A história da arquitectura portuguesa é já longa e bastante rica e os portugueses fizeram a sua própria adaptação dos estilos que se foram impondo pela Europa ao longo dos séculos – Gótico, Barroco, Neoclassicismo, Romantismo, Art Noveau, Art Déco e Modernismo – e desenvolveram outros que são mais específicos da arquitectura nacional como o Manuelino (Gótico tardio), o Pombalino e o designado Português Suave.
Em Outubro de 2015, Sérgio Andrade perguntava através de um artigo no jornal PÚBLICO: “E quando, um museu para a arquitectura portuguesa?”, descrevendo com algum detalhe as diferentes opiniões de pessoas ligadas ao sector e as dificuldades para levar a cabo tal tarefa. Esse artigo foi escrito ainda antes da abertura do MAAT (Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia). O recentemente edificado MAAT é uma construção moderna e até apreciável do ponto de vista estético, desenhando a forma de uma onda prestes a cair sobre o Tejo. A questão é se o seu conteúdo é capaz de fazer a historiografia da arquitectura portuguesa – o MAAT parece estar mais talhado para exibições temporárias de cariz artístico.
Porque não fazer um museu, com conteúdos maioritariamente permanentes, que permita conhecer a história e características da arquitectura portuguesa? Para complementar e tornar mais atractivo o museu poderiam ser criadas maquetes, de escala 1:50/1:100, de edifícios, tanto institucionais como de habitação, que sejam emblemáticos de cada um dos estilos arquitectónicos, inclusivamente edifícios de grande valor que possam já não existir fazendo com que de alguma forma renascessem. Poderiam assim ser incluídos edifícios anteriores ao terramoto de 1755 que possam ser modelados a partir de pinturas ou outros documentos históricos, tais como o Hospital de Todos os Santos, a Casa da Índia ou a Casa da Ópera, e outros desaparecidos por outros motivos como o antigo Palácio de Cristal da cidade do Porto, demolido em 1951. Quando justificável, podem ser igualmente modelados os interiores mais interessantes. A própria viagem pela história da arquitectura pode ser complementada com a evolução do perímetro da malha urbana das principais cidades portuguesas dando ao visitante uma perspectiva histórica mais alargada sobre o seu ritmo de crescimento e o seu mapa arquitectónico.
Seguindo o espírito da exposição que se realizou em 2018 no Palácio Pimenta, A Lisboa que poderia ter sido, uma das secções do futuro museu poderia exibir os projectos mais interessantes não consumados, tantas e tão interessantes foram as maquetes que foram dadas a conhecer nessa exposição.
O Museu poderia numa das suas galerias exibir uma grande maquete contemporânea do centro da cidade de Lisboa, um pouco seguindo o exemplo da extraordinária maquete viva do centro de Berlim (LOXX), em escala 1:87, com comboios e veículos em movimento. Embora não existam muitos comboios a descoberto no centro de Lisboa, poderiam ser recriadas as linhas de eléctrico onde pequenas réplicas movidas a energia eléctrica se movimentariam subindo e descendo as colinas da cidade.
Um museu com estas características poderia ser interessante do ponto de vista histórico e cientifico para dar a conhecer com alguma profundidade as características da arquitectura portuguesa, e a exibição de maquetes, em particular de uma maquete viva, torná-lo-ia muito atractivo do ponto de vista lúdico e turístico, potenciando assim a sua viabilidade financeira e o seu desenvolvimento permanente.
Estou totalmente de acordo com esse museu!
ResponderEliminarE também deviam ressuscitar o Museu de Cera!