In Público (24/11/2006)
Estudo preparatório traça quatro eixos prioritários para os equipamentos culturais
José António Cerejo
"O estabelecimento de parcerias público-privadas é um instrumento fundamental para uma gestão dinâmica da acção cultural" da Câmara de Lisboa, afirma-se num estudo sobre o futuro dos equipamentos culturais da cidade, elaborado no quadro da revisão do Plano Director Municipal, actualmente em curso.
A síntese desse estudo, disponível no site lançado anteontem sobre os trabalhos de revisão do plano (http://pdm.cm-lisboa.pt), aponta para a articulação entre instituições estatais e privadas e para a internacionalização como "imperativos estratégicos" da política cultural do município. Partindo da ideia de que Lisboa é uma "cidade de bairros e culturas", as propostas da câmara em matéria de planeamento para a área da cultura passam pela definição de quatro eixos prioritários em torno da Baixa, avenidas da Liberdade e da República e Campo Grande (eixo central); da Baixa, Santos-o-Novo, Marvila e Parque das Nações (eixo oriental); da Baixa/Belém (eixo ocidental) e do arco Algés/Alta do Lumiar (eixo periférico). A aposta nestes eixos, sublinham os autores do documento, não exclui o desenvolvimento de projectos em bairros históricos onde já existem bibliotecas, museus, teatros e outros equipamentos que "é necessário valorizar e continuar a gerir".
O texto propõe intervenções e projectos como o da "apropriação de espaço na ala poente da Praça do Comércio para aí instalar o futuro núcleo pombalino do Museu da Cidade". Acerca deste museu, situado no Campo Grande, defende-se também a sua recuperação e requalificação, com vista a transformá-lo num "pólo cultural multidimensional", que funcione em ligação com o vizinho Museu Rafael Bordalo Pinheiro. Para essa zona prevê-se igualmente uma intervenção no Palácio Galveias, que articule as suas valências com a Praça de Touros do Campo Pequeno e a Culturgest.
No caso do cinema São Jorge, a ideia passa pela sua transformação num espaço destinado a grandes eventos musicais e de cinema, funcionando em parceria com a Cinemateca e em complementaridade com o Parque Mayer. Para o Pavilhão Carlos Lopes (Pavilhão dos Desportos) prevê-se a criação de um "grande auditório para a cidade", enquanto que em Entrecampos deverá surgir a Arte Fórum, uma galeria de exposições temporárias e espaço mutiusos a erguer no complexo residencial em construção na Av. das Forças Armadas.
Quanto ao eixo oriental, os objectivos enunciados passam pela construção da Biblioteca e Arquivo Municipal Central no Vale de Santo António e pela atribuição de funções culturais não especificadas ao Pavilhão de Portugal, visto como "uma proclamação da excelência da criatividade nacional". Na frente ocidental, as propostas apresentadas incluem um espaço de arqueologia a criar no antigo Depósito Municipal da Av. da Índia e o aprofundamento de parcerias estratégicas com os museus de Arte Antiga, da Marinha, da electricidade e da Fundação Oriente e ainda com a Associação Industrial Portuguesa (na antiga FIL) e o Centro Cultural de Belém.
As prioridades apontadas para o eixo periférico passam pelo Parque de Monsanto (anfiteatro Keil do Amaral), pelo alargamento das festas da cidade a Belém e à Ajuda. No caso de Benfica propõe-se um centro cívico e o alargamento da rede de bibliotecas municipais a essa zona, enquanto para o Alto do Lumiar se defende um conjunto de actividades culturais num futuro centro cívico.
O fim das grandes superfícies?
Uma das recomendações estratégicas do estudo sobre o futuro do comércio de Lisboa, elaborado no âmbito da revisão do PDM, consiste na "interdição das grandes superfícies generalistas". O trabalho, coordenado por Margarida Pereira, da Universidade Nova de Lisboa, e do qual apenas se conhecem as recomendações e orientações estratégicas, defende também a interdição da "instalação desordenada e dispersa de galerias e espaços comerciais". A "valorização da rua e do comércio de proximidade dos mercados municipais e dos centros locais" é outra das recomendações, tal como a "consolidação da hierarquia das polaridades comerciais existentes". O estudo sugere igualmente a "promoção da frente ribeirinha como espaço lúdico e de comércio e restauração, em articulação com o lazer e a cultura". Outra proposta prende-se com a concentração de comércio e restauração em "locais de maior tradição e/ou acessibilidade". J.A.C."
É tudo muito bonito, mas clickando na instrução que supostamente daria acesso ao "Sistema de Vistas", a coisa é inerte e não existe. Boa!
Paulo Ferrero
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