Um blogue do Movimento Fórum Cidadania Lisboa, que se destina a aplaudir, apupar, acusar, propor e dissertar sobre tudo quanto se passe de bom e de mau na nossa capital, tendo como única preocupação uma Lisboa pelos lisboetas e para os lisboetas. Prometemos não gastar um cêntimo do erário público em campanhas, nem dizer mal por dizer. Lisboa tem mais uma voz. Junte-se a nós!
07/04/2015
António Costa - Agosto de 2007 a Abril de 2015
Este post pretende fazer uma análise isenta sobre o trabalho de António Costa como Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. É uma opinião pessoal, de alguém que nasceu, vive e trabalha em Lisboa, não tem Partido político, e procura ajudar a melhorar a qualidade de vida na cidade. Nesse sentido, escrevo o que acho terem sido os pontos positivos, e os pontos negativos da gestão de António Costa.
Pontos Positivos :
1. A efectivação de uma reforma administrativa na cidade, pioneira no país. Apesar disso, há que corrigir alguns detalhes importantes, desde logo é necessária uma revisão das competências dadas às Junta de Freguesia;
2. As contas da CML estão melhores do que em mandatos anteriores, quer em matéria dos resultados de exploração, quer em termos da “engenharia financeira” que se deixou de fazer;
3. Gestão global do “território APL”;
4. Gestão global do dossier “Frente Tejo”;
5. Resolução geral da revisão do PDM que devia ter sido feita em 2004;
6. Actualização e criação de vária regulamentação urbanística - Planos de Pormenor, etc.
7. Fim dos escândalos a nível urbanístico e dos processos em tribunal daí decorrentes;
8. Aposta numa rede efectiva de ciclovias.
9. Aposta em mais espaços pedonais (ex. Av. Duque d’Ávila e Lg. Bordalo Pinheiro) e lançamento do programa “Uma Praça em Cada Bairro”.
10. Aposta na criação de empresas e na fixação de negócios em Lisboa (ex. Start-up Lisboa e Moda Lisboa);
11. Arranque da reabilitação do Cine-Teatro Capitólio;
12. Reabertura dos complexos de piscinas do Areeiro e dos Olivais;
13. O novo Terreiro do Paço, pelo uso dado aos pisos térreos e aos torreões, e pela gestão dos dossiers “Arco da Rua Augusta e estátua de D. José I”.
14. A nova Ribeira das Naus, enquanto projecto integrado urbanístico-paisagista de rompimento com a situação deprimente dos últimos 40 anos.
15. O programa de recuperação e de lançamento de velhos e novos quiosques e de esplanadas, numa cidade em que faltavam ambos e muito, dando a Lisboa um maior cosmopolitanismo;
16. A "presidência aberta" no Intendente.
17. O estancar do arboricídio verificado em Monsanto, no período 2007-2010.
18. A extinção das SRU Baixa e Lx Oriental, e da SIMTEJO.
19. A aposta na criação das “Zonas 30”
20. Dinamização do turismo
Pontos Negativos :
1. A não extinção da SRU Ocidental e da EPUL
2. A não protecção efectiva do edificado dos bairros históricos em matéria de Planos de Pormenor e de salvaguarda, desde logo a Baixa, passando por Alfama, Sé e Castelo e da Lisboa pós-Ressano Garcia, tendo-se abolido a proibição de obras de alterações, onde dantes só se permitiam obras de recuperação dos imóveis. Importou-se, mal, o péssimo exemplo do Chiado, onde a reabilitação urbana não passa de construção nova. Sintomático disso mesmo, é, por um lado, a perda completa de protagonismo da antiga estrutura consultiva do PDM, e por outro a desconstrução do mito da “Baixa, património mundial”;
3. A delegação de competências em matéria de aprovação de projectos urbanísticos, evitando a sua aprovação em reunião de CML;
4. A existência de reuniões privadas da CML;
5. A completa inoperância dos Vereadores e serviços respectivos em matéria de asfaltamento das ruas, produzindo uma reacção justificada dos munícipes e de quem é obrigado a utilizar o automóvel por força da deficiente (insuficiente, incumpridora, etc.) oferta de transporte público da cidade;
6. A completa inoperância dos Vereadores e serviços respectivos face ao “problema do lixo”, sobretudo em épocas cruciais como o Natal, o Verão e as Festas da Cidade;
7. A completa inoperância dos Vereadores e serviços respectivos no que toca ao Urbanismo Comercial;
8. A completa inoperância dos Vereadores e serviços respectivos no que toca à manutenção dos jardins da cidade, transformando muitos deles em “desertos” outros em canteiros de mangueiras e “árvores-palito”, outros, ainda, em intervenções globais desastrosas (ex. Príncipe Real);
