29/05/2007

Lisboa: «falta» outro relógio!

Desabafo em plena campanha...

A malta anda tão distraída que quase nem se olha. Nem se dá conta. Mas a verdade é que - sabe-se lá porquê - deu um «vaipe» qualquer a um qualquer departamentpo do Estado ali na Praça do Comércio e ontem de manhã dei de caras com... a tela de um lado e a... novidade relativa ao relógio do outro do Arco da Rua Augusta (vê-se lá ao fundo na foto, anterior à novidade, claro).
Quer dizer.
Não é que tenha desaparecido - acho eu.
Acho que apenas está obnubilado.
Estará em reparação. Estará, não: está mesmo. Um dia destes é-nos devolvido, já reabilitado, a rodar como novo.
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Mais um relógio fora do alcance dos nossos olhos. Mas agora por boas razões. Este não é um caso parecido com essoutro, o da Hora Legal, ali ao Cais do Sodré. Que nos prometeram que seria devolvido aos nossos olhos.
Como o Cais das Colunas, também retirado há séculos e ainda armazenado nas caves do Metro e que também prometem devolver-nos para o ano que vem. Vamos ver se nada falha... Que raio de País que faz desaparecer as coisas que nos fazem falta e as mantém esquecidas algures. Mas volto ao relógio do Arco, aquele do outro lado, o lado da Rua Augusta.
Desta vez, trata-se de uma reparação, diz a tela. Tela publicitária. Tinha de ser. Ali, do alto do século XVIII, a olhar para nós de forma altaneira. Que diabo. Não há dinheiro que chegue nem para reparar um relógio, sem o maldito acompanhamentoà viola de uma tela publicitária?
Mas o que fazem à massa? Usam-na em quê e para quê, afinal? Espero que não seja para comprar mais um tanque de guerra (para fazer o quê com ele, já agora?)...
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Aviso à navegação: não é que me faça falta para ler as horas: nunca mas tinha «dado»; mas ver ali a tela feia e triste com publicidade fez-me mal, que querem...
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Verdade se diga que, desde que o velho relógio da Rotunda do Relógio desapareceu, as nossas emoções em torno destes instrumentos de medida rigorosa do tempo têm ficado cada vez mais abaladas...
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Notas sobre este relógio:
1
«O lado (do Arco) virado para a Rua Augusta apresenta um relógio monumental, ornamentado com motivos vegetalistas».
O relógio foi ali implantado nos anos 30 do século XX.
In 'Diário Digital'

2
E até se pode saber quem está a fazer a reparação: «Depois da reparação dos relógios de Castelo Branco e Penamacor, a Cousinha tem em mãos mais duas empreitadas de monta, que são a reparação dos relógios mecânicos do arco da Rua Augusta e do Quartel do Carmo, ambos em Lisboa». E o que é a «Cousinha»? «Cousinha- Electromecânica e Informática, Lda., uma empresa sedeada em Almada. Foi naquela cidade que o relógio de Penamacor foi construído há 50 anos pela então Fábrica Nacional de Relógios Monumentais - “A Boa Construtora”, de Manuel Francisco Cousinha. A reparação esteve agora a cargo de outro membro da família Cousinha, neste caso o neto do construtor».
In «Reconquista», jornal de Castelo Branco.

3 comentários:

  1. Anónimo6:48 a.m.

    "Não há dinheiro que chegue..."...!?
    Só com o dinheiro que meia dúzia de incompetentes resolveram "oferecer" a F. Gehry, tinha-se restaurado o Arco, relógio, e ainda sobrava algum para uns cafés no Martinho.

    JA

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  2. Anónimo3:23 p.m.

    Pois, ao que parece esta obra de restauro apenas é possível devido à intervenção de empresas privadas, neste caso a Torres Distribuição e a Jaeger LeCoultre e a uma Fundação Medeiros e Almeida, também ela privada. E assim sendo é totalmente justificável que essas empresas queiram ver algum retorno no dinheiro que investem neste restauro, no fundo para o bem de todos nós lisboetas. Se há dinheiro para contratar Frank Gehry's ou não, não me compete discuti-lo, mas louvo estas iniciativas privadas. Se há quem queira ver essas obras feitas por entidades privadas sem publicidade pode começar a acordar para a realidade porque é assim que as coisas funcionam

    JPT

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  3. Anónimo6:09 p.m.

    Posso parecer suspeito, já que me bato há mais de dez anos pelo restauro do relógio em causa, paradigma da situação em que se encontra praticamente a totalidade da chamada relojoaria férrea, grossa, monumental ou de torre do país. Mas se o IPPAR (agora IGESPAR) não tinha dinheiro, ainda bem que a iniciativa privada tomou conta do assunto. Não há almoços grátis, como se sabe, e a publicidade ao mecenato cultural é coisa corrente em qualquer cidade do mundo, muitas delas mais ricas do que lisboa.
    quem quiser saber um pouco mais sobre o tempo,a sua medição e os relógios do paço, poderá ir a wwww.fernandocorreiadeoliveira.com e terá lá a comunicação que fiz no arco, aquando do anúncio do restauro.
    fernando correia de oliveira

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