In Jornal de Notícias (14/12/2006)
Gina Pereira
"As iluminações de Natal na Avenida da Liberdade, em Lisboa, vão ser, este ano, custeadas por uma marca automóvel, numa iniciativa inovadora que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) gostaria de ver alargada a outras ruas e avenidas da cidade. A iniciativa - que ficou no segredo dos deuses até ontem à tarde, quando a decoração foi iluminada - partiu da JCDecaux (empresa que opera na publicidade exterior em Lisboa) e foi bem acolhida pela União das Associações de Comerciantes de Lisboa (UACS) e pela Câmara.
Anita Ferreira, directora-geral da JCDecaux e mentora do projecto, explicou ao JN que "não está feito o cálculo" de quanto é que esta iniciativa irá custar à empresa patrocinadora, mas garantiu que será certamente superior aos cerca de 120 mil euros que custou iluminar a Avenida no ano passado.
De acordo com esta responsável, o acordo celebrado com a UACS - a quem compete tratar das iluminações de Natal em Lisboa - prevê que a marca assuma todos os custos com a produção das decorações e iluminação, em tons de prata e azul. Em troco disso, foi autorizada a colocar várias bolas gigantes com o logótipo junto à Praça do Marquês de Pombal, vasos iluminados em todas as árvores da artéria central, decorações em seis abrigos de autocarro e quatro mupis de "Feliz 2007".
Anita Martins explica que o objectivo "não foi chocar a população". "Quisemos fazer uma coisa bonita, agradável, que valorize a cidade", disse, considerando que "a publicidade é completamente 'soft' e o objectivo subliminar". Ricardo Tomaz, director de marketing da empresa que agarrou na ideia, admite que esta é "claramente uma mensagem de marca" e "uma nova forma de comunicar com as pessoas", mas recusou-se a dizer quanto pensam gastar com a iniciativa.
Fontão de Carvalho, vice-presidente da CML e responsável pelo pelouro das Finanças, mostrou-se satisfeito com a ideia, porque "vai diminuir os encargos da câmara com as iluminações de Natal". O vice-presidente não vê qualquer problema em que haja marcas a patrocinar as iluminações, desde que sejam projectos que respeitem as condicionantes de espaço público.
Questionado pelo JN sobre se a marca irá pagar taxas de ocupação da via pública, Fontão disse que isso será visto no acerto final de contas, mas considerou que não fará sentido cobrar taxas a quem vai pagar a iluminação de uma artéria. Este ano, as iluminações de Natal em Lisboa custam um milhão de euros."
Eu também não vejo problema algum em marcas de automóvel patrocinarem as iluminações de Natal, desde que isso não faça virem mais carros para a cidade, claro.
Mas acho graça à situação, senão veja-se: já se tinha um banco a patrocinar uma árvore gigantona de Natal que faz as delícias de demasiados, e outro as luzes horrendas no Rossio (cujo patrocinador tem o desplante de projectar na fachada do Teratro Dona Maria II o seu nome a luz vermelho). Agora, a Avenida parece um stand de automóveis (como se prova com o post seguinte). É natural, pois o Natal já não é o que era.
PF
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