In Público (18/1/2007)
"O Largo Hintze Ribeiro, à rua de São Bento e ao Rato, é um bem precioso. Para muitos, é apenas um selvático parque de estacionamento, numa zona da capital onde escasseiam lugares para deixar os veículos, e onde abundam condomínios habitacionais de luxo. O largo, porém, não é valioso por causa destes empreendimentos imobiliários de muitas centenas de milhares de euros, mas sim porque possui quatro árvores de interesse público, assim classificadas pela Direcção-Geral de Recursos Florestais (DGRF). E isto até nem seria muito relevante, se existissem centenas de árvores classificadas na capital. Mas essa não é essa a realidade. De acordo com os dados da DGRF, dos milhares de exemplares arbóreos existentes em Lisboa, apenas 87 estão protegidos. É o caso de três portentosas Ficus elastica e uma altíssima palmeira existentes no Largo Hintze Ribeiro, que se distinguiram pela sua beleza, raridade ou importância histórica. No seu tronco, em jeito de exibicionismo, está uma placa que informa o mais distraído transeunte que está perante um património de interesse público. Ninguém diria. Aos seus pés, existe entulho vário, lixo, inúmeras garrafas de cerveja, e até um gato morto, em putrefacção, já sem cabeça. Há carros por cima das suas raízes, e, para lembrança de uma requalificação do largo que ficou incompleta por falta de verbas há cerca de três anos, lá está uma barraca de zinco, mesmo por debaixo das copas frondosas das Ficus. A Câmara de Lisboa, questionada sobre esta situação, garantiu que irá proceder o mais rapidamente possível à correcção da mesma. Se não for assim, de nada vale classificar as árvres da cidade. Diana Ralha"
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