Viva o túnel circular!

Um túnel nas Amoreiras estava justificado quando se pretendia apenas passar sob a Artilharia I. Prolongá-lo até ao Marquês foi inútil e foi caro. Foi um disparate . Sem suporte técnico nem justificação urbanística no próprio PDM.
Prolongar este erro é inqualificável. Por absurdo poderiamos ir prolongando até fechar o círculo. Teríamos assim uma obra perfeitamente inédita: o túnel circular!

Mas será o assunto tão difícil? Nunca ninguém pensou antes nele? Até parece. Mas não.

No PDM anterior esteve planeado o prolongamento da Av. da Liberdade, sob o Parque Eduardo VII, na direcção da zona Norte (Benfica, Buraca, etc), que era então, e é, a única saída da cidade sem ligação directa ao centro. Com base em que induzia mais trânsito para o centro, este projecto foi abandonado. Talvez erradamente, quanto a mim. Ficaram assim mais sobrecarregadas as outras saídas como as Amoreiras e a Av. República, dando a ilusão ao leigo que a solução era local.

Mas não, a solução técnica correcta está mais longe, é diversificada e está mais que estudada. Consiste em evitar que passe por lá tráfego, quando aí não é o seu destino. Mas com alternativas, e não como se pretende agora com o Terreiro do Paço, sem elas.
E as alternativas são: a melhoria das circulares, nomeadamente a CRIL; resolução de alguns nós desadequados como a Praça de Espanha; criação de parques de estacionamento dissuasores e gratuitos ou com direito aos transportes públicos, nas entradas da cidade. Mas principalmente pôr a funcionar uma AM de Transportes, numa Região institucionalizada e com os municipios e sem a tutela maioritária do poder central. (Veja-se o disparate do Metro sacudir a Câmara...) Porém, acima de tudo, ter uma visão de serviço público deste problema e rejeitar liminarmente qualquer óptica mercantilista.

Faz pena como se estuda, se perde tempo, se fazem seminários, se gasta dinheiro, suor e talento, parecendo que as questões ficam minimamente arrumadas e, passados alguns anos, aparecem estes iluminados que ninguém viu antes em lado nenhum, que nunca deram uma opinião sobre nada e sem bases, decidem. E decidem mal. E impunemente. E revesam-se no cargo, mandato após mandato.
Até quando estará o Lisboeta condenado á mediocridade? A andar em círculo? Ás escuras?