09/11/2005

Visitas guiadas (e surrealistas) à estátua de Dom José I

A notícia está no site da CML: "A Câmara Municipal de Lisboa, através do Departamento de Património Cultural, tem o prazer de convidar V. Exa. para as visitas guiadas intituladas “A Viagem de D. José I”. O percurso tem início no Museu Militar, passa pela Sala dos Gessos, e termina junto à estátua equestre de D. José I, na Praça da Figueira, realizando-se nos dias 13, 20 e 27 de Novembro, das 10h às 13h. Estas visitas vêm na sequência das anteriormente realizadas com a colaboração do Museu Militar. A frequência da visita é gratuita e está sujeita a marcação prévia até à Sexta-feira anterior a cada data, com Maria José Figueiredo, através do telef.: 21 792 46 51."

Bom, não sei se já é a primeira iniciativa do novo Vereador da Cultura, Amaral Lopes, mas parece-me um pouco surrealista estar a promover-se uma visita guiada à estátua do Rei D.José. Quando li a notícia até pensei que talvez alguém tivesse encontrado alguns túneis mirabolantes nas profundezas dos eternos buracos do Terreiro do Paço, que nos permitissem ver a estátua por debaixo do pedestal. Ou então, pensei eu, que os elementos decorativos de Machado de Castro tivessem inchado tanto, tanto, que aos humanos fosse agora possível entrar pelo cavalo adentro.

Mas não, lida melhor a notícia, o que se passa é que a dita "viagem" é mesmo uma viagem em termos de espaço e tempo: começa no belo Museu Militar, passa pela Sala dos Gessos e termina junto à estátua. Tem piada, já visitei algumas vezes o Museu Militar (antes das inundações), quis visitar e não pude a Sala dos Gessos, e costumo admirar quase diariamente a obra-prima da nossa estatuária; mas nunca tinha pensado em termos de "Viagem de D.José I".

É uma iniciativa engraçada, esta, mas seria melhor que na tal viagem se visse recuperada a zona envolvente ao Museu Militar, bem como o Chafariz de Dentro, o Chafariz d'El-Rei, o Palácio Cabral, o Campo das Cebolas, a Casa dos Bicos, a Igreja de Conceição Velha, o Arco da Rua Augusta, o Terreiro do Paço e, finalmente, a própria estátua em si (tem tanta patine que nem se vislumbra a cor de ébano do cavalo!), e dignidade da placa central em que se insere.

PF
P.S.- Vou tentar ir à "viagem", claro.

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