Carmona Rodrigues quer "limpar" Lisboa de "outdoors"

Presidente da câmara fala de saturação do espaço público. A 22 de Março já não haverá cartazes nas ruas..
Ora aí está uma boa notícia, que vem no seguimento do que aqui escrevi, a 3 de Fevereiro. A asfixia dos cartazes, denominados por "outdoors", é uma vergonha nacional.

PF

18/02/2005

Praça do Campo Pequeno Reabre no Verão

A Monumental do Campo Pequeno é um monumental case study do que tem sido a política lisboeta de recuperação do património e das valências da cidadania lisboeta. A praça de touros foi sendo deixada cair aos bocados ao longo dos anos com o claro intuito de se conseguir chegar a um ponto tal que ficassem reunidas as condições para a necessária "operação de choque".

Tudo começou com o declínio da "Festa Brava" em Portugal (nível mediano do toureio nacional, idem das ganadarias, preços altíssimos, pressão das ligas dos animais, enfim, um espectáculo démodé), que rapidamente foi acompanhado pela ausência de manutenção da estrutura da praça, pelo mau aspecto e perigosidade dos jardins que a circundam, pelo estado decrépito da maioria dos bonitos edifícios (e quantos há!) que ainda restam à sua volta, pelo abuso das companhias de transportes que ali estacionavam autocarros e TIR, pela praga dos arrumadores, pelo abate de dezenas de árvores no topo Norte, etc..

Os projectos de reabilitação sucederam-se mas rapidamente se percebeu que a "solução" teria que passar pela construção civil desenfreada. Assim, mais uma vez, tudo vai girar à volta de um empreendimento que comporta um gigantesco parque de estacionamento e uma galeria comercial que não se percebe bem sirva o quê, quando ali bem perto os centros comerciais Apolo 70, Arco Íris e Via Veneto andam pelas ruas da amargura. O desplante ainda é maior se se pensar na hipocrisia que é acenar-se com "salas de cinema" como chamariz da futura Praça, quando ao lado fecharam as salas do Apolo 70, Sétima Arte e Estúdio 444, por exemplo.

A recuperação do Campo Pequeno devia ter sido uma componente de um cuidado plano de pormenor para toda a zona. Um plano que contemplasse, por exemplo, a demolição de edífícios inestéticos, como o da Cosec. Um plano que passasse pela reabilitação urgente do Palácio Galveias, devolvendo-lhe chama e glória. Um plano que passasse pelo fecho puro e simples do trânsito do lado poente da praça, permitindo a instalação de esplanadas. Um plano que transformasse um espaço verde num efectivo jardim, e que permitisse a sua fruição continuada pelos milhares de moradores das avenidas e ruas circundantes. E um plano que se focasse claramente no aproveitamento da "portugalidade" das corridas de touros, que por si só garantiria a exequibilidade da exploração futura da praça, sobretudo agora que o espectáculo voltou a estar na moda.

Por isso, a Praça de Touros do Campo Pequeno, quando reabrir no Verão (segundo notícia do "JN" e do "Público"), será tudo menos uma praça de touros. Pouco importa que os tijolos tenham sido restaurados e as cúpulas repintadas. Pouco importa que as televisões lá voltem. Pouco importa que a garra de Sónia Matias ou a técnica de Pedrito Portugal chamem multidões. A Monumental do Campo Pequeno virará centro comercial e interface modal. E isso é um custo de oportunidade excessivamente alto, parece-me.

PF

17/02/2005

Nova Urbanização Vai Nascer em Entrecampos!

