londres e Roma”.
Nessa sessão extraordinária foi apresentada uma petição por parte deste grupo de moradores que pretende tornar-se numa associação para ter mais peso e encurtar distâncias entre população e poder local. A petição, assinada por 1.619 pessoas, contava com quatro pontos principais:
• Restrição do consumo e venda de bebidas alcoólicas na via pública, fora de esplanadas e outros recintos autorizados à semelhança do que existe em Espanha, França, Inglaterra, Alemanha e muitas outras cidades do mundo.
• Regras e procedimentos com vista ao cumprimento da lei do ruído e respetiva fiscalização.
• Restrição e uniformização dos horários dos estabelecimentos de venda de bebidas alcoólicas no Bairro Alto, Cais Sodré, Príncipe Real, Santos para horários compatíveis com o direito dos moradores ao descanso.
• Revisão do licenciamento zero nos bairros históricos.
Passados dez dias da sessão extraordinária, a nova lei entrou em vigor. E que tal? “Está tudo igual no Cais do Sodré. Em Santos nota-se que algo mudou, porque se veem zonas fechadas às 2h”, diz Isabel. No Cais do Sodré, nomeadamente na Rua Nova do Carvalho (rua cor-de-rosa), foram poucas ou nenhumas as mudanças, concretamente para bares como Europa, Viking, Tokyo, Copenhaga, Liverpool, Oslo, Sabotage, Bar do Cais, Povo, Pensão Amor. Porquê? Porque o despacho da CM de Lisboa permite que nada mude para aqueles que têm licença de espaço de dança, espaços insonorizados, com segurança privada à porta e com sistema de videovigilância.
Por todas essas exceções no despacho, o “Nós Lisboetas” prefere focar-se e centrar “a batalha” no controlo do consumo de bebidas alcoólicas e consequente ruído na via pública.
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Botellón na via pública deve ser rigorosamente interdito. Mas andam a iludir quem é incomodado toda a santa noite com medidas da treta. O resto é conversa.
ResponderEliminarE que tal dar conhecimento desse famoso despacho da CML à Provedoria de Justiça, bem como das justas preocupações dos moradores dessas zonas desregradas ?
ResponderEliminarReagindo a Vítor
ResponderEliminarObrigado pelo comentário e sugestões. tudo isso, contudo, já foi feito e nunca a CML deu o menor seguimento
E que tal dar voz a quem gosta da noite? Falam de Madrid? De Londres? Vê-se que não têm qualquer conhecimento. Madrid tem movida a noite toda e esse é um dos motivos porque atrai tantos turistas. Todas as grandes cidades têm zonas nocturnas abertas até de manhã como deve ser. Esta canalha confunde convívio com abandalhamento. Há leis para quem cria problemas e entra em violência e distúrbios. Agora vão impedir-me de andar com um copo na rua???? A mim???? Mas voltou a PIDE ou quê? Depois proibem o quê? Que coma uma sandes de queijo na via pública???? Este movimento fascizante tem de ter limites. Os bares, os restaurantes investem e têm direito ao seu lucro até porque pagam muitos impostos. E os cidadãos cordatos têm o direito de se divertir sem controlos de horas. É essa a essência de uma capital europeia que se quer viva! Esta tralha por vontade dela fechava tudo e calava toda a gente! Tenham mas é termos!!! Por este caminho fecham Lisboa à chave e metem-nos rolhas na boca. A polícia que se preocupe é com quem quebra as regras do civismo. E a CML que já destruiu o Bairro Alto transformando todos os bares em casinhas de chouriços que pense seriamente no que anda a fazer sob o risco de ir fazer guetos insuportáveis como o que fez nas docas e se tornou um antro!
ResponderEliminarLC
Ainda gostava de saber a opinião dos bebedores de rua sobre o árduo trabalho dos empregados da limpeza que à sexta, AO SÁBADO e AO DOMINGO de manhã bem cedo, faça o frio que fizer, têm de limpar a javardice que produziram. Não me surpreendia nada se declarassem que estão a criar postos de trabalho a pessoas que, se não fossem eles, estariam desempregadas... postos de trabalho esses, por sinal, pagos pelo munícipe que não produz badalhoquice.
ResponderEliminarUn total de 64 jóvenes sancionados por el Ayuntamiento de Bilbao por practicar el botellón o comportarse de forma incívica efectuarán en los próximos meses trabajos en beneficio de la comunidad para conmutar las multas.
ResponderEliminarEl País, 17/12/2014
Ignorância é ignorar isto.