15/06/2012

Esclarecimento sobre os trabalhos de limpeza do Jardim Botânico de Lisboa....


Esclarecimento sobre os trabalhos de limpeza do Jardim Botânico de Lisboa

Depois de inúmeros pedidos de apoio, a entidades públicas e privadas, para ajudarem na conservação do
Jardim Botânico, todos sem qualquer sucesso, a Universidade de Lisboa não podia deixar, no quadro da sua
responsabilidade, de proceder a obras de limpeza e a reparações inadiáveis.

Infelizmente são apenas obras mínimas, não estando a Universidade de Lisboa em condições de proceder a
uma recuperação e/ou requalificação do Jardim Botânico.

Esperamos que, com base na limpeza a que agora se procede, seja possível mobilizar, no futuro próximo,
apoios de entidades públicas e privadas para a requalificação de um Jardim com grande centralidade e
relevância patrimonial. Todos os apoios são bem-vindos. Nesse sentido a Universidade de Lisboa já está a
trabalhar, com várias equipas, no sentido de preparar candidaturas a programas nacionais e internacionais
que permitam uma requalificação mais profunda do Jardim Botânico de Lisboa.

No que diz respeito às actuais intervenções, tendo em conta alguma informação errada que foi veiculada
sobre esta matéria, é importante esclarecer o seguinte:

1.º Os trabalhos que estão a decorrer no Jardim Botânico destinam-se, única e exclusivamente, à limpeza e arranjos pontuais inadiáveis.

2.º Os canais dos regatos, cuja fendilhação localizada pontualmente em algumas zonas era a causa da
degradação das argamassas e da perda de água, viram reposta a capacidade de escoamento e em simultâneo
de impermeabilização das suas paredes, sendo certo que rapidamente voltarão a formar-se e a depositar-se
limos e outros revestimentos de plantas. A tecnologia adoptada utiliza materiais comummente aceites em
intervenções deste género e os regatos serão objecto de revestimento progressivo de “vida vegetal“,
garantindo todas as condições para assegurar a sua proliferação e desenvolvimento. Foram mantidas
integralmente as características de escoamento da água, nomeadamente no que respeita ao “fio de
água”, às pendentes, bem como às bacias comunicantes entre si e que permitem acumular e manter
quantidades significativas de água.

3.º O “Lago de Baixo”, sujo, estragado e sem água há vários anos, viu reposta a sua impermeabilização,
usando materiais inodoros e invisíveis. A imprescindível estabilização do fundo do Lago, há muito
programada, teve de ser garantida em virtude das fortes trepidações causadas pela passagem inferior dos
comboios no “túnel do Rossio”, colocando em causa todo o circuito da água do Jardim Botânico.

4.º Não foi afectada uma única árvore ou planta do Jardim Botânico, tendo sido dadas instruções
rigorosas nesse sentido. Os técnicos do Jardim Botânico e os responsáveis pela colecção
acompanharam, de perto e em permanência, todos os trabalhos de limpeza. Sobre um “muro em betão
em volta de uma das árvores mais sensíveis e emblemáticas do Jardim, o Taxodium distichum”, trata-se, na
verdade, de repor um pequeno murete já existente, também em betão, mas bastante degradado pelas raízes
da árvore, que tinha como função reter a água necessária para reproduzir o seu habitat natural e ideal. Com
efeito, segundo foi apurado junto dos técnicos do Jardim, esta espécie habita na natureza em ambiente
pantanoso, sendo necessário as suas raízes estarem permanentemente molhadas. Assim, era imperioso
proceder à sua reparação nos termos originais.

5.º As antigas "Casas de Função" estavam transformadas numa lixeira imunda no centro da cidade,
estando a Universidade obrigada, por lei, a resolver esta situação. Todas as demolições foram objecto de
projecto de execução no que respeita às questões de arquitectura, engenharia e organização e
entrega de um processo licenciado pela Câmara Municipal de Lisboa. A emissão da autorização
municipal mereceu parecer prévio dos serviços municipais competentes, bem como de parecer favorável
do IGESPAR, sem qualquer tipo de condicionante nem exigência específica, uma vez que se tratava de
imóveis sem valor histórico, arquitectónico ou cultural. Ainda assim foi realizado o levantamento
arquitectónico prévio e um levantamento fotográfico exaustivo antes, durante e após a conclusão. Acresce
que não foram realizadas quaisquer escavações, pelo que se mantêm intactos eventuais vestígios
arqueológicos existentes.

Em relação a estes aspectos – e em relação a todos os outros trabalhos de limpeza e arranjo (escolha dos
materiais para repavimentação dos caminhos mais destruídos, pintura dos bancos, limpeza das valetas, etc.)
tudo foi feito de acordo com a matriz original do Jardim, sem qualquer alteração (nem sequer de
pormenor) e com um acompanhamento permanente dos técnicos, em particular dos especialistas e
responsáveis pela colecção do Jardim Botânico.

Uma das intervenções mais importantes prende-se com a libertação da Alameda das Palmeiras (entrada do
Jardim Botânico) das dezenas de carros que há décadas ali permaneciam, criando graves situações de
insegurança, sobretudo na entrada e saída das crianças que visitam o Jardim e no eventual acesso de
veículos de emergência.

Simultaneamente, iniciar-se-ão os trabalhos de recuperação do Observatório Astronómico, edifício simbólico no interior do Jardim Botânico, com o apoio já garantido da Secretaria de Estado da Cultura.

Esperamos que, a partir de agora, seja possível reunir os apoios necessários a uma verdadeira requalificação
do Jardim Botânico, algo que constitui, de imediato, a nossa prioridade. Para isso, ficaremos muito gratos a
todas as entidades públicas e privadas que nos possam efectivamente apoiar.

Nunca nos resignaremos é com a estagnação e degradação do Jardim Botânico, com carros estacionados em
zonas nobres, com casas em ruínas e lixeiras a céu aberto junto ao Picadeiro, com lagos sem água e
destruídos, com cascatas sujas e degradadas, com caminhos esburacados, com gradeamentos sem segurança, com um Observatório Astronómico em ruínas.

Fizemos uma parte importante do trabalho que era preciso fazer, no plano da limpeza e de uma conservação
mínima, respeitando integral e escrupulosamente o Jardim em todas as suas vertentes.

Esperamos, agora, a mobilização da sociedade e dos poderes públicos para a definição e concretização de um Programa de Requalificação do Jardim Botânico, certamente mais ambicioso, em benefício da Cidade e dos Cidadãos.


25 de Maio de 2012
A Reitoria da Universidade de Lisboa

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Aqui fica o outro lado da história.....

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