20/05/2022

S.O.S. Jardim da Parada ou Jardim Teófilo Braga (Campo de Ourique)

Estátua de Maria da Fonte, no Jardim Teófilo Braga


O Jardim Teófilo Braga é um jardim público localizado na freguesia e bairro de Campo de Ourique em Lisboa. Possui uma área de 0.39ha. e está localizado no centro do bairro de Campo de Ourique, ocupando a área inteira de um dos seus quarteirões. Acabou por ficar consagrado como Jardim da Parada quando o Quartel de Campo de Ourique usava este terreno para as suas paradas militares, no entanto, é o escritor Teófilo Braga que foi também o 2º Presidente da República Portuguesa que lhe dá o nome.

O jardim apresenta uma grande riqueza vegetal da qual se destaca o lódão-bastardo (Celtis australis), que é visível sobretudo a rodear o jardim, o cipreste-de-folha-caduca (Taxodium distichum), uma sequóia (Sequoia sempervirens), palmeira-das-canárias, a ameixeira-de-jardim, a tília-prateada, a grevília, o castanheiro-da-índia e várias Ginkgo biloba.

Possui ainda 4 árvores classificadas de Interesse Público: a Sequoia sempervirens, a Taxodium distichum e duas Metrosideros excelsa.

No que diz respeito à estatuária, destaca-se uma estátua de Maria da Fonte, colocada em 1920 e da autoria de Costa Motta(tio), invocando a mulher da revolta de 1846. Possui ainda um Memorial evocativo do Prof. António Augusto Ferreira de Macedo (1887-1959), homenagem de Alunos e Amigos em 1986.
Possui atualmente um coreto, um lago no centro do jardim, um parque infantil, um quiosque/bar, uma praça de táxis e instalações sanitárias públicas.

Escolheu o Metropolitano de Lisboa o emblemático e diríamos quase sagrado Jardim da Parada, para sob ele construir a Estação de Metro de Campo de Ourique, que a concretizar-se irá determinar o fim daquele valor incalculável tal como hoje o conhecemos. Apelamos aos moradores de Campo de Ourique para que saibam lutar pela preservação dos valores do seu bairro, exigindo uma nova localização para a estação que o Metro agora pretende construir.

Pode ler-se no Estudo do Impacto Ambiental do Prolongamento da Linha Vermelha entre São Sebastião e Alcântara do Metropolitano de Lisboa, que está em consulta pública de 21 de abril a 2 de junho:

A Estação Campo de Ourique representa um grande desafio do ponto construtivo, considerando os prazos previstos para a concretização dos serviços de construção do prolongamento da Linha Vermelha São Sebastião – Alcântara, assim como a malha urbana apertada, com uma única faixa de circulação por via e com falta de alternativas de estacionamento. Tendo em conta os prazos previstos para a execução da Obra foi desenvolvida uma solução de localização desta estação, cujo objetivo é minimizar, por um lado, a proximidade do túnel aos edifícios existentes e, por outro as interferências com as vias rodoviárias na fase de construção (e consequentemente, as interrupções de tráfego e os serviços afetados), maximizando as frentes de obra, de modo a encurtar os prazos de execução. A Estação de Campo de Ourique foi assim localizada sob o Jardim Teófilo Braga (ou Jardim da Parada) – ver figura seguinte, localizando-se os poços de ataque à obra (locais que serão escavados a partir da superfície para execução dos túneis) nas suas extremidades, alinhados no seu eixo. Estes poços foram localizados de modo a situarem-se fora do perímetro de proteção das árvores classificadas existentes no Jardim da Parada. De acordo com o projeto, a localização dos poços de ataque minimiza ainda as interferências com as infraestruturas existentes, uma vez que o mesmo não se situa em nenhum dos arruamentos. A Estação de Campo de Ourique será implantada a uma profundidade de aproximadamente 31 metros A cota exterior da laje de cobertura da estação situar-se-á sensivelmente a uma profundidade de 22 metros. RESUMO NÃO TÉCNICO DO PROJETO DO PROLONGAMENTO DA LINHA VERMELHA ENTRE SÃO SEBASTIÃO E ALCÂNTARA PÁG. 12

Segundo este documento, será “inevitável a necessidade de abate de algumas das árvores do Jardim da Parada para a instalação dos dois poços de ataque”, sendo que o número e porte das árvores a abater “dependem da localização exata e das medidas de segurança associadas à abertura dos poços de ataque”.

