Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Dr. Fernando Medina
C.c AML e JF Sta. Maria Maior
No seguimento do anúncio feito por V. Exa. sobre o projecto do Museu Judaico no Largo de São Miguel, em Alfama, envolvendo a construção de raiz de um edifício e a alteração profunda e ampliação de um outro, somos a alertar para o impacte que a concretização do mesmo terá no local, colocando em causa o valor patrimonial deste pequeno largo, que se encontra em zona geral de imóveis classificados e faz parte de uma área história consolidada mas de equilíbrio frágil. que importa não colocar em risco.
Cremos, inclusive, a avaliar pelas projecções divulgadas, que este projecto violará o Regulamento do Plano de Urbanização do Núcleo Histórico de Alfama e da Colina do Castelo (1997), bem como as alterações ao mesmo, efectuadas em 2014, designadamente, o artigo 5º (ponto 1.1, alíneas a) e b), artigo 6º (ponto 1, alínea b), artigo 12º [ponto 2, alínea a) e sub-alíneas i) e ii) e artigo 28º, facto que nos levou a apresentar queixa junto da Provedoria de Justiça.
Reafirmamos que uma adequada conservação do património urbanístico numa zona como a em apreço exige a preferência por intervenções mínimas e pouco intrusivas, devendo os novos edifícios seguir regras de escala, volumetria, gramática e linguagem que não rompam com o equilíbrio compositivo das pré-existências ou falsifiquem o meio ambiente urbano, princípios estes que fazem parte das mais importantes cartas internacionais relativas à salvaguarda das cidades históricas. Por outro lado, a salvaguarda dos núcleos urbanos históricos diz respeito, em primeiro lugar, aos seus habitantes e estes devem ser envolvidos na sua "governança" facto que até agora não se verificou.
Nada nos move contra a construção do “Museu Judaico de Lisboa”, muito pelo contrário, trata-se de um equipamento cultural muito bem-vindo. Mas não podemos aceitar que esta proposta coloque em causa os valores de uma cidade que pelo valor incontestável que possui, se encontra neste momento na "Lista Indicativa de Portugal ao Património Mundial" como “Lisboa Histórica-Cidade Global", porque este projecto como outros que entretanto possam surgir por se abrir um precedente numa zona tão especial como Alfama, poderão colocar em causa esta tão justa pretensão da Câmara Municipal de Lisboa e de Portugal junto da UNESCO.
Melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Filipe Lopes, Bárbara Lopes, Maria do Rosário Reiche, João Mineiro, Júlio Amorim, Carlos Leite de Sousa, Miguel de Sepúlveda Velloso, Maria Ramalho, Rui Martins, Fátima Castanheira, Pedro de Souza, Jorge Lima
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Resposta do Sr. Vereador Manuel Salgado:
Realmente o projecto não podia ser mais feio. O anexo com um padrão a sugerir a estrela de David é atroz, bem com as mansardas quadradonas lá no alto. Nem sei como a Comunidade judaica, composta por gente esclarecida, encomendou uma coisa tão sem jeito. O arquitecto que desenhou tal projecto deve ser pessoa sem gosto.
ResponderEliminarO largo de S. Miguel é lindo na sua assimetria e na irregularidade. Não é necessário acrescentar ou mexer nada. Basta deixa-lo como está.
Um abraço
ResponderEliminarExcelente.
Temos de salvaguardar os bairros históricos, um tesouro para o futuro.