O que se mostra aqui é o que de mau se fez na Sé de Lisboa. Desde a bilheteira à loja, das plantas de banco ou de repartição pública, à hedionda publicidade à não menos hedionda obra dos claustros, dos painéis gigantes que tapam colunas góticas, arcos de volta perfeita, à imagem de Nossa Senhora de Fátima metida no transepto numa instalação negra com passarinhos a voar, tudo aponta para uma leviandade patrimonial que domina o Cabido e o Senhor Patriarca .
A mais histórica das igrejas históricas de Lisboa está nas mão de feirantes baratos que fizeram do espaço sagrado e de salutar despojamento, uma feira de bugigangas de duvidosa qualidade, dignas de uma loja de vão de escada.
Alegam que é para ordenar o público, demonstram uma total falta de bom-senso e um tacanho provincianismo.
Tratam o extraordinário com a brutalidade de mangas-de-alpaca encartados. E no meio desta desgraça, nem a sacristia têm aberta.
O que se passa na Sé merecia uma prolongada reportagem. Talvez seja hora do Senhor Cardeal sair do seu seráfico mutismo para pôr ordem no que, manifestamente, está sem eira nem beira.
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Que bonito estendal
ResponderEliminarObrigado pela denúncia de mais um atentado ao nosso património.
EliminarUma tristeza. Como é possível este disparate. A sinalização anterior respeitava a dignidade do monumento, porque não seguiram esse projecto e modelo. Lamentável a ignorância desta gente.
EliminarCulturalmente miseráveis estes lusitanos!
ResponderEliminarIsto ve-se em todo o lado na Europa... inclusive em quase todo o lado de Roma (um exemplo das cidades que mais tem para ver e das mais visitadas), que está cheio de igrejas e basílicas e monumentos, quase todos têm coisas destas, de torniquetes, placards, etc...
ResponderEliminarPortanto, não tem nada a ver com a cultura lusitana, não misturem coisas.
Reagindo ao anónimo das 12.37,
ResponderEliminarAgradeço o comentário, tal como todos. Os outros.
No entanto, em Roma há variadíssimas igrejas em que tal não acontece, o mesmo é válido para Nápoles e Palermo.
Em França também não e em Espanha muito menos.
O problema com a Sé de Lisboa, é que as dimensões não comportam o desvario e a incoerência estética em que o Cabido e o Senhor Patriarca maltratam a Sé.
Não sei se é da mentalidade lusitana, mas que é de jm péssimo gosto e menor oportunidade, isso sei.
Estive lá há dias e fugi horrorizado. Para além dos balcões painéis luminosos, chocou-me estar tudo vedado à visita, só se pode andar na zona dos balcões de venda de bilhetes. Indizível.
ResponderEliminarE agora vão ver o que se passa nos Jerónimos. Não fica atrás disto.
ResponderEliminarQue piroseira!
ResponderEliminarVê-se perfeitamente que o cavalheiro que escreveu esta dissertação nunca, ou raramente, saiu do nosso território para visitar monumentos similares nos nossos países vizinhos... cheira-me bastante a ressabiamento e maledicência barata, pois conhecendo eu quase todas as catedrais, igrejas primazes e palácios do velho continente, tenho de confessar que a nossa Sé até está bastante aceitável. Antes de criticar e opinar levianamente, há que conhecer tudo aquilo que se toma como termo de comparação sob pena de se estar a inventar.
ResponderEliminarPedro Pais
Guía Intérprete Oficial
Correio de Turismo na Europa
Horrível, provinciano (entre outros adjectivos) independentemente se se usa noutros locais. Contudo, sendo monumento nacional, que dizem os serviços do ministério (in)competente ?
ResponderEliminarA Pedro Pais,
ResponderEliminarAgradeço o seu comentário, embora tenha sido escrito levianamente, para usar um dos seus adjectivos,
É precisamente por sair muitas vezes do nosso território que tenho termos de comparação, Granada, Córdova, Madrid, Barcelona, Paris, Berlim, Amesterdão, Budapeste, Roma, Nápoles, Palermo, Londres,, são algumas das cidades que conheço bem.
O facto de noutros lados as coisas do património serem mais bem tratadas é objectivo. Que se lá se faça tudo bem, é uma infantilidade que ninguém defende.
Agora achar que a Sé de Lisboa até está bastante aceitável, e vindo essa afirmação de um Guia-intérprete, é que é preocupante.
Que seja alguém dessa classe profissional a achar que o bazar retratado pelas imagens, é adequado à dignidade da mais histórica das igrejas de Lisboa, é vender gato por lebre a quem o ouvirá nas suas explicações.
E para seu descanso, o autor do post, está nos antípodas do português que faz da maledicência o seu credo e a sua razão de ser.
Mas perante o que escreveu, digo-lhe só que não há pior cego do que aquele que não que ver.
O seu caso, afinal.
Concordo plenamente,ainda falta falar das beatas que se julgam donas do lugar.
EliminarReagindo a Fernando Carvalho,
ResponderEliminarOs serviços oficiais, nada dizem, escudando-se no estatuto da Sé. Lá dentro, mexe o Cabido e pronto....na prática é isso que acontece.
Que confusão vai na cabeça de alguns comentadores! Independentemente destas coisas coisas se fazerem em todas as outras cidades ou em algumas delas ou em nenhumas delas (conforme a opinião de cada comentador), é um desrespeito pelo património e não devemos fazê-lo, ponto.
ResponderEliminarNão há uma Gestão do Património Cultural? Cada um faz o que quer sem o mínimo de preparação?
ResponderEliminarEm Londres a Catedral de S. Paulo Tb está cheia de coisas destas e só se entra pagando; O mesmo em sacré Cour de Paris, algumas em Espanha... é fruto do turismo, querer atrair turistas e justificar o que cobram apenas pq tenta informação disponível.
ResponderEliminarUma porcaria pegada mesmo....e a isso nem o Sr.. arquitecto (?) escapou. Aquela "store" e tudo o resto, só de quem andou a brincar ao CAD nos fins-de-semana.
ResponderEliminarNão percebo a indignação. Há muito que a Sé deixou de ser um valor patrimonial e passou a ser apenas um equipamento turístico. Enquanto tal, está bem e coerente. Afinal, praticamente não temos turistas exigentes.
ResponderEliminarHá muitos anos que deixei de frequentar a Sé, como, seguramente, quase a totalidade dos lisboetas (exceptuando, evidentemente, um punhado de teimosos desocupados que destilam a rezinguice, andando a pé pela cidade numa obrigação militante de gastar bem os euros das reformas, das rendas ou de outras tenças inimagináveis). Na verdade, desde que deixou de fazer parte dos edifícios que compunham a vida da cidade que era nossa, onde vivíamos e habitávamos, dos lugares que faziam parte das rotinas diárias, a Sé deixou de ser diferente do "Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa" e, assim, só interessa aos turistas e não me parece que eles estejam descontentes com estas intervenções, que a tornam igual a milhares de outros sítios por onde passa a horda dos turistas de sandálias por esse mundo fora. Não será um cuidado e milionário projecto levado a cabo pelos magníficos arquitectos da DGPC que nos virá devolver a Sé, até porque, se o fizessem, o valor das entradas tornaria ainda mais inacessível o espaço.