9. O incumprimento do próprio despacho do PCML em matéria de autorização de abate de árvores na cidade;
10. A indiferença perante o Cinema Odéon;
11. A manutenção do “estado da arte” no Parque Mayer.
12. A autorização das campanhas publicitárias de gosto duvidoso (na via pública e em edifícios privados) e das ocupações do espaço público (muito dele protegido legalmente) de forma inadmissível e em desrespeito, inclusive, pela não autorização por parte da tutela estatal respectiva;
13. Aposta na restrição ao trânsito automóvel na zona baixa de Lisboa e Avenida da Liberdade, centro da cidade, e que por isso mesmo deve ser alvo de medidas que aumentem o seu dinamismo e não o contrário.
14. Não apostar na recuperação das linhas de Eléctrico desactivadas.
15. Não conclusão da obra da EPUL no Martim Moniz;
16. A proliferação de publicidade legal e ilegal em toda a cidade, em alguns casos excessiva e demasiado duradoura.
17. O silêncio perante os inúmeros “atentados” urbanísticos e a não tomada de posição em relação à salvaguarda do património edificado, permitindo obras absurdas, especialmente no centro da cidade.
18. As escolhas incompreensíveis ao nível do pavimento e iluminação na obra do Terreiro do Paço, sala de visitas da cidade, com mais de 200 anos de história.
19. A passividade perante o problema do estacionamento ilegal que contínua a proliferar.
20. A degradação dos passeios da cidade e os "atentados" à calçada portuguesa.
Conclusão :
Apesar dos Pontos Positivos, a minha visão de habitante e trabalhador na cidade, não me permite classificar de positiva a globalidade da acção de António Costa, dado não ter resolvido alguns problemas básicos, fundamentais para melhorar a qualidade de vida na cidade como um todo, quer dos seus habitantes, quer de quem a visita. Na minha perspectiva pessoal, não senti qualquer melhoria da qualidade de vida como habitante, e não senti que quem trabalha em Lisboa tenha também melhorado a sua experiência diária na cidade.
em relação às contas continuam a não estar famosas ao contrário da propaganda do Costa
ResponderEliminarA nível de problemas que nos lixam a qualidade de vida e que se arrastam há décadas....nem ele, nem Abecassis, nem nenhum:
ResponderEliminar- Lisboa suja e porca
- Passeios conspurcados por dejectos caninos
- Carros em passeios esburacados
Alguém por ai com coragem para os resolver ??
caro carlos leite de sousa, deixo, se me permite, dois breves comentários à sua análise:
ResponderEliminar1. "produzindo uma reacção justificada dos munícipes e de quem é obrigado a utilizar o automóvel" (ponto negativo nº 5) - ninguém é obrigado a utilizar automóvel privado ou qualquer outro meio de transporte; a escolha é racional e feita principalmente com base nos custos directos (individualmente suportados) de cada uma das alternativas. comece-se a cobrar um valor realista pelo estacionamento na via pública e a fiscalizar devidamente o estacionamento abusivo, e, quase por magia, a tal “deficiente oferta de transportes públicos” tornar-se-á uma alternativa muito mais atractiva.
2. “Aposta na restrição ao trânsito automóvel na zona baixa de Lisboa e Avenida da Liberdade, centro da cidade, e que por isso mesmo deve ser alvo de medidas que aumentem o seu dinamismo e não o contrário.” (ponto negativo nº 13) o dinamismo dos centros urbanos faz-se com pessoas, não com automóveis. veja o exemplo da times square, em nova iorque, e o que lhe aconteceu quando se restringiu a circulação automóvel, ou veja-se o exemplo de muitos centros urbanos no norte da europa. a escolha é clara: ou queremos um centro humanizado e dinâmico, ou queremos uma cidade cortada por vias rápidas. as duas coisas ao mesmo tempo é que é impossível.
