Alteração à lei passou a proteger todas as fachadas azulejadas do país, uma medida há muito desejada por grupos de defesa do património. Mas a luta destes grupos continua: há que regular a venda de azulejos antigos e proteger também os interiores.
A Feira da Ladra só fecha às seis, mas antes das cinco já é hora de começar a arrumar a trouxa. Os comerciantes vão embrulhando lentamente as porcelanas em folhas de jornal, os discos em capas plásticas e os livros em caixas de cartão. Os azulejos, dispostos sobre toalhas e tapetes ou enfiados em caixas de fruta, vão ficando para o fim. São mais pesados do que a maioria das bugigangas que por ali se vendem e sempre se pode dar o caso de aparecer algum cliente de última hora. [...] É por causa desta apetência de alguns turistas, que em vez de levarem um íman para o frigorífico preferem um souvenir mais typical, que continuam a ser roubados azulejos de muitas fachadas lisboetas e não só. Por outro lado, muitos prédios são reabilitados com demolição integral do seu interior, onde muitas vezes se esconde um tesouro azulejar ainda mais impressionante que os das fachadas. Em Lisboa, desde 2013 que é proibido demolir edifícios com fachadas revestidas a azulejos – embora esta regra possa ser contornada. Essa proibição, bem como a de remover os pequenos mosaicos durante obras de reabilitação, estendeu-se agora a todo o país, através de uma revisão do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE) que era há muito desejada por grupos de defesa do património. Em comunicado, os responsáveis do projecto SOS Azulejo, que funciona na dependência da Polícia Judiciária e que propôs a alteração legislativa, afirmam que esta “lei vem estancar a tendência destrutiva dos últimos 30 anos, que fez desaparecer — por via legal — centenas, senão milhares de edificações azulejadas em todo o país”. “Estamos todos de parabéns!”, começava o comunicado. Ainda assim, a luta continua. O SOS Azulejo quer agora que “limitar e controlar a venda de azulejos antigos”, como a que se faz na Feira da Ladra, lojas de antiguidades e outras feiras de velharias pelo país. Os mosaicos colocados no interior dos edifícios continuam também relativamente desprotegidos.
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30 anos e bla, bla, bla, bla. Puhhh ! Já nao há pachorra.
ResponderEliminarConfesso que não consigo engolir esta tentativa de diabolizar o comércio de azulejos na Feira-da-Ladra.
ResponderEliminarOs azulejos aparecem nos mercados de velharias porque os proprietários, os empreiteiros e os arquitectos não gostam deles e nas obras de renovação dos prédios antigos atiram-nos para os contentores das obras ou vendem-nos a peso. A quantidade de azulejos do séc. XVIII e até do XVII que já apanhei nessas tulhas e que hoje enfeitam a minha casa.
Isto tudo é um problema de gosto. Os arquitectos, os decoradores e o público em geral gostam do preto, do cinzento e do minimalismo. Basta folhear uma revista de decoração para comprovar estas minhas afirmações. Ora, os azulejos portugueses vão mal com o preto e o cinzento e querem o branco, o dourado ou o vermelho e jogam bem com cômodas, cadeiras antigas e um estilo mais sobrecarregado.
Além de tudo o mais o comércio de antiguidades e velharias é livre. O SOS Azulejo que comece a perseguir os empreiteiros e os arquitectos e deixe em paz os comerciantes da Feira da Ladra e os seus clientes
Um abraço