O projecto que Santana Lopes tanto acarinhou, enquanto foi presidente da Câmara de Lisboa - de um empreendimento de habitação, comércio e serviços - nos terrenos antes ocupados pelo Mercado do Rego, entre a Av. das Forças Armadas e a Av. Álvaro Pais, será hoje publicamente apresentado por Carmona Rodrigues, que anunciará também um novo equipamento cultural na cidade, o Lisboa Arte Forum. , pode ler-se na edição de hoje do "Público". Mais à frente: "Serão construídos 700 fogos - distribuídos por três edifícios - essencialmente destinados a jovens universitários, sejam estudantes ou licenciados em início de carreira. As tipologias serão baixas, essencialmente T0 e T1, porque se pretende abranger sobretudo uma população jovem e universitária", disse ao PÚBLICO Anibal Cabeça, administrador da EPUL, salientando que este empreendimento não se enquadra no programa EPUL Jovem".

Esta é uma excelente notícia para Lisboa e para os jovens que procuram uma habitação. A zona onde o empreendimento vai crescer, actualmente, não é nada mais que um imenso parque de estacionamento à superfície, e um amontoado de pavilhões e barracões a precisar do camartelo. Finalmente alguém pega naquele espaço. Finalmente alguém se lembra de que ali bem perto há toda uma cidade universitária, a que urge dar atenção. Só espero é que desta vez a EPUL justifique a razão da sua existência, fazendo as coisas de forma célere, eficaz e transparente. Uma boa notícia, portanto.

PF

Ainda o túnel do Marquês, a info que faltava

Aqui fica alguma informação útil para se saber exactamente o que está neste momento em causa, i.e:

O relatório de consulta pública, do Instituto do Ambiente;
O parecer do Instituto das Estradas de Portugal;
O parecer do INETI;
e o parecer sobre o descritor de análise de risco.

Esta informação, cedida pelos Cidadãos Mobilizados por Lisboa, está disponível no sítio do Forum Cidadania Lisboa.

16/02/2005

O Túnel do Marquês: mais um episódio

Dos Cidadãos Mobilizados por Lisboa, recebemos o seguinte comunicado:


"O NOVO ESCÂNDALO DO MARQUÊS

O governo de Santana Lopes anunciou a extinção da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do Túnel do Marquês, a mesma que a CML de Santana Lopes tinha procurado evitar.

A decisão foi tomada apesar de (ou porque?) vários pareceres técnicos pedidos pelo Instituto do Ambiente recomendarem que fossem avaliados os perigos associados à obra.

- Para o INETI, “a análise de risco efectuada … não está devidamente fundamentada, não havendo dados suficientes ao nível da geologia para a correcta avaliação dos riscos”, porque “o risco sísmico não pode ser negligenciado” e devido a “problemas decorrentes da intersecção de unidades aquíferas com o túnel”

- O IEP alerta para as grandes inclinações do túnel, bem como para o seu impacto negativo na gestão de tráfego na A5, ponte 25 de Abril e eixo Norte/Sul. Diz também que o traçado escolhido pode “dar origem a acidentes frequentes”, que há “apenas uma paragem de emergência, num único sentido em toda a extensão do túnel”; e que faltam saídas de emergência.

- Um parecer do Instituto de Ambiente considera insuficientes os estudos já realizados e recomenda que “seja realizada uma análise de risco exaustiva…, para as situações classificadas como tendo um potencial de risco significativo e uma incerteza elevada”.

Já anteriormente, o Estudo de Impacte Ambiental e o parecer emitido pela CCDRLVT recomendavam que os riscos significativos associados à obra fossem avaliados no âmbito do AIA agora extinto, até porque o LNEC, que se deveria pronunciar sobre o risco de desmoronamento do túnel, não o fez ainda.

Isto quer dizer que vários organismos estatais consideravam fundamental o processo de Avaliação do Impacte Ambiental do Túnel do Marquês, devido aos riscos vários da obra.

Perante a decisão de extinção do AIA, o mínimo que podemos dizer é que o governo de gestão, ao forçar um facto consumado poucos dias antes das eleições legislativas e do eventual regresso de Pedro Santana Lopes à presidência da CML, não agiu em defesa do interesse público.

Estamos perante um manifesto abuso de autoridade, com intenção de evitar, “na secretaria”, os efeitos de uma possível avaliação negativa de uma obra que PSL considerou emblemática enquanto presidente da autarquia lisboeta.

