22/02/2013

Abate de árvores no Jardim do Campo Grande



Com o título “Abate de árvores no Jardim do Campo Grande”, publicou a Câmara Municipal de Lisboa, com data de 21 de Setembro de 2012, a seguinte notícia:

“Integrada no âmbito das obras de requalificação do Jardim do Campo Grande, está em curso desde o dia 10 de setembro uma operação de abate de árvores que, pelas suas características e decrepitude irreversível, constituem um evidente risco para pessoas e bens.

Esta operação de abate está fundamentada pela avaliação do estado fitossanitário das árvores, efetuada pelos Serviços da CML que recolheram para o efeito, o parecer do Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo de Almeida, envolvendo a observação de 1266 árvores no Campo Grande.”

No princípio da semana passada, visitei o topo Norte do jardim do Campo Grande que está a ser intervencionado no âmbito de uma requalificação que envolve o seu coberto vegetal em articulação com os equipamentos aí existentes, nomeadamente o edifício do Caleidoscópio e o lago central. Está integralmente vedado, sendo o acesso ao público, interdito.

É francamente desolador a forma como estão a ser tratadas as árvores no Campo Grande, exemplares de grande valor pela sua idade e algumas devido à sua raridade, contrariando a notícia trazida ao público pela CML de que 1266 árvores naquele Espaço iam ser observadas e que apenas aquelas que devido ao perigo de queda dado o seu estado fitossanitário seriam abatidas, trabalho acompanhado pelo Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo de almeida.

Parece não ser isso o que está a acontecer, demonstrando uma vez mais a dificuldade da Câmara Municipal de Lisboa em efetuar requalificações em espaços que envolvam a presença de plantas, sedo estas tratadas como mobiliário urbano, sem ter em conta a sua qualidade de seres vivos. Tal atitude levou a que, muito recentemente, tenham morrido, em resultado de intervenções idênticas: 8 árvores no Jardim Henrique Lopes de Mendonça ( Jardim da Praça José Fontana) - 7 Magnolia grandifloa e 1 Corynocarpus laevigatus - e 2 árvores no Jardim da Placa Central da Praça de Londres- 1 Magnolia grandiflora e 1 Cupressus sempervirens - , para já não falar em casos mais antigos, mas sempre atuais.

O descuido no tratamento das árvores é flagrante, denotando falta de acompanhamento por parte dos técnicos da Câmara Municipal de Lisboa que, certamente, estando presentes, não permitiriam os atropelos que as imagens aqui documentam e que não podem ser só atribuídos aos efeitos da tempestade que no dia 19 de Janeiro se abateu sobre a cidade de Lisboa.

Esperemos para ver o resultado final da obra. Quando o Jardim reabrir ao público, podermos então, certamente, retirar ensinamentos para que na recuperação prevista para a zona Sul do mesmo Jardim, não aconteçam os atropelos agora verificados.


João Pinto Soares

4 comentários:

  1. Basta olhar para a cidade desde os diversos miradouros e ver o estado das colinas de Lisboa e áreas urbanas a Este da Avenida da Liberdade/Marquês, Saldanha e Campo Pequeno.
    A vista que se têm sobre esta zona da cidade e sobre a Colina de Sant'Ana desde os diversos miradouros diz tudo
    Só não nota quem nunca saiu da "aldeia" e nunca viu coisa boa...

    E já agora o que vão fazer ao Hospital dos Capuchos?
    Mais especulação imobiliária ou devolver parte da área aos cidadãos?
    E o hospital de Santa Marta?
    E o Hospital Miguel Bombarda?

    Áreas verdes..?
    Ruas Arborizadas...?
    Ligação de corredores verdes entre os diversos miradouros e colinas...?´

    Isso só em Paris, Budapeste,Londres,Brussels, Instambul.

    Aqui o Zé gosta é de edifícios (vazios) urbanizações e projectos descaracterizantes que é o que enche os bolsos.
    O bem estar dos cidadãos que se lixe..
    E ainda querem atrair pessoas e estrangeiros para Lisboa.

    Mas pensa que eles são parvos?

    Não os confundam com o Zé tuga até porque eles não comem gelados com a testa!!!

    ResponderEliminar
  2. Um documento muito interessante para ler sobre a preservação da Colina de Sant'Ana.

    http://icomos.fa.utl.pt/documentos/2011/hospitais/CCamarinhasMPereira.pdf

    ResponderEliminar


  3. Impedir a construção e reconstrução em certas áreas assim como libertar certos espaços em locais sensíveis é o mais acertado.
    A Colina de Santana é um bom exemplo para começar!

    Devolviam a Lisboa a beleza da paisagem natural de uma das suas colinas e aumentavam a qualidade de vida que por sua vez iria ajudar a revitalizar esta zona e atrair futuros moradores e comércio...

    Mas não me parece que existe grande interesse em criar zonas mais agradáveis e comunidades mais optimistas e ricas...


    Infelizmente as mentalidade aqui no rectângulozinho à beira mar são o que são...

    Aliás basta olhar para o estado em que se encontra a Avenida da Republica e áreas adjacentes!
    Revela bem o nosso tipo de sociedade!


    ResponderEliminar
  4. Concordo com o atrás exposto. Infelizmente a CML está a usar a desculpa das árvores estarem doentes, entre outras desculpas ridiculas, usa o bom nome do Laboratório Veríssimo Almeida do ISA que depende em grande parte do dinheiro que a CML lhe destina todos os anos..., mas a verdade é que aqui para além de muita incompetência e negligência há negócio por trás, a privatização deste tipo de funções potencia isto. Os que intervêm podem ganhar tendo mais trabalho e venda de plantio e sua colocação, etc. Para além da SECIL agradecer pois recebe esta matéria para biomassa. Façam uma auditoria a estes serviços, mas responsabilizem os técnicos intervenientes, pois só assim se trava ou diminui este crime que para além de ser ambiental, economico, etc., é também de saúde pública.

    ResponderEliminar