27/01/2010

Último troço da CRIL deve abrir até Julho

In Público (27/1/2010)
Por Inês Boaventura


«Segundo a Estradas de Portugal há dois processos judiciais pendentes em redor da empreitada, que leva a um desvio por trabalho a mais "inferior a cinco por cento"


O troço da CRIL (Circular Regional Interior de Lisboa) entre a Buraca e a Pontinha, cuja inauguração tinha sido anunciada pelo Governo para o fim de 2009 e que já foi alvo de algumas "aberturas parciais", deverá entrar em funcionamento "no final do primeiro semestre de 2010". Quem o diz é Rui Nélson Dinis, administrador da Estradas de Portugal, que salienta no entanto que seria "uma imprudência" adiantar uma data concreta numa altura em que está em curso a construção do túnel de Benfica, tido como "o grande desafio" da empreitada.

Rui Nélson Dinis sublinhou que esta é "uma obra profundamente complexa", cujo avanço foi dificultado por atrasos na libertação de parcelas expropriadas. Segundo o responsável, já estão disponíveis todos os terrenos "críticos" para a realização da obra, que nos próximos meses passará por concluir os túneis e os arranjos paisagísticos, que estão a ser concertados com as câmaras de Lisboa, Amadora e Odivelas.

O vogal da administração da Estradas de Portugal (EP) adianta que já foram executados cerca de 80 dos 111,61 milhões de euros pelos quais a empreitada foi adjudicada (fora os 70 milhões de euros para expropriações), verificando-se nesta altura "um desvio por trabalhos a mais inferior a cinco por cento". "Esperamos até ao fim da obra não ter muitos acréscimos", diz o mesmo responsável, admitindo que os atrasos com a libertação de algumas parcelas provoque "eventuais sobrecargas".

Estudos com 12 anos

Segundo Rui Nélson Dinis, também responsável pelo gabinete jurídico da empresa, e excluindo questões relacionadas com expropriações, foram desencadeados em redor do último troço da CRIL uma dúzia de processos judiciais (entre providências cautelares, acções de natureza administrativa e civil e junto de instituições comunitárias), dos quais dois estão em aberto. Os restantes, salienta, "foram todos decididos e resolvidos em favor da execução da obra". Quanto ao cumprimento, pelo projecto em execução, das determinações do Ministério do Ambiente, garantiu: "A declaração de impacte ambiental [DIA] está a ser respeitada, tendo em conta as condicionantes que ela própria determinou."

Ana Cristina Martins, directora do gabinete de ambiente da EP, assegura que a existência de aberturas no túnel entre a Damaia e o Bairro de Santa Cruz de Benfica "não implica o não cumprimento da DIA".

Ana Sofia Bastos, do departamento de gestão de vias, acrescenta que essa foi a solução encontrada para respeitar o documento e também a directiva europeia sobre túneis, sem alargar a infra-estrutura ou criar "grandes chaminés de ventilação". Rui Nélson Dinis recusou dizer se, ao contrário do que têm afirmado responsáveis das câmaras de Lisboa e Amadora, o projecto em execução é uma boa solução. "É a única solução possível para hoje se concluir a CRIL", limitou-se a dizer o administrador da EP, acrescentando que "não há outra alternativa" para o troço entre a Buraca e a Pontinha, que segundo diz começou a ser estudado há 12 anos.

"Por alguma razão que não me atrevo a tentar explicitar, este troço ficou para o fim", diz o responsável, concluindo que "certamente não foi pela sua simplicidade". Sobre o elevado valor da obra, com uma extensão de apenas 3,6 quilómetros, Rui Nélson Dinis defende que não se pode dizer que seja "uma obra cara", mas sim "de valor avultado e com benefícios praticamente inquestionáveis".»

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