22/11/2012

Ministerium. Ministério das Finanças vai virar discoteca da moda


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Ministerium. Ministério das Finanças vai virar discoteca da moda
Por Clara Silva, publicado em 22 Nov 2012 - 03:10 in (jornal) i online
A discoteca inaugura a 1 de Dezembro no Terreiro do Paço e vai funcionar aos sábados. Será também uma das salas do festival MexefestE se começássemos a transformar todas as repartições de Finanças em discotecas? Bem, fica aqui a ideia num parágrafo despercebido.

O Ministerium, assim se chama o espaço que abriu a 9 de Junho no antigo Ministério das Finanças, ainda não parece uma discoteca. Aliás, tal como as esplanadas vizinhas, costuma receber meia dúzia de turistas que se passeiam pelo remodelado Terreiro do Paço durante o dia e ali ficam a beber um copo ou a comer um hambúrguer enquanto alguém toca saxofone num dia de concertos ao vivo.

Mas a partir de 1 de Dezembro, o dia em que a discoteca é inaugurada, promete chamar uma multidão ao Terreiro do Paço, “um público moderno, jovem e cosmopolita”, afirma Francisco Rebelo de Andrade, um dos três sócios.

Francisco tem jeito para o negócio. Basta ver a marca de cachorros que criou, a Hot Dog Lovers, que trouxe os cachorros mais famosos de Cascais, os da carrinha amarela da Boca do Inferno, para Lisboa. Em Abril de 2010 abria um quiosque no Miradouro de São Pedro de Alcântara, com quatro tipos de cachorros: o normal, o completo (com ingredientes como couve branca e couve roxa), com chili e o vegetariano. Algum tempo depois o negócio expandia-se para um quiosque da Av. da Liberdade, para outra loja na Av. Álvares Cabral e para vários festivais e eventos espalhados pelo país – este ano chegou mesmo a servir um cachorro a Kelly Slater durante a etapa do campeonato mundial de surf em Peniche.

Depois dos cachorros chegou a altura de outros negócios. Francisco e Filipe, o seu sócio da Hot Dog Lovers, juntaram--se a Bernardo Delgado, do quiosque Banana Café, para se candidatarem ao concurso da câmara para a concessão da ala nascente do Terreiro do Paço. “Decidimos concorrer em conjunto porque não tínhamos força uns sem os outros”, explica Francisco.

A ideia inicial era trazer o ambiente dos quiosques da Av. da Liberdade para o Terreiro do Paço, mas depressa ganhou outras dimensões. O Ministerium, nome que demorou dois meses a escolher e veio de uma inscrição na estátua de D. José, no centro da praça, pode ser o novo Lux da cidade. Pelo menos aos sábados, o único dia em que funciona como discoteca.

“Vamos trazer aqui os melhores performers da música electrónica actual”, garante Francisco. Na noite de inauguração, no sábado, 1 de Dezembro, a festa será só por convite. Mas a 8 de Dezembro a discoteca já abre as portas ao público, com a actuação do DJ alemão Move D, que encerra o cartaz do festival Vodafone Mexefest.

Por enquanto, o espaço ainda está em obras. “Embora haja muita gente que chegue aqui e veja estes tectos em abóbada pombalina e ache que já está pronto”, diz Francisco. O tecto foi a única coisa que ficou dos tempos do Ministério das Finanças, já que “o espaço estava abandonado e em muito mau estado”. Agora está completamente remodelado e ainda tem direito a um jardim interior.

E chega a pergunta que se impõe: se a discoteca só está a funcionar aos sábados, o que é que acontece no espaço o resto dos dias? Além de concertos – a programação começa em Janeiro –, o que quiser que aconteça. “As pessoas ou empresas podem beneficiar do clube se quiserem”, diz Francisco. “Podem recrutar os nossos serviços e usar a sala para casamentos, festas de aniversário, de Natal...” Segundo o sócio do Ministerium Club, a sala tem um “sistema de extracção de fumo espectacular”, por isso ao domingo até pode acolher uma missa, sugestão nossa, depois de uma festa de arromba.

O Ministerium, que Francisco diz ser “all in one”, também vai funcionar como galeria. “Vamos ter uma exposição semestral de vários artistas em ascensão a título gratuito.” As obras vão estar disponíveis para venda.

6 comentários:

  1. Não ser em bar de alterne e dança no varão já é uma sorte...

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  2. Qual é o problema da animação? Incomoda os vizinhos da praça do comércio?

    Paulo Soares

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  3. ana pestana9:23 da manhã

    O problema é a falta de respeito pelo património e desta vulgarizaçâo da utilizaçâo dos espaços nobres da cidade por todo o lado.O Mercado da Ribeira vai também ser uma Discoteca.Porque não se instalam nos armazéns devolutos junto ao Rio?

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  4. Muito bem, Ana Pestana.

    Lamentável é que haja beócios que nem o que disse entendam (e sem ser preciso explicar-lhes).

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  5. Sem querer entrar na questão se discotecas são a melhor atividade para um espaço icnográfico como a Praça do Comércio - a mim parece-me herético - o que posso dizer agora é que a qualidade estética destes espaços fica muito aquém do que esperaria e já se nota abarracamento (que em Portugal é endémico).
    Esta praça não está à altura da nossa história, é um exercício de autismo arquitetónico e de um "faça você mesmo" típico de um país de mau gosto generalizado e pouco amor/rigor/orgulho/desvelo em relação ao património. Nós somos o país que tem prédios com janelas todas diferentes na mesma fachada, de marquises fechadas a alumínio, de intercomunicadores com camara em edifícios antigos, de parabólicas nas varandas, de pladur nos tetos decorados, de luz néon nas salas de estar e jantar, de árvores cortadas e envenenadas porque sujam e fazem alergias, de carros nas passadeiras e passeios com a conivência total dos políticos e polícia, onde os negócios pagam à polícia para estes fecharem os olhos ao estacionamento ilegal dos seus clientes, de paragens nas vias de circulação enquanto se vai ali a uma loja ou se descarrega mercadoria, de políticos que compram cursos superiores... e a lista é interminável. A culpa é nossa, portugueses, não olhem para o lado. Não é da troika ou da CE. É nossa!É sua que agora lê este post. Se quer que isto melhore comece por mudar os péssimos hábitos que tem e estão acima mencionados.

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  6. Concordo plenamente com o último anónimo. Somos ainda muito atrasados em termos de cidadania...

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