cumprimentos,
vasco soeiro
Assim de cabeça e à primeira vista sobre a lista aqui postada pelo Carlos, e para mim e só mim, claro, AC ganhou claramente em termos de balanço, não só pelo superavit entre pontos positivos e negativos do que fez ou deixou de fazer ou fez mal (acho que a EPUL do MM não "merece" estar na lista, por ex., nem a publicidade aqui e ali, nem as pedras soltas do passeio, muito menos restringir o trânsito automóvel a partir do Marquês, que só peca por defeito...), mas pq o foi em relação aos demais PCML dos últimos 40 anos pelo menos (com AC não houve túneis, nem viagens a LA, nem EPUL a assinar contas que não eram dela, nem casas garrett abaixo nem monumentais, nem bragasparques, nem mta. Outra coisa que nem vale a pena mencionar)
ResponderEliminarA meu ver, e puxando a brasa às minhas sardinhas, faltou a AC:
* zelar alto e bom som pelo património de finais do século XIX, princípios do XX;
* tomar posse do Odéon;
*manter os candeeiros do TPaço;
* reabrir o E-24 a custas da própria CML;
* tomar posse da estação Sul-Sueste;
* saber preservar as lojas antigas;
* evitar a contaminação dos bairros históricos (Baixa incluída) do modelo de reabilitação do Chiado;
* punir severamente o estacionamento em 2ª linha e em cima do passeio;
Tirando isso, repescando o deve e o haver já referido, e como há mais esplanadas e mais espaços pedonais e mais quiosques (e restaurados), só posso concluir que minha qualidade de vida melhorou nos últimos 8 anos.
Não considero a acção deste executivo amiga da cidade. Dos palácios históricos, ao património Entre-Séculos, das famigeradas obras que nunca arrancaram ou arrancaram mal (ex: Jardins do Braço de Prata, Africa.cont, entre outras), a banalização atroz da Baixa e de todo o centro históricos, a selvagem e impune noite de Lisboa, as reabilitações de fachada, as mais do que discutíveis opções de trânsito, a péssima manutenção dos jardins, o lixo, etc.
ResponderEliminarNão houve túneis, é verdade, mas assistiu-se a uma descaracterização da cidade sem precedentes. E este é um legado difícil de apagar.
Quem votou no Sr. Fernando Medina para presidente da Câmara Municipal de Lisboa ?
ResponderEliminarQue eu saiba os lisboetas votaram em António Costa.
Onde pára a democracia representativa ?
Pinto Soares
António Costa não extinguiu a Simtejo, ao contrário do que aqui se diz. E extinguiu a EPUL (no post a não extinção da empresa aparece omo um ponto negativo)
ResponderEliminarAs listas e quem as constitui estão bem afixadas nas secções de voto. Quando se vota, vota-se numa lista mas em Portugal habituámo-nos a cultos da personalidade. E confessem lá, até já tinham vontade de começar posts com outro nome, não?
ResponderEliminarA EPUL não continua a ter administradores?
ResponderEliminarQuando o Costa passou a pasta a Medina, ouvi 3 coisas que estranho não ver referidas praticamente em lado nenhum. São elas:
ResponderEliminar1- Que o problema das cheias em Lisboa afinal não é insolúvel e que a CML o vai resolver através de dragagens.
2- Que umas três centenas (salvo erro, mas o número apontado foi enorme) de ruas em Lisboa têm o piso em estado lastimoso e que vão ser investidos não sei quantos milhões de euros na sua reabilitação (ao fim deste tempo todo do Costa, é obra...)
3- Que vai haver casas na Baixa Lisboeta destinadas ao que chamaram "classe média", mediante encargos mensais inferiores ao salário mínimo nacional (!!!).
Fico a aguardar cheio de ansiedade esses maravilhosos milagres que, diga-se de passagem, são um flagrantíssimo atestado de incompetência à gestão camarária até agora em funções.
Equivoquei-me no comentário anterior ao mencionar "dragagens" em vez de "drenagens", obviamente.
ResponderEliminarQuanto ao número de ruas a precisar de repavimentação, o número referido foi "mais de cem".
O desrespeito evidente pelo património é muito triste como apontado muito bem no ponto negativo 2, são acções que não não tem qualquer retrocesso, não são situações como passeios estragado ou lixo na rua, é o passado completamente destruído e atropado pelo Arq Manuel Salgado e pelo Costa por tabela...
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