17/11/2009

Destrói os carros, não as cidades

Em tempos havia uma marca de roupa portuguesa chamada QuebraMar - que até tinha uma apreciável quota de mercado - marca essa que eu julgava estar morta há uma década. Há dias numa festa de anos, fiquei surpreendido por ver um presente dessa mesma marca, e dei uma olhada na página. A marca existe e está de excelente saúde com uma rede de umas 40 lojas.

Agora, como é alguém que viaja bastante e dá preferência às marcas portuguesas, não se apercebe de tal desenvolvimento? A resposta é simples, eu não tenho carro e a dezena de lojas que existem na Grande Lisboa estão todas nos shoppings onde se chega de automóvel. O que é mais grave, e por isso conto esta história, é que isto se passa com todas as marcas portuguesas com a única excepção da Lanidor. As marcas internacionais fazem exactamente o contrário: estão dentro da cidade. A Baixa, o Chiado, o Saldanha, São Sebastião, Av. Liberdade, Av. Guerra Junqueiro, etc. estão completamente monopolizadas pelas marcas internacionais.

E esta diferença diz muito sobre nós. Na cabeça dos (empresários) portugueses, só o shopping onde se chega de carro é que é o progresso. Investir no centro da cidade é investir no passado. O que está por detrás desta deslocalização perversa do comércio explica muito da morte das zonas centrais da nossa cidade. Tornam-se desumanas, feias, pouco seguras. Perdemos qualidade de vida e turismo.

6 comentários:

  1. A marca é portuguesa e o seu fundador (ainda sócio) também. Mas os sócios da massa são espanhóis.

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  2. Por acaso o turismo não pára de aumentar.

    No mesmo blog onde criticam as lojas tradicionais da Baixa que vendem meias e cuecas, vêm criticar as multinacionais, que são as unicas que conseguem atrair massas ás zonas onde estão implantadas. Compare-se a Av. Guerra Junqueiro com a R. Morais Soares!

    Os carros como já foi dito têm que continuar a existir, muita gente precisa deles no dia-a-dia.

    FundamentalismoLx.

    Sorte a de quem não necessita do carro no dia-a-dia, mas porque há vidas diferentes, profissões diferentes e locais de residencia diferentes não podemos impingir a toda a gente o mesmo estilo de vida que temos.
    Enquanto uns nascem com o cuzinho virado para a Lua, outros têm que fazer pela vida.

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  3. Eu chego facilmente a um Vasco da Gama ou Colombo de comboio e/ou metro. Não acho que um shopping seja algo que só se lá chega de carro--
    Mas, point taken, não investem no centro histórico--

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  4. Maxwell,
    sim é verdade, a alguns chega-se bem de transportes públicos. Mas não deixam de ser espaços que não estão integrados na cidade.
    Não há ninguém a chegar a um e outro a pé, por exemplo.
    No outro dia tentei ir do Colombo ao MediaMarkt (mesmo em frente) a pé, e vi-me obrigado a saltar muros e violar dezenas de regras de trânsito.

    E por isso, como diz e bem, a cidade (centro histórico ou não) não recebe investimentos e morre aos poucos.

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  5. As marcas nacionais nao estao no centro historico e sera fruto de uma estrategia comercial propria. No entanto como eu ha muita gente a preferir fazer compras na Baixa e no Chiado e que naturalmente acaba por optar por outras marcas...Essa marca tb nao era assim tao original quanto isso.

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  6. "Em tempos havia uma marca de roupa portuguesa chamada QuebraMar - que até tinha uma apreciável quota de mercado - marca essa que eu julgava estar morta há uma década" - És cego?

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