Exmos. Senhores
No seguimento de notícias vindas a público dando conta da emissão de ordem de despejo à loja histórica da Fábrica Sant’Anna, sita na Rua do Alecrim, pelo proprietário do imóvel onde a loja funciona desde 1916 (Vista Alegre Atlantis/Grupo Visabeira), com o fim de dar prossecução à transformação deste em estabelecimento hoteleiro;
E considerando:
· Que a loja da Fábrica Sant’Anna faz parte integrante do imóvel (palácio) registado no Inventário Municipal do Património anexo ao Plano Director Municipal em vigor (item 15.68);
· Que a loja em causa é por si própria “a” referência desta Fábrica aquém e além-fronteiras, e, caso deixe de o ser, poderá pôr em causa a boa laboração da mesma, pondo em perigo assim a última produção artesanal de azulejaria de Lisboa;
· Que a CML lançou recentemente o Programa “Lojas com História”, no qual, naturalmente, cabe uma loja com o historial da presente;
· A boa solução recentemente conseguida pela CML junto do proprietário do imóvel onde se encontra a Ginjinha Sem Rival e Eduardino, em que perante projecto com fim idêntico se conseguiu a prorrogação do contrato de arrendamento respectivo por 8 anos;
Apelamos:
· Ao bom senso e bom gosto do promotor, para que reformule o seu projecto com vista a permitir a manutenção da loja da Fábrica Sant’Anna;
· À CML para que tudo faça em prol da manutenção deste fabuloso espaço praticamente centenário de Lisboa, tal como fez no caso acima referido e no da Ourivesaria Aliança-Tous.
Melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Luís Serpa, Virgílio Marques, Miguel de Sepúlveda Velloso, Nuno Caiado, Mariana Ferreira de Carvalho, Nuno Vasco Franco, António Branco Almeida, Jorge Santos Silva, Júlio Amorim, Maria do Rosário Reiche, Luís Marques da Silva, João Oliveira Leonardo, Jorge Pinto, Inês Beleza Barreiros, Fernando Jorge, Gonçalo Cornélio da Silva, Diogo Moura, Carlos Leite de Sousa, Alexandre Marques da Cruz, Nuno Castro Paiva, Fátima Castanheira e Catarina Portas
C.C. AML, JF Misericórdia, Media
Fotos: © Artur Lourenço
Paulo, posso assinar? Como fazer circular? Acho que mais pessoas gostariam de assinar.
ResponderEliminarBoa tarde,
ResponderEliminartambém gostaria de assinar...
Obrigada,
Cristina
E infelizmente temos mais negócios nesse edifício. Mais um hotel será mesmo isto que queremos para a nossa lisboa?
ResponderEliminarTemos que fazer frente a isto. Infelismente não é só este negócio que pode fechar. No mesmo edifício extste pelo menos mais uma magnífico loja e pequeno restaurante. Será que queremos Lisboa apenas como um gigante hotel? Óptima para quem visita e vazia para quem a habita diariamente?
ResponderEliminarSinceramente não consigo perceber a fixação deste blog pela imutabilidade da cidade.
ResponderEliminarSe querem protecção do patromónio, peçam à câmera para fazer apropriação do prédio ou que pague parte da renda. Com o esforço dos contribuintes certo?
Porque razão o dono do prédio não pode ter liberdade para promover alterações para hotel dentro da legalidade, só porque existe uma loja centenária no edifício?
O meu estabelecimento também já tem mais de 100 anos e se tiver que o alterar por virtudes da vida será feito.
É necessário preservar o património, mas manter também o bom senso económico.
A fábrica de azulejos só tem de encontrar nova loja na zona. Ou será que a renda era bastante cómoda?
PS: Apelar também ao bom gosto do promotor é completamente relativo
Ao último comentador, das 1:03,
ResponderEliminara sua loja tem 100 anos e se não for um pardieiro, entregue à incúria dos proprietários, deve ser protegido por um regime de exceção.
Se não entende que existem negócios, que desdobram outros negócios pelo interesse que criam e que num todo fazem desta cidade uma cidade que vale a pena visitar e deixar aqui dinheiro, então você não merece a sua loja. E pior, mostrou ser um verdadeiro português, porque por aqui há muito poucos quem dê valor à identidade, tradição e à história, não somente como uma teatrada para "inglês ver".
As suas declarações não surpreendem, mas lamentam-se.
Me preocupa o centro histórico de Lisboa estar super lotado de hotéis...e mais projetos aprovados...estão despejando as pessoas das suas moradias...nesse edifício para além da loja há moradores nos outros pisos..o centro histórico de Lisboa não pode viver apenas para o turismo..a cidade deve ser pensada para todos!
ResponderEliminarJá alguém tentou perceber se há espaço/clientes para tantos hóteis?
ResponderEliminarA barbearia Campos já foi, a Bertrand do Chiado é um mero corredor sem alma nem fôlego, a Piccadilly fechou e é hoje uma anódina e, mortalmente, aborrecida loja de sopas, a Casa José Alexandre é uma igual a muitas outras Pull&Bear
Tradição não é sinónimo de estagnação, tal como progresso não deveria ser de destruição. Infelizmente em Lisboa o que trazia cá as pessoas está a perder-se todos os dias. Se é este o progresso, está na hora de o repensar.
Boa tarde, eu também estou preocupada com as transformações em curso na baixa e concordo com as recomendações enviadas à CML. Sugiro que transformem o documento numa campanha, petição ou outro "modelo" que chame a atenção dos lisboetas e dos cidadãos em geral para o assunto e os incite a tomar posição sobre o assunto em concreto e o futuro da baixa.
ResponderEliminarPenso que ninguém está a defender a "imutabilidade da cidade", concretamente do seu centro histórico, mas sim que se considerem alguns valores e princípios de modo a garantir que se mantém um espaço aberto e usufruídos por todos e não apenas por alguns, ou seja, os turistas endinheirados e as elites que frequentam e consomem o comércio de luxo. Encontrar soluções para o desejado equilíbrio não será tarefa fácil, mas os contribuintes têm pago, e continuam a pagar, e bem para que os governantes e a máquina administrativa façam o seu trabalho. Se não estão à altura do desafio, que dêem a oportunidade a outros!