17/01/2009


António Costa mostra obras em miradouros feitas com verbas do jogo do Casino Lisboa-publico - 17.01.2009, Ana Henriques

Esplanada e espreguiçadeiras fazem parte das novas comodidades dos espaços verdes que estão a ser renovados

O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, meteu-se ontem num autocarro para mostrar aos jornalistas e ao presidente do Turismo de Portugal, Luís Patrão, as obras que anda a fazer nos miradouros da cidade com a parte das verbas do jogo do casino que cabem à autarquia.
Jardim do Torel, miradouro do Monte Agudo, na Penha de França, e Jardim Boto Machado, no Campo de Santa Clara, estão impróprios para frequentar: ou porque atingiram estados de degradação impensáveis, como é o caso do Monte Agudo, ou porque os trabalhos em curso revolveram tudo e mais alguma coisa, como no Campo de Santa Clara. Seja como for, se os prazos forem cumpridos estes espaços verdes voltarão a ser lugares frequentáveis entre Maio e Junho.
Planeada para custar 291,6 mil euros, a que há a somar mais 54 mil para um quiosque, a obra do Monte Agudo, um dos mais bonitos e escondidos miradouros de Lisboa, vai afinal ficar apenas em 183 mil - uma diferença explicada pela autarquia pelo facto de o concurso público para a empreitada ter feito baixar o preço. O mesmo aconteceu no Jardim Boto Machado - uma descida de 326,8 mil euros para 262 mil - e, em menor escala, no Torel.
Os técnicos camarários encarregues da recuperação destes espaços vão aproveitar para abater as árvores em mau estado fitossanitário e, nalguns casos, para plantar novas espécies, e também para colocar esplanadas nos locais onde elas não existem. A reabilitação do Monte Agudo inclui o restauro do painel de azulejos do miradouro e da pérgola, bem como da escadaria que percorre a parte inferior do jardim. Do projecto faz ainda parte a ligação do espaço verde a uma escola vizinha.
O vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, sonha ligar o Torel ao jardim dos CTT imediatamente abaixo. Mas para isso era preciso que os Correios acedessem a abrir o seu recinto ao público - o que ainda não aconteceu. A ser estudada está também a possibilidade de instalar um equipamento cultural no Torel. De concreto, sabe-se que quando tudo ficar pronto os frequentadores do jardim vão poder usar espreguiçadeiras e apreciar, devidamente reabilitado, o tanque barroco que ali existe.
A Estufa Fria, no Parque Eduardo VII, foi brindada igualmente com as verbas do casino - mas aqui a grande fatia do investimento está programada para o ano que vem, embora as obras comecem já este ano. Só a recuperação da nave e das estufas quente e fria poderá ir a mais de meio milhão de euros, havendo também verbas previstas para o levantamento das patologias dos espécimes que ali se encontram.
Prevista está também a recuperação do lago. Alvo de críticas, por as actividades que encerra não dignificarem a Praça do Comércio, a iniciativa Aos Domingos o Terreiro do Paço É das Pessoas tem inscritos para o período de 2008/2009 nada menos de 600 mil euros. Acontece que a placa central do Terreiro do Paço vai estar durante praticamente este ano todo impraticável para outras actividades que não as obras de saneamento que estão agora a começar.
Ao todo, a autarquia candidatou às verbas que lhe cabem do jogo projectos no valor de 42 milhões de euros, 30 milhões dos quais para gastar até ao final de 2009. São intervenções que não se resumem aos espaços verdes e que abrangem projectos tão diferenciados como a reabilitação do Parque Mayer ou a ligação da Baixa ao castelo através de dois elevadores, a instalar dentro de edifícios já existentes. "Não quisemos esgotar todo o potencial de investimento numa única grande obra", explicou António Costa.

NOVA ADMINISTRAÇÃO DA EMEL
António Costa vai propor o ex-consultor económico do antigo Presidente da República Mário Soares, António Júlio de Almeida, para a presidência da empresa de estacionamento EMEL. Segundo a proposta, a que a Lusa teve acesso, são também nomeados, como vogais, o professor do Instituto Superior Técnico Tiago Farias e o advogado Rogério Pacheco. A EMEL está sem presidente de conselho de administração desde a demissão de Marina Ferreira, em Outubro, a que se seguiu a do vogal Mário Lourenço na semana passada.

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