01/03/2015

Este é o aspecto do jardim de Santos e zonas próximas um mês depois da entrada em vigor dos novos horários

Nesta "maravilhosa" caixa que cobre os esgotos da Simtejo, dezenas de jovens alcoolizados aproveitam para transformar este recanto do inenarrável jardim de Santos numa imensa e imunda casa de banho. O cheiro a urina é nauseabundo e invade todo o espaço. Passando a rua, dez metros ao lado, mora gente.

Urina, vómito, litros e litros de cerveja, vinho, caipirinhas, vodka são, noite após noite, lançados no solo do jardim.  Como uma mancha de gordura que nunca passa.

Este é o estado de putrefacção e nojo das mesas colocadas no jardim, São usadas para que nelas os grupos se sentem, as conspurquem, e aí deixem o elevado sinal cívico da sua passagem. 

Mais do mesmo, mês após mês, entrem em vigor despachos ou outras quaisquer  medidas. enquanto a responsabilidade social dos bares que acham que a mesma acaba um metro para lá das suas portas, não for exigida, nada mudará na noite de Lisboa. O espaço torna o abuso, o desvario e a mais abjecta falta de consciência comunitária, uma terra de ninguém. Metros ao lado, mora gente.

O direito dos grupos a tudo poderem fazer é superior ao interesse maior da cidade e de quem nela vive. Advogam os defensores deste tipo de noite selvagem, que a cidade não pode ser uma cidade cinzenta e que vai para a cama cedo. Não, não pode, mas também  não pode ser uma cidade vítima da mais absoluta falta de respeito, onde tudo se faz porque se sabe que não há nada nem ninguém que coloque limites aos excessos que a desfiguram. Limites, palavra obscena retirada de uma época histórica de Portugal que ninguém quer lembrar e que, provavelmente, nenhum dos frequentadores da noite de Santos sabe o que é.

Nada resta, nenhuma planta, nenhum banco, nenhum canteiro,. Nenhum sinal de capacidade de respeitar a cidade. Os carros estacionam aqui. Numa qualquer noite de um qualquer mês. Metros ao lado, mora gente.


Rua do Cais do Tojo, os bares atiram as caixas de papel das bebidas para todo o lado. Outros que apanhem, há sempre outros para o fazer, como há sempre outros que não dormem, que não conseguem perceber como é que a cidade convive com esta selvajaria absoluta.

Aqui Mora Gente. Mas isso não importa. O desleixo dos grupos não tem piedade das entradas, das paredes dos prédios, das viaturas, da propriedade dos outros. Na frente de quarteirão que dá para o jardim de Santos, as paredes dos prédios são usadas à descarada como urinol público. Aí mora gente, moram famílias com filhos menores que entram nas suas casas e vêm que nada impede os meninos da noite de usarem as paredes das seus prédios como casa de banho. Pudor? O que é isso, é também uma palavra do antigamente. A libertinagem é muito mais solta.

Proibido beber depois da 1h fora de portas? Onde? Só na letra do despacho que entrou em vigor há um mês. Rua do Merca Tudo

Contra esta parede mais um urinol. O que se vê na fotografia é uma poça de urina fétida e nauseabunda. Lisboa a bombar é uma cidade porca, aviltada e onde a lei é só para alguns. Para os moradores, como é evidente. 

Porta à frente de um bar no beco do Merca Tudo. Maravilhoso e embevecedor dano colateral da noite.  Um andar acima, Mora Gente.


De dia sem carros, à noite forma-se uma fila de carros estacionados. Avenida D.Carlos I. Na rua S. João da Mata no sentido descendente há carros estacionados ao longo de toda a via. De duas faixas, resta uma. Estreita que dificulta a circulação de quem que chegar a casa. 

São muitas e criativas as formas de trazer uma bebidinha de casa que a vida está cara. Milhares de frequentadores da noite optam por este botéllon ambulante. São enternecedores os laços que vão criando, passando garrafões e litrosas de boca em boca. Deste edifcante legado ninguém quer fazer-se custódio. Há sempre uma rua, uma caldeira de árvore, um jardim uma casa onde deixar os despojos da conquista libertadora de maltratar a cidade  e quem nela vive. Há muitos que optam por uma noite que seja compatível com a cidade. Infelizmente, muitos outros, demasiados, acham que o conceito de civismo é uma noção absolutamente estranha às suas vidas.

Faz agora um mês que o despacho que pretende restringir o horário dos estabelecimentos nocturnos entrou em vigor. A noite, infelizmente, continua com todos os seus excessos. O despacho é uma manta de retalhos de excepções e de horários diferentes. As multidões continuam a encher o centro histórico sem que haja o mínimo de volta atrás em todos os comportamentos antissociais dos grupos. O que aqui se relata é a mais objectiva das realidades. Aqui há gente que desejaria uma cidade mais limpa e onde fosse possível descansar. Aqui Mora Gente, mesmo de noite.

16 comentários:

  1. Um dia destes, passaram na TV as queixas dos proprietários de estabelecimentos que se acham prejudicadíssimos por essas restrições - estabelecimentos que, como se sabe, passam as devidas facturas a todos os clientes - e tiveram inclusivamente a distinta latosa que afirmar que a Constituição da Repúblia autoriza o cidadão a beber um copo na rua durante a noite - o que, como todos sabem e o estado do Jardim de Santos bem documenta, é feito com todo o civismo e o devido respeito por quem mora por perto...

