06/07/2015

Em Lisboa as árvores não morrem de pé

Aspecto dos já, tristemente, célebres freixos da Guerra Junqueiro e da Praça de Londres. Intervenção baseada em que pareceres? Onde estão esses famigerados documentos que estiverma na base da mais insólita, ignorante, selvagem e oportunista manobra ariborícida de Lisboa? As perguntas lançadas pela cidadania, não tiveram até agora resposta.  E o iluminado presidente da Junta de Freguesia do Areeiro pretende arrasar com o resto.

É assim  que se pretende ajudar a recuperar o comércio local? E quem pagou esta insensatez? Onde antes havia sombra, há agora uma calçada calcinada pelo sol. Guerra Junqueiro.

Esta operação de alegada manutenção e fundamentada por irrefutáveis pareceres que defendiam a morte das árvores por razões de segurança???' foi feita em plena floração quando as árvores se encontram num estado vegetativo mais frágil com a mobilização de todos os seus recursos para que a floração possa ter êxito. É claro que nada disso importa para quem, provavelmente não distingue uma cidade verde de um aglomerado de ruas despidas de arvoredo. Mas muito seguras, claro.
A Junta de Freguesia dará, em seguida, o protector solar


Mais do mesmo na Praça de Londres. haverá quem aplauda esta selvajaria? "Trataram-se" dezenas de freixos como se todos estivessem doentes e prestes a morrer. Chegou-se a afirmar que estas árvores só duram 60 anos para legitimar este disparate. Nada mais longe da verdade. Em média duram 200 anos. 
Na placa central ajardinada, onde antes existia uma frondosa magnólia, arrancada, sem se saber porquê, foi plantada esta. Até dar sombra, passarão muitos anos.

Da análise visual do cepo que ficou, não se vislumbra traço de doença que obrigasse ao abate da árvore. esta teria, seguramente, mais de trinta anos. O que é isso para o o presidente da Junta do Areeiro que decerto pretende perenizar-se no seu posto.

Muda-se de freguesia e o enlevo dos senhores autarcas em irem ao encontro das preocupações de alguns fregueses atinge os contornos de uma ligação perigosa. Avenida Rio de Janeiro, afirma a Junta de S. João de Brito que as nogueiras-negras eram incómodas. Em determinadas épocas do ano tinham o triste hábito de lançar um "melaço" que sujava os carros dos senhores moradores. E por isso, para grandes e insolentes males, grandes remédios, a Junta arrasou todas as árvores que ensobravam a avenida. Levam agora os senhores fregueses com um sol de assar ananases. Entrar naquelas reluzentes viaturas, é equivalente a ter o cérebro cozido. Fica assim esta imagem de mais um notável acto de civismo ecológico. E depois dizem que os que defendem o contrário é que são fundamentalistas. Mesmo que o fossem , mais vale um verde do que um de betão e de comodismo.

Grande e magnífico exemplar de choupo-branco na Avenida Estados Unidos. Até quando?

Mais para o centro, houve outros actos de extrema oportunidade na defesa do arvoredo e do ensombramento de uma cidade que, salvo o erro, é uma das cidade que se ufana de ter mais horas de sol na Europa. Mas o que importa isso? para a Junta de Arroios era preciso criar condições de luminosidade na rua Pascoal de Melo. Neste troço foram abatidos pelo menos 8 grandes lodãos. é verdade que foram replantados, mas todos sabemos que demorarão mais de vinte anos até poderem dar sombra e embelezar a rua.

Do túnel verde que o copado dos lodãos proporcionava, já nada resta. Rua Pascoal de Melo.


Sabe-se que os últimos tempos não têm sido amigos do arvoredo de Lisboa. Um pouco por todo o lado, sucedem-se as podas e os abates basedados em métodos discutíveis, em reacções de pânico de alguns presidentes de juntas, de uma falta de sensibilidade tão grave quanto prejudicial para os espaços verdes de Lisboa.

As ameaças não estão longe do fim. As empreitadas já foram adjudicadas e as Juntas já se terão comprometido com as empresas. Torna-se urgente que a CML intervenha com uma moratória dessas intervenções. Algo que tem sido pedido pela recente Plataforma "Em Defesa das Árvores".

Outros sinais de preocupação crescente continuam a surgir, como a extraordinária ideia divulgada hoje pelo "Público" de se instalar no já muito delapidado parque de Monsanto, um Parque de Diversões. A coisa seria no Alto da Ajuda.

É preciso um pacto entre todas as partes da sociedade, políticos incluídos, em nome da cidade verde. Em Lisboa, como se vê, as árvores não morrem de pé.


5 comentários:

  1. O próprio presidente da CML, na última reunião pública, admite que alguns dos problemas relativamente a estes espaços são realmente graves e já tem algum tempo. E também responsabiliza antigos executivos da própria cml:

    3:24:00

    https://www.youtube.com/watch?v=-w6-6avI58M

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  2. Até verdade, mas teria sido preferível uma abordagem mais cirúrgica. Muitos dos probelmas fitossanitários, com este tipo d etratamento, sairão agravados.

    Com a alegada solução, alimentou-se o problema.

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  3. Que saudades que eu tinha do mítico "até quando?". Um verdadeiro canivete suíço da contestação: serve tanto para questionar a persistência do erro como a efemeridade do que ainda não está errado mas vai estar, na infinita sapiência dos arautos da desgraça.

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  4. 2.33 da manhã,

    talvez fosse bom ir dormir para não escrever o que por si só é uma verdadeira desgraça

    Poide não gostar do estilo, está no seu direito. desconfio que o seu recorrerá a imagens muito certeiras e cheias de um certo espírito crítico em relação aos velhos do Restelo que sairam dos baús dos avós. Nada contra, mas dar-se ao trabalho de reagir a um post que faz referência a uma situação tercerio-mundista e que foi promovida por JF e com o beneplácito da CML, é que já me escapa.

    O sr. anónimo vive em que galáxia para não ver o que se abateu sobre as árvores de Lisboa?

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  5. Que não lhe faltem os dedos da verdade. Que se chamem nomes a rosetas, fernandes ou outros parceiros sonantes desta praça. E de outras praças do país. Que se danem os modernos e os medrosos da Natureza.
    Obg por DIZER com fotografias.
    Bettips

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