16/02/2005

Duas exposições, duas "blagues" (2)



(fonte: O Céu sobre Lisboa)

Sexta-feira passada tive ocasião de visitar pormenorizadamente a exposição "Sentir Lisboa", que apresenta 125 iniciativas e projectos que pretendem justificar a laboriosa e criteriosa "missão" que é e tem sido governar Lisboa ao longo destes últimos anos.

A exposição é atraente, tem múltiplas fotos, rascunhos e esboços, coisas feitas por alguém que não outros, nomes sonantes e parangonas, e está dividida em 4 temas:

* "LISBOA VIVA - CIDADE DE BAIRROS, onde se podem ver as obras relativas à qualificação dos Bairros, criação de equipamentos e valorização do espaço público";
* "LISBOA ACTIVA - CIDADE DE EMPREENDEDORES, iniciativas relacionadas com o empreendedorismo e dinamismo empresarial";
* "LISBOA CRIATIVA - CIDADE DE CULTURAS, cosmopolitismo e multiculturalidade" e
* "LISBOA INOVADORA - CIDADE DE MODERNIDADE, modernização e eficiência administrativa".

Tudo espremido, o que fica da exposição são três coisas:

1. O mapa aéreo da cidade à escala de 1:1250
2. A mensagem subliminar de que Lisboa será o paraíso em 2011, já que por essa altura a retoma da habitação será uma realidade, o trânsito será fluído, o estacionamento, disciplinado; o ambiente, salutar; etc., etc.. (In)felizmente, em 2011 hão-de prometer-nos 2021 e assim sucessivamente.
3. O "pormenor" delicioso da exposição reside nos "planos de pormenor" que nos assaltam no piso térreo, do lado direito, que poderão ser novas frentes de combate a muito curto prazo, para quem gosta da Lisboa que ainda existe e que está farto de enfiar barretes.

De entre os quatro "pormenores", há dois de impacto imediato: refiro-me ao plano de pormenor para o palacete mourisco onde funcionava a reitoria da Universidade Nova, no Príncipe Real, que o "pormenor" quer transformá-lo em hotel de charme (mais um), arrasando com o seu esplendoroso jardim. E estou a referir-me ao "pormenor" do nivelamento das cérceas da Praça Duque de Saldanha, que levará à demolição da maior parte dos edifícios bonitos que ali resistem.

PF

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