31/07/2008

O rato rugiu, sim, mas ainda falta um passo ...


E esse passo é formalizar o chumbo definitivo, ou seja, aceitar o repto que o Sr. Presidente lançou a quem votou contra: preparar uma proposta de revogação da aprovação do projecto de arquitectura. Ou seja, ainda, mandar o promotor e o mono para outro sítio de Lisboa. Só aí Lisboa terá vencido e esta votação de ontem terá sido histórica!

Debate? Sim, mas NÃO basta na Ordem dos Arquitectos. Faça-se como João Soares fez.

E, pegando no outro repto lançado pelo Sr. Vereador do Urbanismo, faça-se uma proposta para a criação de 'um departamento na CML, com dotação orçamental, para se começar o abate dos monos e dos mamarrachos de Lisboa'.

...

Sobre a sessão de ontem, há ainda a reter dois momentos:

1. O Sr.Presidente da CML sabe perfeitamente que no texto da petição contra o mono, não existe nenhuma referência à 'destruição do chafariz'. Se há algum comentário de subscritores ou comentários a posts, em que tal se refira, das duas uma, ou é intencional ou por má informação, que não dos autores da petição.

2. O Sr.Presidente da CML fez um discurso muito interessante no final da discussão deste ponto, algures entre o 'não me comprometas' e uma postura institucional de não pôr em causa decisões do passado - que, aliás, teve como único apoio uma intervenção patética de Sá Fernandes -, pelo que ficámos todos sem saber se era a favor ou contra o mono. Mas não pode dizer, como disse, que o que estava ali em causa era a aprovação de rede de águas, luz e esgotos. O que estava ali em causa e foi CHUMBADO foi uma proposta de licenciamento do projecto.

3. A Sr. Vereadora Ana Sara Brito fez uma intervenção muito interessante, mencionando o facto de na altura da aprovação do projecto de arquitectura não ter havido nenhuma petição. Verdade. E que ela mesmo tinha sido uma das pessoas a pôr em causa esse projecto. Se o diz, é verdade. E que a CML de então tudo fez para que ninguém soubesse (inclusivamente, falando há meses com a responsável pela Junta de S.Mamede, disse-me que nem a Junta se tinha apercebido de nada até surgirem as primeiras notícias nos jornais, o que é sintomátivo sobre o modo 'transparente' como PSL e a Srª Napoleão lidaram com o mono, vá-se lá saber porquê).

Pessoalmente, nunca soube deste mono, a não ser há um ano, na exposição do Expresso, em plena Trienal de Arquitectura, na Cordoaria. Vi o boneco e pensei que fosse uma brincadeira de mau gosto de algum arquitecto de Ceaucescu, que não passava de um desenho, até porque na legenda do boneco nada se dizia sobre se aquilo tinha sido aprovado pela CML.

Voltando à Srª Vereadora, qual é o espanto geral quando a mesma diz no final que iria votar a favor.

4. O quadro/projecção/boneco que o Sr. Vereador do Urbanismo apresentou ontem está viciado à partida. Pergunto só: como é que é possível um prédio de 7 andares, repito, 7 andares, que é(era?) o mono, ter a mesma altura, no quadro, do prédio de Ventura Terra que tem apenas R/C e mais 3 pisos? Será o mono um prédio para pigmeus, com pé direito de 50cm em cada piso? Se isso não é viciar os dados da discussão, o que é?

5. A questão da sinagoga, além de ser uma questão lateral ao problema do mono, que é de escala e de rebentamento do equilíbrio urbanístico do outrora largo (recorde-se, estropiado de forma irreversível enquanto tal por Abecassis); serviu de tentativa patética de apaziguamento do protesto cada vez mais largo, da esquerda à direita, passando pelo centro, por cima e por baixo, de todas as cores e feitios, maiorias e minorias. Só não vê quem não quer ver.

Concluindo: projectos como o do mono do Rato, mais a Torre Compave/Boffil - de contornos altamente nebulosos, em todos os sentido -, o projecto Alcântara XXI, Alcântara-Mar, NovAlcântara, Terminal de Cruzeiros, Ampliação da Estação Fluvial Sudeste, Projecto Norman Foster - recordo ao Sr. Presidente e ao Sr. Vereador de Urbanismo que o projecto de Foster NÃO É uma torre e, sobretudo não é um mono ... porque Foster não sabe fazer monos, mono é o prédio do IADE, por ex.; pelo que podemos discutir se o projecto de Foster corta o sistema de vistas, altera radicalmente a silhueta ribeirinha (e os monos do Cais do Sodré, não alteraram?) mas tratá-lo como 'torre', parece-me já contraditório com a postura institucional que não lhe permitiu votar NÃO ao mono do Rato -, a Docapesca, os Coches, são claramente motivo de referendo municipal. Mas isso é um pau de dois bicos para os políticos nacionais e, portanto, dele têm um medo pavoroso. Por isso, por aí nada feito.

4 comentários:

  1. Falta aqui objectividade aos intervenientes! O projecto está aprovado. Se está mal aprovado, por vício formal ou de conteúdo, deverá ser nulo. Se não está mal a autarquia deve proceder em conformidade.
    Eu sei que não é gratificante perder. Mas também sei que é tão menos quanto mais irracionalidade se investiu. Leia-se: dialética cabeça/coração.
    Em Portugal falta-nos muita objectividade.
    Afasto-me, por isso, destas paixões insanas.

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  2. objectividade, que dialécticas não são chamadas na construção de argumentos racionais (eg. da premissa para a conclusão, ou da conclusão para a premissa, é optar): cidadãos preferem inverter as más decisões por parte dos que se instalam nas câmaras para desbaratinar o dinheiro dos seus impostos, e discutir alternativas ou mesmo pagar indemnização aos já bem nutridos bolsos dos projectistas e construtores. Pior seria ficarmos com largos ainda mais congestionados/desequilibrados/poluídos, pagando respectiva factura. Cidadania, e não compadrio.

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  3. LOBO VILLA 31-7-08
    Há aqui considerações abstrusas no "post" do Sr Paulo Ferrero como "o projecto Foster não é uma Torre..." e Foster "não sabe fazer monos...".Como saberá há monos em altura e em largura, e,Foster propõe o mais alto prédio para Lisboa,totalmente fora da ESCALA,(do país mesmo) ou seja,O MAIOR MONO DO PAÌS.E as torres de Alcântara outro MONO em altura(do Siza),o novo Museu dos Coches outro MONO(sobretudo em largura),as torres soviéticas do Estoril-Sol mais um MONO em altura,etc.O CCB é outro.
    (A proposta de M. Salgado em demolir os "monos existentes" é u ma provocação bera q não merece acrescentos.Cuidado com o Sr Salgado,é um provocador profissional).
    Tudo o mais concordo consigo(dispensava o Ceaucescu...).

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