23/02/2009

EXEMPLAR DE "DOM QUIXOTE DE LA MANCHA" DO SÉC XVII E OUTRAS RARIDADES FORAM A LEILÃO EM LISBOA

"Base de licitação entre os 15 mil e os 20 mil euros
16.06.2008 - 13h02 Alexandra Prado Coelho.
Um exemplar da segunda edição portuguesa de "Dom Quixote de La Mancha", de Cervantes, datada de 1605, é a peça de maior valor do leilão que a leiloeira Renascimento realiza hoje e amanhã (sempre às 21h30) em Lisboa e que é constituído por parte da biblioteca de Guilherme Goldegel de Oliveira Santos.Trata-se de uma obra impressa por Pedro Crasbeek e que foi editada apenas dois meses depois da primeira edição do livro de Cervantes em Portugal – o que mostra o sucesso que a história do cavaleiro da Mancha teve logo na época.Este exemplar, que será leiloado com uma base de licitação entre os 15 mil e os 20 mil euros, é um de vários livros que compõem uma cervantina (conjunto de obras de e sobre Cervantes) que Guilherme de Oliveira Santos foi reunindo ao longo de mais de 50 anos.“Decidi desfazer-me agora de parte da biblioteca, porque, com 89 anos, já não tenho idade para ler muito e já não tenho espaço em casa para tantos livros”, contou o bibliófilo ao PÚBLICO, confessando que é com pena que vê os livros sair de casa.HerançaA biblioteca começou por ser uma herança, mas Oliveira Santos enriqueceu- a com muitos outros livros comprados sobretudo em alfarrabistas portugueses, e, em alguns casos, espanhóis.Foi num dos alfarrabistas portugueses que um dia encontrou o tal exemplar de "Dom Quixote", que, sublinha, vem identificado como tendo sido censurado pela Inquisição. “Só encontrei outro nessas condições, na Biblioteca Nacional, mas é posterior”, diz. Dessa segunda edição, de Março de 1605, “só estão referenciados cinco exemplares, três em Espanha, um no Museu Britânico e outro nos Estados Unidos, mas nenhum tem as quatro folhas de índice que o meu tem”, sublinha.A cervantina inclui outra edição de "Dom Quixote", de 1611, que a leiloeira considera “de extrema raridade”, sobre a qual refere que “não são conhecidos exemplares nas bibliotecas portuguesas” e que tem uma base de licitação entre os 12 mil e os 15 mil euros.Entre livros muito variados, destaque ainda para uma edição original de "Poemas de Deus e do Diabo", de José Régio (entre 1000 e 1500 euros) e outra primeira edição, em alemão, da "Crítica do Julgamento ou Crítica do Juízo" do filósofo alemão Kant, datada de 1790 (2000 a 3500 euros).Serão também leiloados vários documentos históricos, entre os quais uma cópia da revisão da sentença aplicada aos Távoras, manuscrito que o proprietário, que é também autor do livro "O Processo dos Távoras", data de fins do século XVIII e considera precioso para a história do atentado ao rei D. José I."
in "Público"
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É caso para perguntar se o estado português, tão magnânimo a gastar o nosso dinheiro em obras de regime, algumas perfeitamente desnecessárias, terá assegurado a compra deste rarissímo exemplar da obra de Cervantes, que se traduziria numa mais valia para o espólio cultural português.
Claro está que todos sabemos serem a realização de grandes obras do tipo "tunning", mesmo que de importância e necessidade relativa, medidas muito mais mediáticas e eleitoralistas, que a simples aquisição de obras de arte, mesmo que raras, que só servem para aumentar o património cultural nacional, ficando "escondidas" nas galerias dos museus.
A aquisição de obras de arte desta envergadura e qualidade, pelo estado português, é infelizmente coisa rara, mas tem que ser entendido e assimilado que, são esse género de acções que enriquecem o espólio e o legado patrimonial de um país, trazendo milhares de turístas aos nossos museus .
Já agora, que foi feito do último dos quadros de Tiepolo existentes em Portugal e que se pensa ser "Vénus e o Tempo", proveniente da colecção Pinto Basto e posto a leilão por uma leiloeira de Lisboa, no ano transacto?
Aposto que para isso não houve dinheiro!
Luís Marques da Silva

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