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  2. Era muito simples resolver este problema de vez.
    Com polícia nestes locais e à porta dos bares, com cacetes em riste para dar no trombil destas gentalhas porcas, rapidamente estes locais seriam mais limpos do que um prato acabado de tirar da máquina de lavar-louça.

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  3. A Polícia Municipal anda mais entretida com veículos mal estacionados.....

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  4. Se cada animal que faz destas coisas na via pública, levasse umas boas arrochadas, queria ver se voltavam a fazer o mesmo.
    E se fizessem "comiam" mais!
    Chega de impunidade e de porcaria!

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  5. E todos ou quase todos os dias, além do pessoal da limpeza, anda nesse jardim pessoal de JARDINAGEM!!!

    Faz lembrar o caso grego de quarenta e tal jardineiros para uns meros arbustos...

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  6. "De dia sem carros, à noite forma-se uma fila de carros estacionados. Avenida D.Carlos I. Na rua S. João da Mata no sentido descendente há carros estacionados ao longo de toda a via. De duas faixas, resta uma. Estreita que dificulta a circulação de quem que chegar a casa."

    A Polícia Municipal anda entretidíssima, eheheh

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  7. Que relvado lindíssimo.
    Mais bonito que este só mesmo o do Adamastor.

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  8. o fascismo está de volta em todo o seu explendor
    venham as cargas policiais rebentar as fuças à populaça!!!
    se o seu filho sair de casa e mijar contra uma árvore, há portanto que lhe fechar a casa e impedir o pai de lá viver porque é o responsável, não é?
    porque existem selvagens que deitam lixo para o chão e urinam contra as paredes, fecham-se negócios, despedem-se empregados e impede-se que os outros bebam na rua - depois vão proibir mais o quê? que se comam sandes de presunto? que se chupem caramelos na via pública? este fascismo da proibição é ridículo e perigoso!
    para que servem as autoridades? não é para identificarem, deterem e multarem quem urina contra as paredes?
    ah! mas não podem! estão mais preocupados com as multas aos condutores, porque dão mais lucro...
    proibam tudo! mas tudo!
    antigamente até eram proibidas reuniões de mais de seis pessoas
    saudades do botas!
    LC

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  9. Tanto este jardim como o do Adamastor e o do Prince Real têm duas coisas em comum: Sofreram obras de requalificação e foram retiradas as protecções metálicas que envolviam os relvados!

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  10. A imbecilidade analfabruta é que está de volta em todo o seu ESPLENDOR.

    Ele há cada alimária...

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  11. A incúria mora exclusivamente junto da CML que não disponibiliza quaisquer instalações sanitárias na zona, nem se preocupa com a limpeza e manutenção das ruas e calçada.

    Usando outros pesos e medidas, a CML não se coíbe de reclamar as taxas e licenças aos bares na zona. E IVA das vendas, pois o estado é só um.

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  12. Se o LC morasse na zona em questão estaria caladinho ou a apoiar o que aqui bem se diz, mas como não é assim, apoia os vândalos, bêbados, porcos, grafitis, etc.

    Até porque sandes de presunto e caramelos são comparados a milhentos copos de plástico pelas ruas, barulho, droga a vender-se e urina por todo o lado.

    Miguel

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  13. A Polícia está lá não faz é nada em relação aos actos de anti-civismo. Quanto ao Jardim bastava pôr um gradeamento/muros a protegê-lo com portões que fechassem à noite como já foi proposto, e chumbado pela/ à Câmara. Pena que se tenha gasto totalmente em vão dinheiro público num Jardim que agora não passa de um monte de terra com árvores, quando não urinol público.

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  14. Adoro a moral desta malta que advoga o uso da repressão violenta e chama aos outros de animais.

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  15. Curiosamente há quem diga que o fascismo está de volta, e depois defenda a colocação de portões nos jardins, impedindo todos aqueles que lá querem ir à noite, sem os hábitos porcos e animalescos que muitos têm, de os frequentar.

    Não será isto fascismo?

    Ou apenas é fascismo quando se fala de punir seriamente aqueles que sujam tudo, vandalizam tudo, vomitam e mijam para os passeios os litros de cerveja, vodka e Whisky que andaram a beber nos bares e discotecas?!

    Já para não falar de todos aqueles que vão para a via pública drogarem-se, berrarem e gritarem impropérios e palavrões às tantas da manhã?!!

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  16. Quem não sabe estar em sociedade tem que ser ensinado a estar. Se mesmo assim não o quiser, existem vários métodos para o pôr na ordem, cadeia, apresentação de x em x tempo na PSP, etc, etc.

    Quem não gosta, ou é um deles, ou não tem à sua porta este tipo de situações. Eu por exemplo não tenho que limpar, copos, vomitados ou urina da minha porta, mas tenho que o fazer porque os srs. que fizeram estas porcarias não vieram depois limpar, nem quem os defende por aqui. Depois tenho que tirar copos e latas da ombreira das janelas. A seguir, e com frequência, pintar a fachada da casa.

    É giro isto praticamente todos os dias para quem o defende, mas não tem náuseas, nem gastos em detergentes e tinta como eu tenho.

    Passar bem!!!

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