18/07/2007

Salvaguarda da Encosta da Penha de França

A propósito dos post mais recentes sobre os jardins na cidade de Lisboa, gostaría de vos dar a conhecer um movimento de moradores da Penha de França que se juntou para defender um interior de um quarteirão, que apresenta grandes potencialidades para a criação de uma zona verde pública, aproveitando a encosta da Penha de França e espaços adjacentes. Nos últimos trinta anos, este espaço tem sido alvo de especulação imobiliária, tendo sido indeferido em Fevereiro de 2006 um projecto que previa a construção de um edifício com 15 andares que iria destruir um dos últimos espaços verdes da freguesia.


O movimento surgiu à cerca de dois anos e desde o seu início contou com o apoio da Junta de Freguesia que nos tem ajudado em todo o processo, principalmente nos contactos desenvolvidos com o anterior executivo da CML. Foram feitas reuniões com os anteriores vereadores do Urbanismo e Espaços Verdes para os sensibilizar acerca da importância destes espaço na nossa freguesia e apresentar propostas concretas para o seu aproveitamento enquanto espaço verde público com capacidade para a integração de áreas de recreio e lazer. Após vários contactos com as entidades responsáveis, conseguiu-se dar visibilidade à causa, mas sem resultados concretos. Aguardamos a entrada do novo executivo, na esperança de poderem ser tomadas medidas que salvaguardem a Encosta da Penha de França, impedindo a sua construção.



Mais recentemente a proposta defendida pelos moradores, foi premiada com o Prémio Jovem Arquitecto Paisagista, destacando-se de um conjunto de 30 propostas. O concurso incidia sobre o tema de Espaços de Produção, Protecção e Recreio, e foi baseado nesse conceito que foi desenvolvida uma proposta que visava a criação de um parque na zona da encosta e espaços adjacentes.
A proposta tinha assim como objectivo a requalificação do interior do quarteirão contíguo à encosta da Penha de França, criando um espaço de protecção e valorização da encosta, concentrando os equipamentos na base da mesma. Seria criada uma área de descompressão da malha urbana, com capacidade para integrar simultaneamente áreas amplas de recreio e lazer com equipamentos e actividades para as várias faixas etárias (parque infantil, bar/esplanada, campo de jogos, hortas comunitárias, zonas de estadia, percursos ao longo da encosta, edifício multiusos, parque de estacionamento subterrâneo, etc.). Este seria o grande espaço arborizado do bairro, com diversas funções e equipamentos que permitiriam valorizar a freguesia, reintegrando a encosta na estrutura e vivência da cidade.


Com este prémio, os autores da proposta bem como os restantes moradores que desde sempre apoiaram a iniciativa, esperam obter outra visibilidade para esta causa, lutando para impedir a construção deste interior de quarteirão, e continuar a alertar para a importância dos espaços abertos na melhoria das condições de vida na Penha de França e principalmente na cidade de Lisboa.
Nuno Almeida e Lília Coelho

6 comentários:

  1. PARABÉNS! Esta é a direcção que Lisboa deve seguir: mais espaços verdes e menos, muito menos construção nova! É tempo dos cidadãos reclamarem a cidade para si!

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  2. Parabéns! Excelente iniciativa, excelente ideia.

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  3. É apresentar isto quanto antes ao novo executivo da CML

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  4. o rumo insustentável das coisas só pode mudar se os cidadãos, os moradores de cada freguesia, tomarem para si a tarefa de proteger estes espaços livres que restam na cidade. porque como já todos sabemos, a autarquia nunca teve nem independência nem visão. lisboa anda sempre atrasada pelo menos 20 anos em relação à europa desenvolvida.

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    1. Penso exactamente o mesmo, só acrescentando que só com um atraso igual das populações em termos de mobilização ou defesa do bem comum, estes projectos previstos são sequer apresentados, quanto mais aprovados.

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