O estudo explica, contudo, que serão abatidas apenas árvores sem classificação de interesse público. No entanto, os autores do relatório consideram que “poderá haver impactos indiretos sobre as três árvores classificadas presentes no Jardim Teófilo Braga”. Ainda assim, este impacto negativo será “pouco provável, indireto, local, temporário, reversível, de reduzida magnitude”, podendo ir de “pouco significativo a significativo, dependendo das consequências da perturbação das raízes para a integridade das árvores”.

IMPORTA SUBLINHAR QUE, APESAR DE ESTAR PREVISTO O ABATE DE APENAS SEIS ÁRVORES - LÓDÃOS CELTIS AUSTRALIS NO ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL, UM ADITAMENTO A ESTE RELATÓRIO SALIENTA QUE "APENAS EM FASE DE PROJETO DE EXECUÇÃO SERÁ POSSÍVEL DETERMINAR, COM RIGOR, QUAIS AS ÁRVORES AFETADAS PELA IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO". ASSIM SENDO, NESTA FASE, NÃO SE PODE AFIRMAR O NÚMERO CONCRETO DE ÁRVORES NÃO CLASSIFICADAS QUE SERÃO ABATIDAS.


Pinto Soares

11 comentários:

  1. Há mais dois sítios em Campo de Ourique onde não ia fazer estragos de qualquer tipo que ainda por cima ia ajuda as moradores da zona da Rua Maria Pia também, nomeadamente na Praça Afonso do Paço e/ou na Jardim dos Prazeres. Este ultima ia ter a vantagem de ligar bem com a infrastructure já implantado dos eléctricos e dos autocarros em frente do cemitério dos Prazeres. Mais ainda a proximidade de quatro escolas!

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    1. Completamente de acordo! Além do mais ,o Jardim da Parada é o unico espaço verde nesta zona de C. Ourique.

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  2. Estou interessada em aderir a este movimento e a contribuir para uma solução alternativa. Não percebi foi bem como. Se me explicarem o que fazer, agradeço!

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  3. Qualquer árvore que seja abatida será um erro. O Jardim da Parada deverá manter as suas árvores. Também gosto da solução de aproveitar o Largo João Bosco junto ao cemitério dos Prazeres com ligação aos eléctricos e autocarros.

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  4. Com travar isto?

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  5. Como nós podemos mobilizar em torno deste assunto?

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  6. As duas soluções propostas pelo anónimo das 10:14 parecem-me difíceis.
    A Praça Afonso do Paço fica totalmente no sentido inverso à passagem do túnel do metro. A colocação da estação de Campo de Ourique naquela praça colocaria em causa os prédios mais próximos, inclusive pela passagem do túnel.
    A colocação da estação no Jardim dos Prazeres teria sentido na solução do metropolitano de 2010/2011, onde a linha vermelha continuaria até ao Alvito, e a linha amarela desceria pela Avenida Infante Santo. Nesta solução não havia linhas "carrosséis". Seria, no meu ponto de vista a melhor opção para o Metro. Mas os desgovernantes acharam melhor dar dinheiro a amigos e fazerem a linha circular, que só dará problemas uns atrás dos outros.
    Deste modo, a estação neste local desviar-se-ia, também, da passagem do túnel, o que seria incomportável.
    Parece-me que, dadas as situações, a estação terá mesmo de ser no Jardim da Parada. Mas espero que aja bom senso para fazer toda a obra corretamente e com os menores danos possíveis. Trata-se de um jardim emblemático da Campo de Ourique. A parada dos militares do quartel é um dos principais marcos históricos do bairro. Espero que as árvores centenárias lá existentes sejam acauteladas.

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    1. Havendo uma estação nas amoreiras e outra na estrela qual a necessidade de estação em campo de Ourique?

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    2. Ao pé da presidência do Conselho de Ministros também há terreno baldio....

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  7. Nascido e criado em C. Ourique, não concordo que seja na Jardim da Parada, é o pulmão do bairro, o Adro da Igreja de Sto. Condestável é muito vasto, temos também a Praça Afonso do Paço, custa-me acreditar, pois assim o Jardim deixa de existir, não se trata de uma pequena obra mas sim de grandes escavações...

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  8. Em termos estruturais arquitetónicos ou de engenharia não tenho conhecimentos para poder dizer se será melhor ou pior em determinado local. Defendo é que deva haver uma preocupação efectiva e honesta dos nossos políticos com o ambiente. Estou de acordo que o Jardim da Parada fosse poupado a qualquer intervenção nesse âmbito. Pela história, pela antiguidade, pelos espaços verdes, pelo carisma, por tudo.

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