Será muito, em plena campanha eleitoral, pedir aos candidatos a deputados que pretendem ser eleitos pelo círculo de Lisboa que se envolvam e se pronunciem sobre este escândalo?

José Sá Fernandes. Fernando Nunes da Silva. Alberto Castro Nunes. Manuel João Ramos."

Duas exposições, duas "blagues" (2)



(fonte: O Céu sobre Lisboa)

Sexta-feira passada tive ocasião de visitar pormenorizadamente a exposição "Sentir Lisboa", que apresenta 125 iniciativas e projectos que pretendem justificar a laboriosa e criteriosa "missão" que é e tem sido governar Lisboa ao longo destes últimos anos.

A exposição é atraente, tem múltiplas fotos, rascunhos e esboços, coisas feitas por alguém que não outros, nomes sonantes e parangonas, e está dividida em 4 temas:

* "LISBOA VIVA - CIDADE DE BAIRROS, onde se podem ver as obras relativas à qualificação dos Bairros, criação de equipamentos e valorização do espaço público";
* "LISBOA ACTIVA - CIDADE DE EMPREENDEDORES, iniciativas relacionadas com o empreendedorismo e dinamismo empresarial";
* "LISBOA CRIATIVA - CIDADE DE CULTURAS, cosmopolitismo e multiculturalidade" e
* "LISBOA INOVADORA - CIDADE DE MODERNIDADE, modernização e eficiência administrativa".

Tudo espremido, o que fica da exposição são três coisas:

1. O mapa aéreo da cidade à escala de 1:1250
2. A mensagem subliminar de que Lisboa será o paraíso em 2011, já que por essa altura a retoma da habitação será uma realidade, o trânsito será fluído, o estacionamento, disciplinado; o ambiente, salutar; etc., etc.. (In)felizmente, em 2011 hão-de prometer-nos 2021 e assim sucessivamente.
3. O "pormenor" delicioso da exposição reside nos "planos de pormenor" que nos assaltam no piso térreo, do lado direito, que poderão ser novas frentes de combate a muito curto prazo, para quem gosta da Lisboa que ainda existe e que está farto de enfiar barretes.

De entre os quatro "pormenores", há dois de impacto imediato: refiro-me ao plano de pormenor para o palacete mourisco onde funcionava a reitoria da Universidade Nova, no Príncipe Real, que o "pormenor" quer transformá-lo em hotel de charme (mais um), arrasando com o seu esplendoroso jardim. E estou a referir-me ao "pormenor" do nivelamento das cérceas da Praça Duque de Saldanha, que levará à demolição da maior parte dos edifícios bonitos que ali resistem.

PF

15/02/2005

Ainda o murinho da China

Na edição de hoje do jornal "A Capital" pode ler-se a seguinte notícia da jornalista Marta Moreira:

Urbanismo. Residência do embaixador da China está a sofrer obras, mas, por ser diplomata, autarquia não exigiu placa que atesta legalidade. Câmara abre «excepção» em edifício diplomático na Lapa. Ao contrário do que dizem as associações, Ippar garante que o derrube do muro que envolve o edifício está aprovado. O cartaz que é afixado durante as obras permite que qualquer pessoa aceda às plantas da residência do embaixador. Por segurança, a autarquia dispensou-o.

MARTA MOREIRA

As obras de construção civil que decorrem há algumas semanas na residência oficial do embaixador da China, no n.º 2 da Rua de São Caetano, à Lapa, estão «completamente dentro da legalidade e foram licenciadas pelo Ippar», apesar de junto à obra não constar a placa obrigatória do alvará. A informação, avançada a A Capital por fonte do gabinete da vereadora do licenciamento urbanístico da Câmara de Lisboa, vem assim contrariar as suspeitas levantadas por algumas associações lisboetas, nomeadamente a Associação Lisboa Verde e o movimento Fórum Cidadania Lisboa, de que as intervenções que estavam a ser efectuadas naquele terreno do Bairro da Lapa seriam ilegais.

