16/11/2011

Câmara afirma que projecto do Parque Mayer prevê salvaguarda do Jardim Botânico

in http://sol.sapo.pt/, 16-11-2011

O vice-presidente da Câmara de Lisboa afirmou hoje que o Plano de Pormenor do Parque Mayer (PPPM) prevê a salvaguarda e valorização do Jardim Botânico, uma das principais preocupações de vários movimentos cívicos na concretização daquele documento.
Na Assembleia Municipal da semana passada, a Associação Portuguesa de Arquitectos Paisagistas (APAP) apelou à suspensão daquele plano, por considerar que não salvaguarda o Jardim Botânico e que pode «acentuar as cheias» na cidade.

O vice-presidente da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, afirma hoje, num comunicado em resposta à APAP, que a «salvaguarda e a valorização do Jardim Botânico, inscritos nos Termos de Referência do Plano, sempre foram objectivos fundamentais e evidenciados ao longo do percurso da elaboração» do plano.

Manuel Salgado recorda que este documento foi «elaborado em estreita colaboração com a Universidade de Lisboa» e que as «alterações introduzidas nas diversas fases do processo procuraram ir ao encontro das preocupações expressas por alguns dos atores envolvidos», propostas que «sempre foram entendidas como mais-valias».

Quanto à possibilidade de cheias, o também vereador de Planeamento e Política de Solos admite que «se antes da elaboração do estudo de caracterização hidrogeológica e do estudo de monitorização do muro de suporte do Jardim Botânico podia restar dúvidas quanto à circulação da água superficial e subterrânea [um problema apontado pela APAP]», agora com estes documentos as dúvidas foram «claramente dissipadas pelas suas conclusões».

Os documentos foram «promovidos e acompanhados» pelo Departamento de Geofísica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, indica Manuel Salgado.

Além destes estudos, o vice-presidente recorda que «nos termos de a câmara solicitou a realização de um Estudo de Avaliação Ambiental Estratégica» e consultou entidades como a Agência Portuguesa do Ambiente, o Turismo de Portugal, o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, a Universidade de Lisboa, o Instituto da Água, o IGESPAR, a Inspecção Geral das Actividades Culturais, a Autoridade Nacional de Protecção Civil, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), tendo as seis primeiras respondido ao solicitado.

«O resultado final desta avaliação - o Relatório Ambiental, documento que faz parte integrante do Plano - foi apreciado e mereceu concordância das entidades envolvidas, nomeadamente através dos pareceres emitidos no âmbito da Conferência de Serviços, convocada pela CCDR-LVT», lembra.

Manuel Salgado considera «surpreendentes as reacções que têm vindo a lume, porque revelam desconhecimento de todo o processo do Plano» de Pormenor do Parque Mayer.

«Foi demonstrado que não há qualquer interferência das novas áreas a construir, tanto no Parque Mayer, onde nenhuma construção ultrapassa em altura a cota do muro do Jardim, nem do edifício do Capitólio», afirma, respondendo às críticas.

Também a Plataforma «Em Defesa da Missão do Jardim Botânico», que junta 14 associações e movimentos, incluindo a APAP, defendeu a «revisão imediata do plano de pormenor», na última assembleia municipal.


Leitura relacionada:
- Comunicado Integral da Conferência de Imprensa no Jardim Botânico -
- Ribeiro Telles diz que plano para o Parque Mayer põe Jardim Botânico em risco
- Arquitectos paisagistas apelam à suspensão do Plano de Pormenor do Parque Mayer.
- Intervenção da Plataforma "Em Defesa da Missão do Jardim Botânico" na AML - 8 de Novembro de 2011

2 comentários:

  1. Confesso que não entendo estas afirmações do vereador:
    "Foi demonstrado que não há qualquer interferência das novas áreas a construir, tanto no Parque Mayer, onde nenhuma construção ultrapassa em altura a cota do muro do Jardim, nem do edifício do Capitólio», afirma, respondendo às críticas"

    Não é verdade que no PLANO DE PORMENOR DO PARQUE MAYER, JARDIM BOTÂNICO, EDIFÍCIOS DA POLITECNICA E ÁREA ENVOLVENTE não interfere com o Jardim. - Nem faria sentido que assim fosse, o que se espera de um plano deste tipo é que interfira e bem, só quem desconhece as necessidades e o estado de degradação do Jardim pode dizer uma barbaridade destas - O plano prevê algumas construções no jardim, nomeadamente : "um percurso de atravessamento exclusivamente pedonal, que culminará numa escada no topo da parte alta do jardim botânico, que será limitado através de uma vedação, e que será o mais ligeira e permeável possível visualmente, no entanto, impedindo o acesso ao interior do jardim. São de esperar efeitos positivos ao nível da acessibilidade ao público e habitantes, favorecendo o acesso ao interior do jardim e integração do mesmo na área urbana, o que terá reflexos na afluência de visitantes e no ambiente urbano envolvente."
    Um corredor estanque que atravessa o jardim não tem maneira de não interferir com o mesmo. Digo eu.

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  2. O Plano propõe ainda um museu do Jardim (muito gosta esta gente de construir museus). Aquele jardim já é um museu, se me permitem uma sugestão o que ele podia ter era uma escola de Jardinagem e bons jardineiros.

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