13/10/2013

"Parque das Nações, mais de metade dos estabelecimentos estão fechados"



"Várias portas fechadas, espaços vandalizados, poucas esplanadas e poucos clientes compõem o novo cenário da zona de restauração e diversão noturna junto à Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações, em Lisboa.
 
Dos 28 estabelecimentos da Rua da Pimenta, que foi já uma das zonas mais animadas da noite lisboeta, mais de metade estão fechados, com papéis a cobrir portas e janelas. Nos espaços que não estão tapados são visíveis mesas e cadeiras amontoadas no interior, pó e sujidade e alguns têm mesmo os vidros das janelas partidos.
Os empresários lamentam a situação, mas não culpam apenas a crise - alegam que más estratégias de investimento e alguma falta de estratégia por parte da Parque Expo, sociedade gestora do Parque das Nações que o Governo decidiu extinguir, também são responsáveis. Para Bernardo Alves, proprietário de espaços como o bar Irish&Co e dos restaurantes República da Cerveja e Capricciosa (estes dois junto à Rua da Pimenta), a falta de planeamento e um mau cálculo da oferta logo após a Expo'98 revelaram-se decisivos. "A procura não correspondeu ao esperado" e, além disso, os espaços começaram a ser "todos iguais: se um oferecia peixe, surgiam logo mais dois ou três a servir peixe", exemplificou. Defendendo ser "necessário definir uma estratégia conjunta entre os empresários", Bernardo Alves disse à Lusa que tentou convencer os colegas a transformar aquela rua numa mostra de produtos mundiais, "pegando-se no espírito da Expo e do Parque das Nações".
"Não os convenci, de forma que o tempo foi passando e agora os espaços consolidados estão a correr bem e os outros estão a ser entregues aos bancos", afirmou o também arquiteto, que prevê que até final do ano se mantenham na Rua da Pimenta apenas cinco espaços abertos: "Há um fenómeno de abandono". Para o empresário, só há uma solução para o problema: os espaços serem reconvertidos em outras atividades. Para Henrique Fernandes, proprietário do restaurante D'Bacalhau, o declínio começou quando surgiram os espaços noturnos naquela rua. "Trouxeram outro tipo de clientela. Em quantidade, mas não necessariamente em qualidade", o que começou por afastar pessoas, disse.
A juntar a isso veio a acumulação de rendas em atraso e a falta de liquidez para pagar as dívidas.
"A nossa expectativa é que possam abrir novos espaços e que venham pessoas a querer investir", admitiu Henrique Fernandes. Afirmando ter a perceção de que aquela situação afasta as pessoas do Parque das Nações, o empresário admitiu que ouve os clientes questionarem-se "como é possível existirem tantos espaços fechados". Fora daquela rua mas também a passar algumas dificuldades está o proprietário do restaurante Sabor a Brasil. "O Parque das Nações já não tem o 'glamour' do pós-Expo. Tínhamos noites frenéticas, chegámos a ter mil pessoas por noite à sexta-feira e ao sábado, mas tudo isso se foi perdendo", disse António Silva.O empresário lamenta que nunca tenha sido criada a Praça de Restauração que estava p laneada quando instalou o restaurante em frente ao Casino de Lisboa e que o vizinho Pavilhão de Portugal continue sem destino. "Queixo-me essencialmente de não darem uso ao pavilhão. Fico revoltado e indignado. O [Joe] Berardo quis trazer a coleção para aqui, mas não deixaram. Agora vejam a quantidade de pessoas que já foram ao Centro Cultural de Belém e à exposição que ele tem no Bombarral", frisou. Apenas o Casino e o Oceanário movimentam algumas pessoas e atraem clientes naquela parte do bairro. Referindo-se à rua da restauração junto à FIL, António Silva afirmou que "é assustadora": "Quem é que vem para aqui à noite? Ninguém".
Para o empresário foram abertos desorganizadamente centenas de espaços. "O problema é que nada disso foi acautelado e hoje não há mercado para toda esta restauração", afirmou. A Lusa contactou a Parque Expo, mas não foi ainda possível obter um comentário."

por Lusa, publicado por Luís Manuel Cabral, in DN 2013-10-13

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Bem....com a qualidade do que se construiu por ali, a festa não era para durar mais tempo. Quanto ao destino do Pavilhão de Portugal, é uma vergonha para todos nós.

7 comentários:

  1. Costumava ir lá (não de noite). Comecei a ver cacos de garrafas e copos pelo chão e fiquei mal impressionado. Nos dias que correm, sou mais um ex-freguês.

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  2. Com esplanadas com mobiliário de plástico, publicidade a bebidas por todo o lado, aspecto e serviço de café central suburbano, ainda queriam cobrar preços de restaurantes de destino...
    Foi, acima de tudo, o mau gosto numa zona prime que acabou com o negócio.

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  3. JOÃO BARRETA10:19 da manhã

    E O PLANEAMENTO E O ORDENAMENTO COMERCIAL ? ESQUECERAM-SE ? ISTO DE CONSTRUIR E "RESERVAR" O PISO TÉRREO PARA COMÉRCIO E SERVIÇOS, PORQUE SIM, JÁ DEU O QUE TINHA A DAR!!!!!
    AQUILO QUE ALGUNS (INCAUTOS) JÁ VINHAM CONSIDERANDO COMO EXEMPLO A SEGUIR, NÃO FOI PLANEADO, NEM TÃO POUCO GERIDO. O RESULTADO ESTÁ Á VISTA.

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  4. viva o Vasco da Gama, que teve a capacidade de centralizar tudo no mesmo sitio, e aniquilar a vida que o parque das nacoes nunca teve

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  5. O Presidente da nova Junta de Freguesia, tem alguma solução?
    O que têm para dizer os fregueses da nova Junta.
    Há por lá umas iminências pardas.
    Quem quer morar na Expo?
    Apresentem soluções.
    O que tem o Mega Ferreira a dizer?

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  6. A notícia acaba com uma suposta comunicação à ParqueExpo, mas andam a bater no ceguinho, porque a ParqueExpo já era.

    Agora é esperar que a nova Junta de Freguesia do Parque das Nações tome posse e comece a tentar encontrar soluções.

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  7. Fizeram de um lugar com algum potencial em termos de localização um aglomerado de diversão de género bimbo, com música comercialóide de qualidade duvidosa que atraía não só chungaria vária como também pessoal suburbano e campónio. Os restaurantes eram caros como se fossem "premium", quando há muito melhores locais e ofertas. O parque das nações à noite é fantasma, os restaurantes flutuantes caríssimos que lá existiam fecharam muito rapidamente, a marina começou torta e dificilmente se endireita. Quem lá mora, mora num dormitório de luxo e não frequenta o espaço circundante. Quem quer ir jantar, vai para o maralhal do centro Vasco da Gama, completamente intransitável. Gostava que a zona fosse mais agradável, mas é o que existe e está muito mal aproveitado, também por culpa dos hábitos e sim, da falta de promoção e estratégia.

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