Uma dúvida que segundo ambas as associações foi suscitada pelo facto de no local não existir qualquer tipo de informação afixada a atestar a legalidade das obras. Mas a ausência do alvará a identificar o processo de licenciamento da intervenção é explicada pela autarquia pela conjuntura internacional associada a uma dose de bom senso em termos de segurança.

«O cartaz que normalmente é afixado durante as obras identifica o processo que pode ser consultado na Câmara de Lisboa por qualquer pessoa que, de igual modo, terá acesso a plantas da residência do embaixador. Por uma questão de segurança destas representações diplomáticas, a autarquia permite que as mesmas não exibam o alvará que identifica publicamente o processo», explicou a mesma fonte.

(continua na edição impressa)


A confirmarem-se as declarações atribuídas a fonte do departamento urbanístico da CML, não há comentários a fazer.

PF

10/02/2005

O Cinema São Jorge está fechado. Que vai sair de lá?

Confesso que estou apreensivo com o que possa sair de todo este secretismo (ou será desnorte?) à volta do futuro do Cinema São Jorge.

Diz-se que fechou para obras, que completem o que as obras de há 4 anos não fizeram, mas que se quer ir mais além, a começar pela sua exploração. Ando apreensivo porque, se por um lado ninguém já o pode vender ou arrasar (escusado será relembrar aqui as peripécias, as trapalhadas - como se diz agora - que culminaram na sua compra, acertada e definitiva; será caso para dizer que o fim justificou os meios... e aqui há que elogiar claramente a opção final da antiga vereação da CML, que não seguiu as pegadas das suas antecessoras que deixaram cair o Monumental e o Eden), por outro, quando se anunciam obras, seja lá para o que for, o que geralmente acontece é que dá tudo para o torto. Por isso estou apreensivo com o silêncio e com a aparente indefinição da CML à volta do futuro imediato do São Jorge.

No que toca às obras propriamente ditas, já sugeri - desde a minha humilde condição de cinéfilo comum - que se voltasse à sala única. Um São Jorge com 3 salas não é o São Jorge, ponto final. Sei perfeitamente que a lotação da sala única poderá trazer entraves à maximização da sua rentabilidade, mas poder-se-á atenuar esse efeito se se fizer a remodelação da sala de modo a que seja possível montar/desmontar as 3 salas sempre que a programação assim o exija. Isso não deve ser difícil. Aliás já foi lançada essa hipótese pela própria CML/Cultura. Quanto ao mais, que se reponha a mais-valia do fosso de palco, se possível com o elevador do órgão, mais o respectivo órgão (quanto ao organista, será só uma questão de copiar o esquema de funcionamento da Cinemateca, quando contrata os seus pianistas para acompanhar as sessões de cinema mudo...). E que as obras a nível da cobertura e do ar-condicionado não estraguem nada, mesmo nada do interior do São Jorge, a começar pelos seus w.c.

Já no que se refere à exploração da sala, não acho mal que a sua exploração seja "contratualizada" com privados, desde que sejam salvaguardados aspectos básicos, como a saúde física do São Jorge, o nível alto de qualidade de programação, o "reporting" periódico e público sobre a gestão da sala, etc.. Manter a exploração da sala tal como ela está é, no mínimo, caricato. O São Jorge merece muito mais que a simples exploração comercial de filmes em simultâneo com as salas de c.c., ou com a realização de pequenos festivais periódicos; mesmo que extremamente meritórias como a Festa dio Cinema Francês, ou o Festival de Cinema Independente.

Mas há um outro ponto importante: muito do sucesso do São Jorge a longo-prazo depende do futuro do Parque Mayer e do futuro da Avenida da Liberdade, pelo que convém prepará-lo para agir em sintonia com o que resultar das soluções que venham a ser aplicadas para aqueles dois "pontos negros" da vida alfacinha.

