23/03/2022

Protesto por demolição antigos armazéns R. Vale Formoso 41-43

Exma. Sra. Vereadora Joana Almeida


C.C. PCML, AML, JF e Agência LUSA

Somos a protestar pela proposta nº 111/2022 que V. Exa. irá submeter à reunião de CML de dia 28 de Março, e que diz respeito a um projecto de demolição dos edifícios da Rua do Vale Formoso (de Baixo), nº 41 a 43, em Marvila, para construção de novo edifício.

Com efeito, e apesar dos edifícios (antigos armazéns) em causa serem neste momento apenas fachadas, apresentamos o nosso protesto pela demolição das mesmas para se proceder a uma construção nova, dissonante com o resto do quarteirão, em vez de se proceder à reabilitação e adaptação da pré-existência.

Somos assim contra este projecto, exactamente pelas razões opostas às defendidas pelo promotor e pelo atelier de arquitectura em causa, e que V. Exa. parece subscrever, ou seja:

Não consideramos que este projecto seja «uma mais valia arquitectónica» e que a «uniformização da frente de rua», por via do alinhamento de cérceas e da construção nova aqui proposta, seja de aplaudir.

Pelo contrário, consideramos que esta proposta afecta o ambiente urbano de carácter industrial daquele quarteirão, ao anular as fachadas em bico características deste tipo de edifícios.

Como é possível a CML ainda manter a «uniformização de cérceas/frente de rua» como argumento válido para justificar demolições em Lisboa uma vez que essa suposta «mais valia», na grande maioria dos casos, nada mais é que um empobrecimento da diversidade patrimonial da cidade, e uma cedência à maximização de lucros de promotores privados. Graças a essa tão defendida «uniformização» a CML tem validado a destruição de muitas realidades patrimoniais por toda a cidade - e o que se pretende agora em Marvila é apenas mais um exemplo dessa prática que é preciso questionar.

E que será perfeitamente possível desenvolver um outro tipo de projecto que integre as fachadas dos antigos armazéns, em vez de as demolir, e tornar ainda mais irreconhecível o ambiente urbano de cariz industrial que caracteriza e valoriza aquela zona da cidade. A reabilitação deve ser feita com, e não contra, os testemunhos do passado de Lisboa.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Nuno Caiado, Miguel de Sepúlveda Velloso, Pedro Jordão, Teresa Silva Carvalho, Fernando Jorge, Helena Espvall, Inês Beleza Barreiros, Maria Teresa Goulão, Carlos Boavida, Sofia de Vasconcelos Casimiro, Fátima Castanheira, Eurico de Barros, Martim Galamba, Maria do Rosário Reiche, Beatriz Empis, Pedro Formozinho Sanchez, Maria Ramalho

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