In Público (21/12/2006)
Diana Ralha
"A Câmara de Lisboa salvou ontem um ser vivo do progresso. Uma árvore. Mais concretamente, uma bizarra tamareira (Phoenix dactylifera), com seis gigantes caules, que, nos seus mais de cem anos de vida, não teve outra hipótese senão adaptar-se à evolução dos tempos. Esta tamareira sobreviveu às quintas senhoriais e palacetes seus primeiros vizinhos, que foram demolidos para, no seu lugar, serem construídos um emaranhado de milhares de edificações de qualidade urbanística questionável. Outrora, ao seu redor, toda a paisagem estava pintalgada de verde, e a gigante e secular tamareira também não teve outro remédio senão habituar-se ao negro do alcatrão, ao barulho das buzinas e às emissões de monóxido de carbono dos escapes dos veículos da Calçada de Carriche e da Alameda das Linhas de Torres. Agora, depois deste tempo todo, o viaduto do Eixo Norte-Sul ameaçou-lhe seriamente a sobrevivência. O problema é que três dos seus seis gigantescos caules são mais altos que o viaduto que promete ser uma alternativa ao tráfego da Calçada de Carriche proveniente da A8, e cuja construção está parada a escassos metros dos seus ramos com mais de 20 metros de altura. Mas não foi essa a opção da autarquia: com 13 mil euros, uma retroescavadora e uma grua que levantou as cerca de 50 toneladas que pesa a secular tamareira, deslocou-se 20 metros para a direita, para deixar passar o progresso. O vereador dos Espaços Verdes, António Proa, prometeu ontem propor a sua classificação à Direcção-Geral das Florestas, salientando o seu enorme valor patrimonial, por ser um exemplar único na cidade. Uma árvore a visitar e a respeitar muitíssimo, mesmo com o estaleiro do novo viaduto a poucas dezenas de metros de distância. Diana Ralha "
E salvou mesmo!
PF
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