O que defendo para o São Jorge é o seguinte:

1. O São Jorge deve voltar a ter sala única.
2. O São Jorge deve ter uma exploração privada.
3. O São Jorge deve ter uma programação mista cinema+música.
3.1 Cinema: uma programação baseada em 2 vectores, i.e., "a" casa do cinema português (em regime de exclusividade, a ser negociado com os distribuidores), e uma aposta ainda maior na organização de festivais temáticos que garantam a uma exploração mais ou menos continuada, já que o São Jorge é um CINEMA (há uma panóplia de temas, cinematografias, etc., a explorar...).
3.2 Música: espectáculos musicais (jazz, music hall, etc..) que não comportem caixa de palco que o São Jorge não tem, nem foi feito para ter.

PF

08/02/2005

A verdade acima de tudo?

A verdade acima de tudo? Depois de na sexta-feira passada o PS ter viabilizado o proposta do PPD/PSD para o Parque Mayer, este cartaz desactualiza-se e esta questão deixa de ser uma trapalhada para ficar "muito bem" resolvida com a solução que foi chumbada anteriormente.

CidadaniaLx sabe que o PS pensa colocar outros cartazes em substituição que dizem:

"Ou há moral ou comem todos!"
"Assim o problema fica resolvido e Lisboa fica Mais Feliz."
"As trapalhadas de Santana em Lisboa não são mais nem menos do que as trapalhadas de Soares ou de Sampaio."

PP


07/02/2005

Duas exposições, duas "blagues" (1)

“Conservação e Reabilitação Urbana, uma Nova Cultura de Cidade” em Exposição. O Primeiro-Ministro, Pedro Santana Lopes, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Carmona Rodrigues e a vereadora responsável pelo pelouro da Reabilitação Urbana, Eduarda Napoleão, inauguraram no dia 4 de Fevereiro, na Rua Garrett, nº 72, uma exposição sobre a reabilitação urbana, uma das principais opções estratégicas da autarquia para a modernização e a melhoria da qualidade de vida na cidade de Lisboa.

À partida é uma iniciativa louvável, como todas as mostras de obra feita o são. Como à partida é bem-vindo o espaço "Renascer Lisboa", no sítio da CML. Só que basta atentar no local onde está a dita exposição para se ter uma ideia do que tem sido "feito" ao longo dos anos nesta Lisboa. E basta consultar a lista de edifícios restaurados, do dito espaço, para imediatamente se perceber que por enquanto o seu conteúdo é mais propaganda eleitoral do "há-de ser feito", do que constatação factual do que "foi feito". Senão vejamos:

A exposição está metida num espaço do imenso empreendimento que é o "Edifício Império", ou seja, a exposição de reabilitação urbana faz-se num espaço que nada tem de "reabilitador" para Lisboa, uma vez que o dito edifício é uma, senão "a", das monstrusidades do Chiado, um prédio supostamente de habitação, com pátios e zonas verdes, mas em que só conta é o arrendamento para escritórios, um enormíssimo parque de estacionamento público e pouco mais. É pois um edifício que tresanda a abandono, que está praticamente inabitado, e que é tudo menos um símbolo de restauro cuidado e atento.

Mais, o espaço físico em que a exposição decorre é o do salão da saudosa e antiga Pastelaria Marques, uma das boas pastelarias (espécie em vias de extinção) que existiam naquela zona, e cujo frontespício de época ainda resiste ao camartelo sabe-lá porquê, em mais uma daquelas recuperações tão típicas dos nossos tempos, em que se escavaca o interior e se mantém a fachada, o que é ainda mais ridículo quando a fachada anuncia "Pastelaria Marques" e lá dento há um "hall" forrado a contraplacado de pinho, de acesso a escritórios. Aliás, o Chiado, como praticamente toda a Lisboa, é uma Lisboa de fachada. O Chiado vive às horas de ponta dos dias úteis, e do movimento dos Sábados, por força de alguns comerciantes com sentido estratégico mas, ainda mais, por força da FNAC. O Chiado continua a ser um espaço de escritórios, balcões bancários, confusão de altifalantes e de fachadas esterilizadas. O Chiado está longe de ser revitalizado, apesar de todas as exposições em contrário. Todos os anos há uma loja que abre, para fechar 1-2 anos depois, para depois reabrir uma outra, e assim sucessivamente. Contam-se pelos dedos de uma mão os casos de sucesso. Por outro lado, quem arrisca em habitar no Chiado, cedo o troca por outro local. As ruas e as entradas dos prédios cheiram mal, o trânsito está mal organizado, quando não anárquico, a insegurança de madrugada é um facto. Há ainda muito por fazer. O dinheiro é escasso, eu sei, mas há muito sub-aproveitamento e promessa por cumprir, destes e dos outros.

