PELA DEFESA DA CALÇADA PORTUGUESA
Para: Exmo Senhor Presidente da Cãmara Municipal de Lisboa, Senhores Presidentes das Juntas de Freguesia de Lisboa
O ataque que a calçada portuguesa tem vindo a sofrer e o que se anuncia deve mobilizar-nos a todos. A calçada portuguesa é um elemento tradicional e distintivo da cidade de Lisboa (e de Portugal), que faz parte da sua identidade e ajuda a diferenciá-la, num mundo globalizado e cada vez mais uniformizado.
A calçada portuguesa é também ela responsável pela luminosidade da cidade, pelo embelezamento e dignificação do espaço público - muitas vez o único elemento de valorização em zonas modernas ou suburbanas -, tornando as ruas mais frescas, o que não acontece com materiais como cimento ou alcatrão que absorvem o calor e, ao contrário destes, não impermeabiliza o solo, contribuindo para o melhor escoamento das águas.
Os problemas normalmente associados à calçada – pedras soltas, piso escorregadio, quedas de pessoas, danos no calçado ou dificuldades de locomoção a pessoas com mobilidade reduzida – não são uma característica do piso em si mas da sua má colocação ou falta de manutenção.
O facto de os veículos automóveis estacionarem selvaticamente em cima dos passeios, o facto de as empresas que intervêm, continuamente e sem coordenação, em cabos e condutas no subsolo, sem reporem o piso ou fazerem-no mas sem pessoal habilitado ou supervisionado, o facto de não serem formados calceteiros - perdendo-se o conhecimento de dezenas de anos -, colocando piso que se desfaz em semanas, o facto de não existir monitorização e substituição constante por parte de funcionários camarários, levam a que a calçada se deteriore com bastante facilidade, causando os problemas referidos.
Mas são problemas que têm solução. Em muitos locais mais inclinados, nas colinas, a Câmara de Lisboa encontrou soluções para evitar quedas, como a inclusão de pedra basáltica rugosa ou a inclusão de escadas no passeio, bem como corrimões, com bons resultados (veja-se no Chiado, Rua da Vitória ou Calçada do Combro, por exemplo). Veja-se também o exemplo do recém reabilitado Largo Rafael Bordalo Pinheiro ou a Avenida Duque D’Avila, em que a excelente trabalho feito permitiu um piso liso, não escorregadio e sem provocar qualquer problemas de locomoção.
Quer agora a mesma autarquia (e algumas juntas de freguesia) limitar a calçada apenas zonas histórias e substituir nas restantes zonas.
No entanto, como já se comprovou, a grande dúvida será o que se entende por zona histórica. Na verdade, temos vindo a constatar a colocação de outros tipos de pisos mesmo em zonas históricas (Adamastor, Baixa, Terreiro do Paço) sendo que os resultados são ainda piores: impermeabilização do solo, tipo de pavimento escorregadio ou que se desfaz com a chuva ou estacionamento selvagem de veículos.
Será que, além da (crescente e esmagadora) demolição de edifícios históricos que temos vindo a assistir em Lisboa, tanto em zonas históricas como nas zonas mais recentes da cidade (também as zonas do Sec XX são históricas), bem como a substituição de candeeiros e mobiliário urbano de valor mesmo em zonas antigas (Ribeira das naus, Adamastor, Terreiro do paço) vamos também aceitar que, por vezes, o único elemento de dignificação do espaço público – a calçada – seja também substituída por cimento ou asfalto, através de critérios que apenas oferecem dúvidas?
O que justifica que zonas mais recentes da cidade não possam ter o seu espaço público com calçada? Alguém imagina o Parque das Nações sem os imensos e magníficos espaços públicos com a calçada portuguesa (que aliás, são Prémio Valmor)? E não serão esses espaços que podem atrair turistas a outras zonas da cidade que não as habituais e mais antigas, contribuindo até para que não se acentue a atual avalanche concentrada de turistas nas mesmas zonas?
Ou seja, face à constatação da realidade, comprova-se que uma aparente limitação "controlada" da calçada portuguesa significa o mesmo que o tiro de partida para o seu fim.
Por outro lado, o que custará aos dinheiros dos contribuintes substituir a calçada nas restantes zonas da cidade, por materiais que, não só não oferecem garantias acrescidas às pessoas como também contribuem para que a cidade perca a sua identidade e atratividade?
Finalmente, não se encontra devidamente comprovada que os custos de uma calçada monitorizada e devidamente mantida sejam superiores à substituição por outros tipos de piso. E numa cidade com tão graves problemas de deterioração de património e a necessitar urgentemente de reabilitação, será a melhor opção redirecionar recursos para substituir a calçada portuguesa?
