Dra. Graça Fonseca
Cc. Senhor Primeiro-Ministro
De acordo com a entrevista que Vossa Excelência concedeu ao jornal Público no passado fim-de-semana, a exposição do Tesouro Real do Palácio Nacional da Ajuda levará afinal à criação de um novo museu, com equipa e director próprios.
A justificação dada reside no facto de a colecção ser extraordinária e, por isso, merecedora de um museu e não de uma extensão natural do actual, ou seja, do museu do Palácio Nacional da Ajuda.
Assim sendo, e dada a importância do assunto, cumpre-nos perguntar:
- Qual a razão objectiva para que a tutela defenda a criação de um novo museu, quando a colecção é um acervo histórico do Palácio Nacional da Ajuda, como última sede da casa real portuguesa, tornando-o caso raro no conjunto dos seus congéneres europeus?
- Que compensações existirão para o Palácio Nacional por essa alienação de milhares de peças do seu acervo histórico?
(Como é do conhecimento de Vossa Excelência, não há a nível nacional nenhum conjunto de pratas de aparato renascentista como o que existe neste palácio, e não há nenhuma colecção semelhante à Baixela Germain, único conjunto do seu género no mundo inteiro.)
- Já existiu pronunciamento oficial e público por parte do Director do Palácio Nacional da Ajuda acerca desta matéria? Ou trata-se de uma decisão pessoal, e certamente legítima, de Vossa Excelência? Há pareceres externos nesse sentido? Está a opinião pública devidamente informada?
- Como encara Vossa Excelência o trabalho e os conteúdos científicos inéditos, bem como a concepção museológica que, como é do conhecimento público, tem sido fruto do comissariado científico do Palácio Nacional da Ajuda, entregando-o a uma nova equipa?
- Como pode Vossa Excelência garantir que as obras estarão prontas no decurso de 2020, quando se sabe que os trabalhos estão atrasados?
Com os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Pedro Martins, Alexandra de Carvalho Antunes, Jorge Mangorrinha, Ana Celeste Glória, Henrique Chaves, Eurico de Barros, Helena Espvall, Maria do Rosário Reiche, Júlio Amorim, Beatriz Empis, Virgílio Marques, Pedro Janarra, Fernando Silva Grade, Jorge Pinto, Bárbara e Filipe Lopes, Jozhe Fonseca
Mais uma vez volto a dizer: se é para concluir o Palácio da Ajuda, façam-no segundo o projecto original!
ResponderEliminarSe o Centro Cultural de Belém vai ser concluído segundo o projecto original, porque não fazem o mesmo na Ajuda?
Álvaro acho que não temos nem de longe, nem de perto dinheiro para concluir o Palácio conforme o projeto original ...
ResponderEliminarEstimada Elsa
ResponderEliminarSe há dinheiro para o CCB, porque não há para o Palácio da Ajuda?
E porque é que não se fez um concurso público para o Palácio?
Será que neste país há monumentos de primeira e monumentos de segunda?
Concluir o projecto original, só com minas de ouro no Brasil... oh wait.
ResponderEliminarCom os materiais e técnicas de origem; nem dinheiro, nem conhecimentos....e muito menos operários qualificados para tal.
ResponderEliminarLamentavelmente não se concretizou um projecto de conclusão da fachada poente do Palácio apesar da sua existência, desde os anos 40 do século passado, da autoria de Raul Lino. Mais tarde, em 1977, houve um outro projecto, do Arq. João Seabra. Chegou a ver-se então no Pátio do Palácio e no chamado Jardim das Damas algumas peças já talhadas prontas para início da obra. O interior a construir nessa ala não seria, naturalmente, uma "cópia" da parte já existente. Posteriormente essas peças já talhadas foram sendo retiradas para parte desconhecida ou incerta. Por último, quando da Exposição dos Tesouros Reais, de 1991-92, o Arq. Gonçalo Byrne estava a fazer um projecto para a Zona da Ajuda, cuja enorme maquete deve estar no Palácio e que seria boa ideia conhecer.
ResponderEliminarNesse projecto houve a colaboração do conservador das Jóias da Coroa da Rainha Isabel II e de um dos Joalheiros da Casa Real Inglesa que fizeram um estudo notável e a avaliação de todo o acervo, deslocando-se para esse efeito a Lisboa.
A ideia do Museu de Ourivesaria da Casa Real terá sido então proposta à Secretaria de Estado da Cultura, que terá concordado com a mesma para toda a ala poente do Palácio, incluindo um construção de um núcleo devidamente blindado. Contudo, também este ficou esquecido.
O projecto agora em execução faz lembrar alguns edifícios modernos que são apenas sedes de grandes empresas (p.ex. EDP), hotéis ou condomínios habitacionais. Há quem já faça algum humor denominando-o como o Radiador da Ajuda… Dado que o material a utilizar seria nacional e a mão-de-obra de cantaria também, custa a entender a opção tomada e ver o Palácio mais mediático e nobre do País tão menosprezado.
José Honorato Ferreira