Por outro lado, o "Renascer Lisboa" poderá ser um bom instrumento de avaliação do que "foi feito", mas tal como está é pura perda de tempo lá ir. Os prédios listados não representam que não uma parte diminuta do universo de prédios abandonados de Lisboa, sendo que seria bom sabermos quantos prédios antigos de habitação caem todos os anos e são substituídos por novos para escritórios. Além disso, a maior parte dos edifícios listados não tem informação alguma, para além do número de polícia, não se sabendo quem é o dono, ou quem fez a obra, o que era e no que se transformou.

Por sua vez, falar-se do Intendente ou dos bairros do Castelo e do Chafariz de Dentro como estando recuperados, é pura fantasia. Avançou-se alguma coisa no terceiro caso, mas nos outros dois, as obras remontam há mais de uma década e continuarão por mais alguns anos, venha quem vier!! E falar-se em "projectos" do Parque Mayer, quando o que há é tão só uma mão cheia de nada, isto é, uns rabiscos de Gehry e umas virtualidades rudimentares; e do denominado "Alcântara XXI", quando o que se sabe é que as torres de Siza passaram a "pretérito imperfeito", convenhamos que é muito demagógico.

Resumindo e concluindo: há alguma coisa já feita (boa e má) e está muita a ser feita (boa e má), o que não acontecia há décadas, na maior parte dos casos. Aplaudo de pé recuperações de edifícios como as que decorrem nos do Círculo Eça de Queiroz, Grémio Literário, Rádio Renascença, etc.; mas é muito pouco para merecer uma exposição, muito pouco.

PF

04/02/2005

Entregue a Petição pela Casa de Almeida Garrett

No seguimento da petição que lançámos em prol da casa onde Almeida Garrett viveu e morreu, entregamos hoje - no exacto dia, 4 de Fevereiro, em que se comemora o 206º aniversário do nascimento de Garrett -, à CML/Cultura, ao IPPAR/Lisboa e ao Instituto Camões, um exemplar da mesma, com cerca de 2.300 assinaturas de lisboetas, portugueses e estrangeiros que acham um crime a demolição do edifício sito na Rua Saraiva de Carvalho, nº 66-68, e o seu não aproveitamento como espaço de conhecimento e tertúlia ao derredor de Almeida Garrett.

Mais acham os seus subscritores:

* que o edifício mencionado tem características arquitectónicas, de memória, e de inserção naquela artéria e naquele bairro de Lisboa, que justificam amplamente a sua classificação pelo IPPAR, sendo garantido desse modo um instrumento legal que assegure e permita as condições para o seu aproveitamento futuro;

* que, sendo Garrett um dos pilares da língua e da cultura portuguesas, é certamente um assunto que não pode passar despercebido ao Instituto Camões; e, finalmente;

* que, no seguimento da análise que o pelouro da Cultura da CML está neste momento a fazer sobre o interesse em manter de pé, ou não, aquele espaço, esta petição sirva para mostrar que há muitos que acham que Lisboa (e o autor) merece uma Casa-Museu Almeida Garrett.

Aguardemos por boas notícias!

