Dr. Fernando Medina
Chamamos a atenção de Vossa Excelência para o seguinte:
Fomos informados que a CML/ Divisão de Iluminação Pública se prepara para fazer o abate das colunas de iluminação de marmorite, dos anos 40, da Avenida Guerra Junqueiro, as quais, recordamos, foram colocadas pela primeira vez em Lisboa precisamente naquela avenida e por essa razão aquele modelo de candeeiro é designado por «coluna Guerra Junqueiro»!
A fábrica que as executou ainda existe - CAVAN - e no seu catálogo ainda são designadas como «Guerra Junqueiro».
Inclusive, a CAVAN já realizou várias empreitadas de reparação e recuperação de colunas de iluminação para a Câmara Municipal de Lisboa - como por exemplo os candeeiros do Parque Eduardo VII desenhados nos anos 40 pelo arquitecto Keil do Amaral (1911-1975), mas, curiosamente, nunca a CML solicitou os seus serviços para a reparação de colunas de marmorite, fossem estas da Avenida Guerra Junqueiro, fossem outras naquela zona, como as da Avenida Madrid, por exemplo, entretanto já abatidas.
Um dos argumentos para os sucessivos abates deste tipo de candeeiro – que não são de agora e que por isso mesmo já nos levaram em tempos a solicitar uma sindicância aos referidos serviços - é que o antigo compartimento eléctrico original é de "fechaduras de vandalismo fácil" e com "interior demasiado apertado para a colocação de caixas de portinhola regulamentares". No entanto, fomos informados que a CAVAN faz as alterações que as normas exigem: "De acordo com os ensaios realizados, a porta do compartimento eléctrico assegura as protecções exigidas nomeadamente: IP 45 (NP EN 60529) e IK 10 (NP 50102). As definições, termos, dimensões, tolerâncias, especificações e controlo de qualidade são regidos de acordo com as normas: DMA - C71 - 510-E - OUT.1994 (EDP); DMA - C71 - 520-E - OUT.1994 (EDP); DMA - C71 - 521-E - JUL. 1999 (EDP); NORMA EUROPEIA EN 40".
Outro argumento usado é de que a luminária existente "não apresenta as condições mínimas requeridas para uma qualquer instalação de Iluminação Pública que se preze." Mas é exactamente por essa razão que a CML tem vindo a actualizar as luminárias de antigas colunas e consolas de iluminação pública de Lisboa. Não faltam exemplos por toda a cidade de candeeiros históricos que ganham nova vida graças precisamente ao investimento na manutenção e actualização.
É pois possível, Senhor Presidente, "respeitar a normalização e regulamentação em vigor" e "melhorar consideravelmente a segurança quer das pessoas, quer da instalação eléctrica" sem que seja preciso destruir mobiliário urbano que faz parte integrante da história desta cidade, pelo que não existe justificação para esta ou outra empreitada de abate de candeeiros dos anos 40 e 50, conforme é pretendido pela Divisão de Iluminação Pública da CML.
Como é do conhecimento de Vossa Excelência, é nossa convicção, e disso fazemos causa, que o património de mobiliário urbano de Lisboa deve ser estimado e recuperado sempre que possível, e de que não faz sentido destruir aquilo que pode ser recuperado, e que devemos dar prioridade à sua manutenção e recuperação.
Pelo que nos questionamos como é possível a CML insistir no abate destes equipamentos?! Não entendemos esta “febre” de abates e de colocação de candeeiros LED, em chapa galvanizada, um pouco por toda a cidade, e agora na martirizada Avenida Guerra Junqueiro, símbolo do Plano de Urbanização de Alvalade, um plano urbanístico a todos os títulos exemplar e actual, como Vossa Excelência concordará.
Daí esta nossa chamada de atenção, Senhor Presidente, para que evite este abate e dê indicações aos serviços para que, em vez disso, procedam às diligências necessárias para a reparação e modernização destes candeeiros.
Damos conhecimento deste alerta ao Senhor Vereador responsável pelo Espaço Público, à Assembleia Municipal, à Junta de Freguesia do Areeiro e aos media.
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Carlos Moura-Carvalho, Ana Alves de Sousa, Paulo Lopes, Jorge Santos Silva, Júlio Amorim, Alexandra Maia Mendonça, Inês Beleza Barreiros, José Maria Amador, Miguel de Sepúlveda Velloso, João Oliveira Leonardo, Martim Galamba, Rui Martins, Maria do Rosário Reiche, Jorge Pinto
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