O Convento da Estrelinha e o Hospital Militar Principal
O edifício do actual Hospital Militar Principal tem origem num convento beneditino fundado em 1572, no sítio da Estrela, dedicado a Nossa Senhora da Estrela. Poucos anos depois, em 1615, os beneditinos fizeram erguer, nas proximidades, outro Grande Convento, o de São Bento da Saúde (actual Assembleia da República), perdendo o da Estrelinha a sua importância, tendo passado a funcionar como colégio e casa de estudo para o noviciado. Em 1818, a sua missão religiosa estava já muito reduzida, com grande parte do convento ocupado pela secretaria dos Hospitais Militares. Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o exército alargou a sua ocupação do edifício que, em 1837 passou a hospital militar. A 21 de Agosto de 1926 a designação oficial da instituição passou a ser de Hospital Militar Principal, funções que desempenhou até 2013, data em que foi incorporado no Hospital das Forças Armadas.
Entretanto a Cerca do Convento a poente e norte foi retalhada e vendida. Também, várias obras de adaptação se realizaram depois de 1834. Em 1836 foram construídos os anexos do lado da Rua de S. Bernardo, e entre 1906 e 1923 ergueram-se os pavilhões e anexos encostados ao Jardim da Estrela.
A Igreja, há muito desafecta ao culto, conheceu obras em 1946, recuperando-se muito do seu património disperso. A Igreja e o antigo Convento estão classificados como Monumento de Interesse Público (Portaria n.º 250/2010, DR, 2ª Série, n.º 67, de 7-04-2010).
O Jardim da Estrela ou de Guerra Junqueiro (poeta e escritor-1850/1923)
A ideia do Jardim da Estrela no lugar onde hoje existe, deve-se ao Marquês de Tomar e a sua realização a diversos patrocínios e ao apoio institucional da Rainha D. Maria II. A obra começou em 1842 e a sua inauguração viria a realizar-se a 3 de Abril de 1852. As obras prosseguiram sob a direcção do mestre de jardinagem francês Jean Bonard (que já havia sido encarregue pela rainha D. Maria II para redesenhar os jardins da Tapada das Necessidades, em 1843), coadjuvado pelo português João Francisco, ganhando o espaço um traçado à maneira dos jardins ingleses.
Neste jardim romântico com uma área total de 4,6 hectares, para além de uma vegetação frondosa e variada, podemos encontrar muitas peças de escultura, o magnífico coreto em ferro trabalhado trazido do Passeio Público (actual Avenida da Liberdade). Também aí viveu e morreu numa jaula própria o célebre Leão da estrela, oferta do colonial Paiva Raposo.
O Que se pretende para o futuro
Considerando que o Hospital Militar Principal está encerrado desde 31 de Dezembro de 2013, tendo todos os seus serviços sido transferidos para o Hospital das Forças Armadas, criado em 2009.
Considerando o grande valor histórico e monumental do convento e igreja dos beneditinos da estrelinha, classificados Monumento de Interesse Público (Portaria n.º 250/2010, DR, 2ª Série, n.º 67, de 7-04-2010), e que numa lógica de preservação do património, o Estado deve procurar sempre que possível a utilização pública desses monumentos.
Considerando ainda a importância para a cidade de Lisboa do jardim da estrela, como área verde de recreio e de convívio, onde se realizam eventos em que participam grande número de lisboetas, solicitamos que:
1 - o Convento, a Igreja e a Cerca do Convento, possam reverter para a posse do Estado Português/Câmara Municipal de Lisboa.
2 - os pavilhões e anexos entretanto construídos sejam demolidos, dando lugar ao aumento da área do Jardim da Estrela, aumento que irá valorizar a procura sempre crescente daquele espaço verde, integrando os monumentos classificados aí presentes.
João Pinto Soares
Apoiado. Mas acho que deveria manter-se o edifício principal, ou seja, o do antigo convento, restaurando-o e fazendo dele um espaço de serviço público.
ResponderEliminarO edificio principal e o edifício anexo do lado esquerdo na 2a foto acho que deveriam ser mantidos, de resto uma excelente ideia.
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ResponderEliminarNo geral, uma proposta para avançar, numa cidade onde nenhuns espaços verdes são alargados.
O Jardim da Estrela tem de ser alargado, é uma oportunidade de ouro e que mobilizará dezenas de milhar de lisboetas.
O Jardim da Estrela é um dos raros e verdadeiros parques da idade, onde se passeia com os amigos ou os filhos. Os outros, ou são pequenos e diminutos espaços verdes ou um tanto inóspitos como o Eduardo VII.
Parabéns a Pinto Soares pela investigação efectuada.
ResponderEliminarExcelente proposta.
E pouco dispendiosa.