Bernardo Ferreira de Carvalho, Pedro Policarpo e Paulo Ferrero

03/02/2005

A praga dos "outdoors"


Lisboa, 2 de Fevereiro de 2005 (Rua Ramalho Ortigão)
Posted by Hello

Estou farto dos agentes de poluição visual a quem alguém deu o nome de "outdoors". Dos grandes e dos pequenos. E estou sobretudo farto daquelas imensas caras que nos seguem, para onde quer que vamos, onde quer que estejamos. Umas dizem-nos que sabem que nós sabemos quem eles são, que são bons rapazes, e artistas portugueses, mais palavras para quê. E que outros não o são. Uns dizem-me para votar, mas só se for para mudar (para melhor, supõe-se). Dizem-se ainda de uma política limpa, esterilizada mesmo, a começar pelas canetas de tinta permanentemente invisível. Outros prometem ensinar-nos inglês desde a Primária, e que vem aí um choque (mais um) de admissão de 150.000 "new jobs for the boys". Outros afirmam-se úteis e reclamam galões. Finalmente, há quem ande a tirar medidas para fato às riscas para forrar o guarda-fato e a distribuir convites para tomadas de posse, aproveitando a onda da mudança, não se sabe muito bem para onde. Tem piada, a mim parece-me que são sempre os mesmos "outdoors". Outro dia, ao ligar a TV para o Canal Memória dei-me conta de que as manif de há 30 anos são as mesmas de agora; que as causas, as queixas e as promessas, mais as caras (embora visualmente diferentes e a preto e branco) são das mesmas pessoas que as não cumprem. E dou-me conta de quão tamanha inutilidade tem sido a do meu voto. O que não tem piada é a praga de "outdoors" que continua a conviver com escolas primárias em que chove nas salas de aula, por exemplo. Abaixo a dúzia deles que asfixia Entre-Campos!

PF

Reflexões sobre o Forum Cidadania Lisboa

Talvez fosse boa ideia apelarem a uma maior participação no vosso fórum, de modo a ver se alcançamos uma plataforma de entendimento. Isto porque a mim parece-me que um movimento como se pretende deve definir um programa de acção tão concreto e minimal quanto possível, caso contrário corre-se o risco de dispersar e passar o tempo a discutir. Pela minha experiência na Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados e no Lisboa Abandonada, é essencial fazê-lo para conseguir alguma eficácia.
Digo isto também porque, como talvez saibam pelo meu blog, discordo, por exemplo, do modo como foi conduzida a contestação ao projecto do Inglesinhos. E acho agora ingénua a pretensão de transformar aquilo em 'escola-museu de artes e ofícios, em regime de semi-internato para aluno', etc. Pago por quem? Pelo Grupo Mello? Pela Misericórdia? Pela CML, que já provou ser completamente incompetente como gestora de espaços culturais? Convém ser realista: o prédio está vendido; não estou a ver como poderá ser o negócio anulado; e mesmo que fosse possível, não estou a ver a Misericórdia a fazê-lo. Ela é uma instituição de direito privado e portanto faz o que lhe apetecer. Como a CML não exerceu o direito de opção na altura devida, não estou a ver que o possa fazer agora. Parece-me muito mais exequível outro plano: 1.º: Defectar a igreja e os jardins do condomínio, que ficariam sob gestão da CML e abertos ao público, sendo a igreja destinada a eventos culturais, nomeadamente para concertos; 2.º Rever a questão do acesso ao parque de estacionamento de modo a que a entrada se passe a fazer pelo lado do Largo dos Inglesinhos. Mais do que isto parece-me inviável. Só se se expropriasse o edifício, coisa que no actual regime me parece impossível. Quanto a mim só vale a pena fazer propostas exequíveis. Caso contrário, o máximo que se consegue é protelar a construção do condomínio, e perde-se a oportunidade de conseguir algo de positivo.
Na nota de imprensa, discordo também do que vocês dizem do terreno da Feira Popular. E também não concordo com a afirmação de que 'Em Lisboa há betão a mais e espaços verdes a menos'. Como é que vocês conciliam isso com o apoio à ideia do João Seixas de que 'é preciso densificar Lisboa', como li no vosso blog? Quanto a mim, há espaços verdes a menos e construção a menos. É urgente parar o processo de desertificação de Lisboa, por um lado; por outro, Lisboa transformou-se nas últimas décadas numa manta de retalhos desconexa, com buracos que é necessário preencher. Penso que a generalidade dos urbanistas estão de acordo nisto. Em suma, acho a ideia de uma espaço verde na Feira Popular discutível. Porque não usar o terreno para construir habitação, numa zona de Lisboa que é das que tem mais sofrido a desertificação?
Além disso, como já disse na reunião de sábado, não me agrada a ideia de mais um movimento 'patrimonialista', como tem sido a generalidade dos movimentos de cidadãos em Lisboa. Eis algumas ideias de reivindições 'positivas':