Naturalmente, que não se defende uma generalização, sem regras e fundamentalista da calçada portuguesa mas tendo em conta que a CML classificou a quase totalidade da cidade de Lisboa como zona histórica ou em reabilitação, como se compreende que a calçada portuguesa seja daí retirada?
Sejamos claros, Lisboa é um sucesso turístico internacional porque é uma cidade diferente, com características diferentes, sendo a calçada portuguesa apontada como elemento diferenciador e de atração mundial. Vamos eliminar um dos poucos elementos distintivos e diferenciadores que nos posiciona no mundo como mais nenhuma cidade?
É nosso dever defender o património que outras gerações nos legaram, pois somos apenas fiéis depositários e devemos transmiti-lo para o futuro. É nosso dever defender a cidade de Lisboa e contribuir para o seu sucesso no mundo, beneficiando-nos a todos.
Defendam o que quiserem, eu só sei que quando começa a chover quase que caio a descer a rua e não sou velho nem trôpego. Muito bonita a calçada portuguesa, mas arranjem maneira de a tornar aderente aos pés com urgência!!
ResponderEliminarEu quero uma petição por um passeio onde eu me sinta seguro a caminhar, mesmo à chuva.
ResponderEliminarSe o texto, reconhece-se que a calçada por adaptar-se para evitar essas situações. O que não se pode é justificar o fim da calçada por essas situações.
ResponderEliminarJá existem passeios feitos pela CML feitas com pedras rugosas e com aderência.
Ou seja, o problema não é calçada mas as condições da sua implementação e manutenção.
Eu uso saltos altos e o que me dizem - para usar baixos? sou uma peneirenta e quero um piso adequado aos meus sapatos - ponto.
ResponderEliminarEstas pessoas que preferam a substituição da calçada portuguesa, querem olhar para o chão e ver placas negras e cinzentas, impermeáveis e sem graça nenhuma? Se podemos manter o típico, se há soluções (como o granito misturado com a pedra branca), qual é a questão????? Pensem!!!
ResponderEliminarDepois de o excelentíssimo senhor presidente da câmara municipal de Lisboa ter livrado da calçada à portuguesa o Terreiro do Paço e feito empedrar a Ribeira das Naus com um passeio bem escurão e sem nada a ver com a dita calçada à portuguesa, nada há a esperar dali.
ResponderEliminarvejo muitos problemas com esta a petição, a começar com o tamanho da mesma. eu não tive paciência para a ler toda e de certeza que o presidente da câmara não terá também, pois como sabemos está ocupado com outras coisas.
ResponderEliminarpor isso sugiro uma nova nova petição.
a pedra branca da calçada portuguesa é uma pedra mole, que se desgasta facilmente, ficando lisa e escorregadia quando molhada. isto é um facto que nenhuma petição vai mudar.
Este tipo de calçada já foi abolida em todo o mundo, e por algum motivo que foi abolida, e ainda bem para os cidadãos de outros países.
ResponderEliminarÉ preciso acabar com o mito que a calçada portuguesa é algo típico nosso, ou que é apreciada pelos turistas. Obviamente que os turistas tiram fotos dos mosaicos da baixa, mas a experiência que têm pela cidade toda é uma lástima. Só vejo turistas a escapar dos passeios e andar com as trolleys pela rua, porque os passeios são impraticáveis!
Além do mais, este tipo de pavimento é o pior de todos os mundos: é caro, é difícil de manter, é colocado em condições ergonómicas abomináveis para os calceteiros, é impossível de limpar, anti-higiénico. A cidade está constantemente cheia de terra, pedras soltas e tem um ar sujo e terceiro-mundista.
ResponderEliminarÀ senhora dos saltos altos em bico, tem bom remédio, compre outros. ALIÁS esses fazem mal aos ossos e articulações.
A ANTIGA calçada era com pedra miúda e essa mesmo lisa quase não escorrega. A grosseira, tipo EXPO, que é a que tem vindo a ser colocada nos ultimos 30/40 anos, além de estragar os sapatos é incómoda e provoca quedas.
Todo o mundo ????
Em Salvador e nos centros históricos do BRASIL, até as pedras da rua/calçada são mantidas, e não foram cobertas de alcatrão.
Força com a Petição !!!
abolido em todo o mundo?! :)))))
ResponderEliminarDiz que o problema é a calça dos últimos 30/40 anos? Então experimente descer a rua da voz do operário (uma rua muito recente, sem dúvida) com umas botas da timberland novinhas em folha num daqueles dias de chuva miudinha. Boa sorte.
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