1.º Exigir total transparência da CML, nomeadamente em relação a operações urbanísticas, como resto é de lei mas a CML nunca cumpre;
2.º Exigir a elaboração de todos os planos de pormenor previstos desde o 1º PDM e que, na esmagadora maioria, nunca foram feitos;
3.º Concretamente, exercer maior pressão para que sejam elaborados e divulgados os PP para as zonas da Boavista e de Alcântara;
4.º Exigir medidas imediatas de apoio à circulação dos veículos da Carris, através do estabelecimento de coimas elevadas para veículos que impeçam a circulação dos ditos e do apoio da Polícia Municipal, com um contacto imediato via rádio entre os motoristas/guarda-freios e reboques.
5.º Exigir a libertação de espaço público na margem do rio, que neste momento está quase completamente vedada, excepto entre Alcântara e Belém.

Um abraço

Pedro Ornelas

O Céu sobre Lisboa

02/02/2005

política de outdoors [I]


Lisboa, 2 de Fevereiro de 2005 (Rua Ramalho Ortigão)
Posted by Hello

PP

Mais 2 argumentos pró Convento dos Inglesinhos

Gostava que quem de direito fosse pensando na possibilidade de avançar com a expropriação pura e simples de todo o Convento dos Inglesinhos.

Se eu fosse potencial comprador de um apartamento no projectado condomínio da Amorim Imobiliária, não gostava de ser considerado persona non grata no Bairro Alto.
PF

Participem no Forum!

A todos que se preocupam com Lisboa, muito em particular a todos os fundadores do "Forum Cidadania Lisboa", peço o seguinte: PARTICIPEM!
Aqui no blogue, e no espaço de debate, no Forum do nosso site! De que estão à espera?

PF

Exposição "Sentir Lisboa"?!


Esta exposição está patente ao público entre 31 de Janeiro e 31 de Março no Edifício Central da CML, no Campo Grande, entre as 08h00 e as 20h00 - Prometemos lá ir em breve

Posted by PP

01/02/2005

E se o bloqueador não bloquear ...


Durante essa tarde nenhum carro foi bloqueado e o esquema de funcionamento foi este.
Posted by PP

A EMEL confraternizando com o arrumador


Nesta foto pode-se ver uma das raras aparições da fiscal da EMEL na Av. Ressano Garcia, que esteve no Bairro Azul em cavaqueira com os arrumadores residentes.
Posted by PP

Atentado ao património da Lapa

Neste momento, na Residência do Senhor Embaixador da República da China, sita na Rua de São Caetano, nº 2, Freguesia da Lapa, ocorre um crime inqualificável sobre o património botânico e cultural de Lisboa, conforme se comprova pelas fotografias disponíveis em Forum Cidadania Lisboa .

Neste momento, também, a Associação Lisboa Verde aguarda uma resposta da CML, para se saber se a obra foi ou não licenciada uma vez que no local não existe qualquer aviso.

O mesmo relativamente ao IPPAR, uma vez que o prédio em causa está classificado (Diário da República - I Série B, nº 66-29-9-1995, pg. 5948), pelo que qualquer alteração ao mesmo necessita do parecer daquele organismo.

Ontem foi a Embaixada Britânica, hoje é a da China, amanhã será qual?
PF